Crítica - Superman (2025)
A DC respira e está mais viva do que nunca!
Ah, meu amigo, o dia finalmente chegou, o dia que venho hypando desde janeiro de 2023, que é o início do novo DCU (DC Cinematic Universe), pelos comandos do Cabeça Branca, nosso querido James Gunn. O velho DCEU, sob (falta de) comando de vários profissionais, diretores, produtores, etc., não deu nem um pouco certo como sabemos, apesar de ter tido fãs, foi uma imensa bagunça, uma confusão, as adaptações da maioria dos personagens foram ruins, um ou outro se salvaram, e quem se salvou ficou, quem não se salvou foi cortado fora, agora que Gunn comanda o reboot do Universo DC nos cinemas. E para começar, ele vem com o Superman, assim como começou a era dos heróis na televisão em 1951, assim como começou a era dos heróis no cinema em 1978, assim como começou a segunda era dos heróis na TV em 2001, e assim como começou o antigo DCEU em 2013. O Superman é o personagem que representa o que é a DC, pois ele é aquele herói que traz alegria, traz esperança, que é celebrado pelas pessoas, que poderia ter sido um vilão, mas que escolheu ser uma boa pessoa e ajudar a humanidade. Visões conturbadas sobre o personagem (Snyderverso, Injustice), assim como paródias suas (Homelander, Brightburn e Omni-Man) acabaram fazendo com que ele caísse em popularidade na última década, já que a Marvel veio escalando de fininho e levou ao topo personagens da série B de popularidade, como Homem de Ferro, Thor, Pantera Negra e outros. Mas, não tem como, o maior herói de todos nunca fica para trás, porque se algum desses da Marvel sofresse o que o Superman sofreu nos últimos quinze anos, jamais teriam a mesma popularidade de novo.
As pessoas se acostumaram com um Superman que é mais usado para cenas de ação e farm de aura do que o herói que ele sempre foi, o cara que surgia nos céus e as pessoas o olhavam com admiração, com felicidade, não com devoção. Superman não é Jesus, ele não é um salvador divino, ele é um garoto gente fina, criado por pais fazendeiros, que é educado, tem um coração puro, ajuda os outros sem nem ver quem são, que acredita no lado bom das pessoas, que não mata, que permanece bom nesse mundo. Que é colorido, engraçado, carismático, tem senso de humor, de responsabilidade, inspira as crianças, salva gatinho de árvore, que é útil, que ajuda. Que é um ótimo jornalista, um ótimo filho, marido e pai. É muito fácil eu chegar aqui e culpar o Zack Snyder pela visão religiosa e militarista dele do Superman, quando a DC já estava fazendo isso nos quadrinhos na mesma época nos Novos 52, aí vem Injustice (que ok, é um Elseworld, universo paralelo, mas as pessoas levaram muito a sério), então foi uma soma de diversos motivos que criou essa era obscura do personagem, que foi tão grande ao ponto da DC, lá em 2016, decidir matar o Superman dos quadrinhos atuais da época, para trazer o Superman antigo dos quadrinhos de 1986-2010, eles mesmos sabiam que estavam errados, mas a visão errada continuou por mais tempo, só sendo resgatada mais quando vem a série "Superman & Lois" em 2021, e agora com James Gunn dando um basta e trazendo o verdadeiro Superman de volta agora em 2025.
Se você acompanha a página e os textos já percebeu que a estrutura deste está bastante diferente do que eu geralmente faço, porque normalmente eu introduzo, faço a sinopse e parto para o filme, mas este aqui é muito diferente, pois se você está buscando opiniões imparciais, aqui não é o lugar, nem em qualquer crítica, mas quando se trata de Superman ou Batman, é menos ainda. Pois, lado a lado com o Batman, o Superman é meu personagem fictício favorito de qualquer mídia, assim como eu falei o porquê lá na minha crítica de "Batman" (2022), acredito que praticamente tudo se aplica ao Superman também. Para mim, o Superman é o personagem mais interessante da DC, tem os poderes mais legais, as fraquezas mais instigantes, um elenco de coadjuvantes muito marcantes, personagens que são tão legais quanto os próprios heróis da editora (Lois Lane, Jimmy Olsen, etc.), duas séries sobre o personagem estão entre as favoritas da minha vida: "Superman & Lois" e "Smallville", e eu tenho colecionáveis, poster, o wallpaper do meu celular e do meu PC são imagens do herói. Além, é claro, de que "Superman: O Filme" (1978) é um meus filmes de heróis preferidos. Mas, mais do que isso, o Superman é uma inspiração para mim, ele me motiva a ser uma pessoa melhor, eu falo de coração mesmo, muita coisa importante na vida que me ajudou foi por influência do personagem, foi se inspirando pelas coisas que ele fez, ele é de fato um herói para mim, por mais que seja um desenho num papel, é algo quase impossível explicar o que esses heróis significam para mim, não só o Superman, como o Batman também, e outros heróis da DC, o Flash, a Mulher Maravilha e etc., eu tenho uma identificação com muitos deles. E é justamente esse sentimento que existe no universo DC, que não importam os problemas, que não importa a situação, no final tudo vai ficar bem, que me ajudou em muitos momentos difíceis na minha vida, e por isso até hoje eu sinto que devo algo a estes personagens por terem me mantido bem por tanto tempo.
É essa sensação de magia que nós, fãs da DC, queríamos sentir de novo, a magia, um sentimento de que o impossível é possível, de que um homem pode voar. E é por isso que não dá para ser imparcial, esse filme parece que é meu "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças", parece que entraram na minha cabeça e fizeram um filme baseado nos meus pensamentos. Não é 100% exatamente o que eu queria, claro, mas é a mesma vibe, a mesma estética, o mesmo sentimento de crer no impossível, e para mim, o impossível era simplesmente eu não amar este filme. Você une James Gunn, um diretor que eu sou fã, especialmente como um storyteller que ele é, pegando personagens classe E e F da Marvel, como "Guardiões da Galáxia", e simplesmente fazendo uma das minhas trilogias favoritas do cinema, de me instigar a amar personagens que ninguém sabia da existência doze anos atrás, e depois migrando para a DC e fazendo simplesmente o melhor filme do fracassado DCEU, "O Esquadrão Suicida" (2021) e depois uma série maravilhosa que é "Pacificador" (2022-). Se com esses personagens, que com todo respeito, dane-se, ele já fazia milagres, coisas incríveis, imagina com o maior herói do mundo o que ele faria, e não tinha outra, eu já adoro todos os trabalhos dele com quadrinhos (que eu vi), agora esse mexendo com um dos meus favoritos, nossa, não tem como cara, esse filme eu sinto que foi feito para mim, eu queria morar dentro dele, é uma história que não é perfeita, mas que é feita para todo mundo, que abraça todo mundo.
Acompanhamos Kal-El, para alguns conhecido como Clark Kent, mas para o mundo conhecido como Superman (David Corenswet), enviado do planeta Krypton para a Terra como o último sobrevivente de sua espécie, e há três anos vem ajudando o povo do planeta utilizando o manto do herói e o símbolo da sua casa. Quando ele impede uma guerra entre os países da Boravia e Jahanpur, o Superman começa a ser questionado pela opinião pública, muito por manipulação de Lex Luthor (Nicholas Hoult), que usa de seu poder e influência para acabar com o herói enquanto tenta lucrar com a guerra, vendendo armas para um dos países. Enquanto tudo isso acontece, o herói ainda tem que lidar com seu relacionamento com a colega Lois Lane (Rachel Brosnahan), que está passando por maus bocados; com o cachorro Krypto, que vem causando altas confusões; e com a Gangue da Justiça, uma equipe financiada pela empresa LordTech, formada pelo Lanterna Verde Guy Gardner (Nathan Fillion), a Mulher-Gavião (Isabela Merced) e pelo Sr. Incrível (Ed Gathegi). História bem simples, tudo muito fácil de entender, mas o maior acerto do James Gunn não é o que ele conta, é como ele conta. Não é só o que ele escreve, é como ele escreve. Existe uma sintonia muito grande aqui entre a direção, o elenco e a história, que segue uma base simples, numa estrutura diferenciada, que transforma esse filme em algo diferente do que a gente viu no gênero nos cinemas, mas que é perfeito para contar uma história do personagem.
A estrutura narrativa é bem diferente do que estamos acostumados, basicamente não há uma estrutura clara de três atos. Lógico, dá para você fazer uma pequena divisão do que seria um primeiro, segundo e terceiro ato, mas a história não se desenvolve através disso. Aquilo que eu disse na sinopse sobre o Superman impedir uma guerra é só uma parte da trama, ele vai enfrentando outros problemas ao longo do filme, e existem outros personagens que vão tendo suas tramas próprias também. É uma estrutura que é quase como se fossem dias, não atos, então: "dia um: o Superman enfrenta isso, acontece isso, ele sofre com isso, etc"; dia dois: "o Clark Kent faz isso e isso, vai para o trabalho, e depois faz isso e isso". Entendeu? É quase uma semana acompanhando o Superman, quase um reality show, e eu acho isso diferenciado para o cinema, mas quem manja, sabe que é exatamente assim que surgem as melhores histórias do herói, como "Grandes Astros Superman", "As Quatro Estações", ou a recente "Os Últimos Dias de Lex Luthor". James Gunn trazer isso para a tela não mostra apenas que ele está focado em um personagem, mostra que ele sabe o que ele está fazendo, conhece quem ele está adaptando, ele está demonstrando um domínio daquilo que ele está trazendo para o cinema, fazendo um filme como um fã para os demais fãs, para os verdadeiros fãs.
James Gunn tem uma estética muito marcante nos seus filmes de herói, cada um tem algo mais único para chamar de seu, "Guardiões da Galáxia", os três, tem uma estética muito uniforme no seu universo, que torna-se algo próprio dentro do MCU. Depois a mesma coisa com "O Esquadrão Suicida" (2021), que tem algo muito único ali, próprio daquele filme. Com o Superman é a mesma coisa, e é a melhor coisa que poderiam ter feito, pois este é o Superman na sua mais pura essência! Irmão, esse filme, como eu disse antes, entraram dentro da minha cabeça e materializaram ele, só que de uma forma muito mais louca e quadrinesca que eu jamais esperaria ver num filme desse. Parece que o James Gunn pegou um quadrinho e colocou na máquina do Franjinha do CineGibi e virou um filme. Cara, não poderia ser melhor, porque isso era o que faltava e muito nos filmes de herói nos últimos anos: personalidade. "Batman", "O Esquadrão Suicida", "Guardiões da Galáxia Vol. 3", esses tem personalidade (curiosamente, 3/4 do James Gunn), esses são diferenciados, tem estilo, tem vibe, mas o principal: tem cuidado, tem carinho, tem amor. Aqui temos um filme muito doce, muito mesmo, daqueles que aquece o coração a cada segundo que ele vai passando, a mensagem dele no final é muito bonita e extremamente condizente com o Superman, o que ele é, quem ele deveria ser e o que ele representa. Eu olhava ao lado na minha sala pouco antes do filme terminar, e dava para contar nos dedos quantos não estavam com os olhos lacrimejando.
O que diferencia esse filme dos demais é que ele tem amor, ele tem paixão pelo o que é contado, pelos personagens retratados, e isso para mim vale mais do que qualquer coisa. Irmão, eu vou ser honesto, eu achei a história desse filme um pouco abaixo, até porque como eu disse, não é exatamente uma história, é uma semana que acompanhamos o Superman, mas mesmo assim tem umas narrativas ali no meio que não combinam tanto, o pessoal do Planeta Diário mesmo é deixado um pouco de lado, e tem toda uma trama do Jimmy Olsen que não é ruim, achei muito legal finalmente o Jimmy ter tido realmente alguma função na história, mas acaba que as soluções dela facilitam coisas na trama que não eram para ser tão fáceis. Esse eu acho que é meu único problema com o filme como um todo. Só que, irmão, tipo, DANE-SE, eu sou fã de "Mad Max: Estrada da Fúria", se a história é simples eu não me importo, a forma que ela é executada é o importante, e aqui, o James Gunn pega essa simplicidade, traz todas as vertentes principais do Superman, e cria um filme que consegue ser bom de qualquer forma, que vai agradar a todos. Se você quer ver algo mais fantasioso, puxado para a ficção cientifica, você vai gostar, existem conceitos aqui que são de brilhar os olhos. Se você quer um filme de ação ótimo, então, aqui é um prato cheio, tem muito mais ação que "O Homem de Aço" (2013), inclusive (chupa Zack Snyder). O romance é muito bom, os personagens são muito bons, o drama então, sem palavras, o nível de diálogos daqui nenhum outro filme de herói tem, a obra pode até não ter a melhor história do mundo, mas as falas, as formas como os atores as entregam, até as que são cafonas em sua essência, são excelentes.
Esse filme me lembra muito o "Homem-Aranha" do Sam Raimi, inclusive. Que, coincidentemente, foi inspirado no "Superman" do Richard Donner, então é um ciclo que se repete. Por quê a lembrança, você me pergunta? Porque aqui tem o mesmo coração, tem o mesmo sentimento de estar entregando algo que não é só bom tecnicamente, é estar entregando uma história que vai impactar as pessoas, vai fazer você se identificar e gostar do personagem de novo. Cara, é impossível você sair daqui sem gostar do Superman, você sendo ou não fã do personagem, porque ele é tão bem trabalhado e tão bem construído, que você vai se identificando com ele em várias formas. As cenas dele interagindo com os pais dele, especialmente, elas passam a mesma energia do Peter Parker pedindo conselhos para a Tia May na trilogia do Tobey Maguire. E, cara, eu fico feliz que esse filme irá criar uma nova geração de fãs do herói, eu tenho certeza disso, muitos vão finalmente conhecer o herói que eu aprendi a amar e que me inspira desde criança, da forma que ele merece ser tratado, de uma forma moderna, onde ele tem personalidade, tem opinião, tem seu universo tão bem explorado e expandido, e que só deixa margem para mais no futuro, cara, que felicidade. Acabou Zack Snyder, Henry Cavill, acabou a depressão e as coisas para baixo no Superman hoje em dia, James Gunn veio para revolucionar isso.
E a mensagem acaba por ser justamente essa, que muitas pessoas achavam o Superman cafona por ser bonzinho demais, mas vem James Gunn para desmistificar esse conceito de que o bom é brega, ser bom é o mínimo, ser humano é o mínimo. Existem questionamentos morais muito interessantes no filme, mas o principal deles é: o que define ser humano? O Superman é um alienígena, mas quem é mais humano: ele, que salva as pessoas a troco de nada, ou Lex Luthor, que lucra com guerras onde ele sabe o quanto de sangue inocente será derramado e não se importa com isso? A humanidade não é só algo que ele protege e defende, é algo que está intrínseco nele, ele foi criado por pais bondosos e amorosos no interior, se apaixonou pela humana mais bad-ass do planeta, mas o principal de tudo, ele acredita nas pessoas, ele crê que existe o bem em qualquer um, ele não é inocente, passa longe de ser um trouxa como alguns burros acreditam, ele é um cara bom, que acredita na bondade e que ela deve ser preservada acima de tudo, que existe o bem em todos nós. A humanidade que ele acredita torna ele quem ele é, e tem um pequeno monólogo que ele extravasa sobre isso no final, que ele falou tudo que era para ser falado, e esse diálogo eu confesso que caiu uma pequena lágrima. Mas, a maior emoção que eu senti, foi a felicidade, do meu rosto chegar a ficar dolorido de tanto sorrir durante as duas horas de exibição, acho que eu nunca estive tão feliz em toda a minha vida quanto eu estive vendo o filme.
A estética desse filme é tão única que traz um sentimento de nostalgia, ao mesmo tempo um de novidade, pois soa como uma página da Era de Prata ganhando vida. A construção dos cenários é excelente, o Planeta Diário, a Fazenda Kent, LuthorCorp, locais icônicos que são colocados em tela com um estilo antigo, mas moderno ao mesmo tempo, especialmente o Planeta Diário que é um deleite, o mais bonito de longe dos cinemas, e bate de frente com o de "Smallville". A Fortaleza da Solidão também é muito massa, o conceito dela, a construção interior e exterior, como o Superman a utiliza desde a primeira cena, que faz um bom paralelo com um Universo de Bolso criado pelo Lex Luthor e como o vilão o utiliza (esse conceito também é ótimo, a coisa mais quadrinesca do filme). Mas teve um cenário nesse filme, que eu não esperava e eu não vou falar, mas quando aparece, meu mano, arrepiou até pelo encravado, eu me emocionei real que aquilo estava na minha frente em live action. Os efeitos são praticamente perfeitos, só tem um que eu achei abaixo, que foi um bebê verde bem louco que aparece no meio do filme, mas todo o resto é espetacular, até porque outro paradigma que Gunn quebra é o do realismo, ele abraça muito a estética de quadrinhos e animação por aqui, os designs não tem medo de serem hiperbólicos, detalhados, diversos, grandiosos, esse universo do Lex Luthor que eu falei, o kaiju, os meta-humanos, a fantasia é abraçada de um jeito tão gostoso, que traz uma vibe tão boa, que quem reclamar tá procurando pelo em ovo (mas aquele bebê verde é muito feio, tenho que ver de novo para olhar se é de propósito ou não).
Os figurinos do filme são ótimos, eu aprendi a gostar desse uniforme do Superman, não curti de cara, mas aqui em tela ele prova o seu valor. Os figurinos da Lois são a cara da personagem, do Lex também, eu só não sou muito fã do uniforme do Guy Gardner e o da Mulher Gavião, parece que eles vão andar de moto e não salvar o mundo. A maquiagem desse filme é um absurdo, especialmente a do Metamorfo, que ganha muita credibilidade por ser prática e cria um visual muito legal, mostrando que se o resto do universo seguir essa tendência, teremos algo muito interessante pela frente. Tem outras pontuais que são muito boas, como uma do Superman totalmente fraco pela exposição a Kryptonita onde ele vira um maracujá de gaveta, é muito bem feita. E o que posso falar da trilha sonora? James Gunn usa menos músicas licenciadas do que eu esperava, mas a trilha incidental é um absurdo. A base da trilha do John Williams é usada, mas é muito mais comedida do que eu esperava, e que bom, pois é o que eu queria, eles não se calcam só no tema antigo, acabam usando só para cenas onde é necessário criar uma emoção a mais e funciona totalmente. Eu gostei do design dos créditos também, que remete aos créditos iniciais dos filmes de 1978 e 2006, mas com um estilo próprio e com a personalidade que esse filme traz.
As cenas de ação desse filme também são muito boas, eu gosto principalmente de como o James Gunn trabalha os poderes de cada personagem em combate, as habilidades, especialmente do Guy Gardner, foi um deleite ver os constructos do Guy, deu um sentimento muito bom ver que finalmente um Lanterna Verde estava sendo bem adaptado, a estética é muito agradável. Mas, voltando, as sequências são muito boas, tem cenas aéreas que são uma barbaridade, a forma como James Gunn usa e grava cenas do Superman lutando enquanto voa é bizarro de tão bem dirigido, tem uma sequências de momentos de ação que não param que me lembraram o já citado "Mad Max", pois o James Gunn dá muita intensidade às cenas, tem muita adrenalina envolvida ali, e isso as torna fantásticas, é de brilhar os olhos. Tem uma que é pela visão da Lois Lane, que essa é brincadeira, a câmera focada nela enquanto a ação vai rolando em volta, essa é uma das melhores do filme. Quem tava criticando que o Superman do Zack Snyder era melhor e que esse não ia ter tanta cena de ação, vai ter que costurar a boca, porque esse Superman aqui estouraria o crânio da versão do Henry Cavill na porrada. Muita gente reclamou que o Superman apanha muito nos trailers, e é verdade, esse Superman sofre, mas ele revida duas vezes mais forte, tanto fisicamente quanto metaforicamente, pois as vezes é disso que se trata o personagem e o que ele passa para as pessoas. Tem batalha no início, tem no meio, no fim do meio, no começo do fim, tem porrada o filme todo, então, está mais do que provado, que o Superman pode ser (e é) o bad-ass das cenas de ação, mas sem deixar de ser o símbolo de esperança que ele é.
Chegando agora para falar do homem, eu acho que não tem como não falar que eu adorei essa versão do personagem, já ficou na cara o texto inteiro, e aqui é um ótimo começo para essa versão do Superman. Vemos o Superman em início de carreira, ainda cometendo alguns erros, nem tão acostumado com grandes batalhas, que apanha, mas como eu disse, ele sempre volta mais forte, com mais vontade, com mais humanidade. O drama do personagem durante o filme é muito bem explorado, a forma como trabalham quem ele é e o que ele significa para as pessoas, mas especialmente o que ele deve significar para si mesmo. Quem é o Superman? É o último filho de Krypton, Kal-El? Ou o filho de fazendeiros, Clark Kent? Ou os dois? Quem é o verdadeiro? Será que ele precisa ser só um? Essa questão do personagem é muito bem trabalhada, o desenvolvimento dele até se encontrar e se entender com o que ele se identifica, é realmente muito bonito, e como eu disse, a história pode não ser grandes coisas, mas o nível de diálogo que ele tem faz com que ele seja um personagem que você entenda, que você se instiga e que você adore. Nos primeiros dez minutos de filme você já está comprado, porque esse é um personagem simpático, que em pequenas atitudes ao longo da exibição vai mostrando porque ele é o Superman. Ele interage com os civis, é gentil com as pessoas, ajuda os outros por ajudar, brinca com as crianças, ele é legal, ele faz você querer ser amigo dele, e era simplesmente só isso que os cara vem errando há 47 anos, o James Gunn fez parecer tão fácil que tira todos os outros filmes para lixo.
Que escolha de casting foi o David Corenswet, temos aqui um futuro candidato a um dos melhores castings dos filmes de heróis. Ainda não é o melhor Superman, Christopher Reeve é um patamar difícil de alcançar de primeira, mas ele tem todo o potencial e todas as chances de passar. Mesmo que não passe, que versão boa do personagem que ele criou, pois como eu venho batendo nessa tecla o texto todo, é a personalidade dele que o dá uma exclusividade. Este é um Superman que se impõe, que tem opiniões, que acredita no certo, mas que comete seus próprios erros, pois fica claro que ele ainda não está pronto, então age na emoção muitas vezes e acaba se ferrando, mas ele vai aprendendo com isso e lidando com as consequências por conta própria. Corenswet passa tudo isso através de seu comportamento corporal e vocal, ele vai amadurecendo muito bem ao longo do filme, ele vai reconhecendo seus erros e seus acertos, e nisso vai se fortalecendo mais. Ele tem uma mudança de postura muito bem feita, pois aqui ele atua todo sério e posturado quando está como Superman, todo troncho e desajeitado quando está como Clark, e totalmente casual e mais desleixado quando está com aqueles que sabem quem ele é, como seus pais e a Lois. Ele manda muito bem, e dependendo de como for a jornada, não tenho dúvidas de que ele virá a ser tão bom quanto foi o Reeve no futuro.
Falando agora sobre seu par romântico, nossa querida Lois Lane, que aí eu já acho que é a melhor do cinema, mas também a competição é meio desleal, se ela fizesse o mínimo já seria a melhor de qualquer jeito. Mas, essa Lois da Rachel Brosnahan é excelente, é um daqueles castings que você bate o olho e já vem "essa é a Lois Lane que eu conheço", ela parece que saiu direto das páginas dos quadrinhos. Ela é aquela mulher forte, que é bad-ass, meio doida, mas que é uma repórter incisiva, uma profissional de alto nível, e ela tem essa personalidade de não ser apenas a jornalista ou a namorada, ela participa do filme ativamente, ela é a Lois que não tem medo de nada, que foi aquela adolescente rebelde que se virava contra o pai, ela realmente me soa como a versão madura da versão da Erica Durance em "Smallville", que é a minha versão favorita da personagem, então não tinha como. Agora, maninho, esse casal inventou a química, porque é sensacional eles dois juntos. Todas as cenas deles um do lado do outro, as interações, os dois juntos tem os melhores diálogos do filme, existe a honestidade na relação, algo mais ingênuo, mas também genuíno (finalmente nos cinemas uma Lois que é apaixonada pelo Clark e não pelo Superman), e também existe o fogo, o tesão, esses dois me passam exatamente a vibe que Clois tem, a melhor versão cinematográfica do melhor casal da cultura pop, já me conquistaram de cara.
O que posso falar de Lex Luthor? Bom, é a melhor adaptação do personagem como adaptação, ele parece tanto o Lex base dos quadrinhos que é bizarro, tão bizarro que você percebe que existem figuras da vida real que são criticadas através dele, mas que são essas pessoas que soam uma paródia do Lex e não o contrário. Nicholas Hoult é incrível, eu já esperava que ele fosse entregar uma performance espetacular como Lex, especialmente essa versão mais nova, que é um pouco mais explosiva, excêntrica, mas ele passa a vibe da loucura, da natureza psicótica dele, esse cara é um doente, um maníaco que merece tudo de ruim (tudo que eu queria sentir envolvendo o personagem). Ele tem um tom de sátira muito bom, mas ele mantém o clássico do Luthor, que é o cara culto, que manja de literatura, ciência, filosofia, mas que se acha melhor que qualquer escritor, cientista ou filósofo que já pisou na Terra. Ele é aquele cara que pensa que está fazendo o melhor para a humanidade, mas ele sabe que está fazendo isso as custas de vidas inocentes, ele é um desgraçado convicto, tão detestável quanto o Alto Evolucionário de "Guardiões 3", o James Gunn deu tratamentos bem parecidos para os dois personagens. Eles são mais over, eles tem uma explosão de personalidade que vai deixando ambos cada vez mais desgostáveis. Esse Lex aqui bate em cachorro, bate em mulher, comete abuso verbal, violência psicológica, mata inocente, escraviza macaco, tudo de ruim, tudo que ele deveria ser. Ele é a mesma vibe do Michael Rosenbaum de "Smallville", eu achei isso sensacional, só que esse é muito mais louco da cabeça.
Sobre os demais personagens, não vai dar tempo de falar de todo mundo. Isabela Merced como Mulher-Gavião eu curti, não tem destaque quase, ficou para o futuro mesmo, mas é um ótimo casting. Nathan Fillion como Guy Gardner é justamente o Guy que deveria, aquele arrombado que você quer dar um soco na cara, que é arrogante, prepotente, que é para você achar graça dessa babaquice dele, e realmente funciona muito bom. O ótimo Edi Gathegi como Sr. Incrível, eu nem gostava tanto do personagem, esse ator me fez gostar mais, porque ele trabalha muito bem esse personagem como esse gênio tecnológico, mas que tem uma personalidade muito bacana também, um ótimo timing cômico por conta disso, e a forma como ele usa a tecnologia dele em cena é muito bem construída. O Jimmy Olsen é o GOAT, o Skyler Gisondo é a melhor versão que eu já vi do personagem, ele tem um charme com as mulheres que é uma piada recorrente muito engraçada, e ele é muito engraçado, o timing dele é excelente, ele é bastante carismático, mais um grande acerto de casting. O Anthony Carrigan como Metamorfo é um absurdo de bom, esse cara mal aparece no filme, mas quando aparece ele entrega a melhor atuação da história, o cara dá a vida e em tão pouco tempo de cena consegue criar tantas camadas para um só personagem quase terciário, que é admirável. E outro GOAT é o Krypto, cara, que acerto foi o Krypto nesse filme, encaixaram muito bem ele na história e deram uma personalidade de cachorro para ele, ele é arruaceiro, bagunceiro, encrenqueiro, ele quase mata o Superman tentando brincar com ele. É um ótimo cachorro, que realmente arranja várias confusões com uma turminha do barulho.
"Superman" era o que eu queria e exatamente o que precisávamos, não só para o gênero de heróis, o mundo precisava de um filme como esse, essa geração precisava. Reinventa o maior super-herói da história, o põe de volta no topo cujo nunca deveria ter caído. É um bom filme do Superman, que era exatamente o que precisava ser. Não precisava ser uma obra-prima, só precisava trazer de volta o espírito do herói e semear o terreno para o futuro, e cumpre suas duas principais tarefas com êxito. Se me permitem, gostaria de fazer uma declaração. Pois, quando acabou o filme, uma sala lotada numa terça-feira 20h, minha cidade que é um bando de gente fria, mais de cem pessoas na sala, e TODAS começaram a aplaudir quando o filme acabou, eu nunca vi isso aqui. Depois que os aplausos acabaram, eu comecei a refletir o que eu tinha acabado de ver, e percebi que a DC estava no topo, que esses personagens que me ajudaram em momentos tão difíceis foram bem reconhecidos, e eu comecei a chorar, porque depois de tanto tempo sonhando, reclamando, torcendo, eu finalmente vi meu sonho se materializando na minha frente. Esse choro não é só do Legado adulto que foi ver o filme, mas é o choro do jovem Legado que viu o Liga da Josstiça em 2017 e teve a maior decepção da vida, que perdeu as esperanças de um dia ver um bom universo da DC nos cinemas. E que bom que é um filme do Superman que traz isso de volta, porque é isso que ele significa, nunca perca a esperança, mantenha a fé, que um dia vai ficar tudo bem. E esse dia chegou, ele finalmente chegou. Muito obrigado, James Gunn, você fez mais do que um filme, você trouxe de volta a alegria, a esperança, a felicidade e o respeito. Você trouxe de volta a DC. Você trouxe de volta o Superman.
Nota - 9,0/10