Crítica - Batman (The Batman, 2022)
Tudo que um filme do Batman no início de carreira precisava ser, obrigado Matt Reeves e Robert Pattinson!
🚨🚨 Texto sem spoilers 🚨🚨
Batman é meu herói favorito, sempre foi e provavelmente sempre vai ser. Eu tenho HQ, DVD, já zerei jogo, tenho um monte de brinquedos em casa, tenho um monte de Batmóvel. Quem acompanha o meu Instagram já viu que eu escrevi não só um como três filmes do Batman como pira de fã mesmo. Na minha opinião, é o herói que tem os melhores filmes, os melhores vilões, o melhor elenco de coadjuvantes, os melhores gadgets, a melhor personalidade e tudo. Um dos filmes que define minha infância e adolescência é "Batman: O Cavaleiro das Trevas" (2008) que é meu favorito de herói até hoje, assim como está entre meus favoritos de todos facilmente (se você não gosta desse filme, eu não gosto de você), ou seja, dá para perceber que eu amo muito o personagem e tudo que ele representa, então você já deve imaginar como eu estava ansioso para ver esse filme, a expectativa passava do teto, a cada trailer que tinha eu me animava, a cada novo detalhe, a curiosidade estava me consumindo também para ver como seria Robert Pattinson como o maior herói de todos e como o Matt Reeves faria o Batman dele, já que ele é um baita diretor de ação, mas que sabe muito bem estudar um personagem.
Meu gênero favorito do cinema são os filmes policiais, vários dos meus favoritos são filmes policiais ("Pânico", "Seven - Os Sete Crimes Capitais", "O Silêncio dos Inocentes", "Um Mundo Perfeito", "A Mula" e outros), os próprios Batmans do Nolan dão para encaixar nessa categoria. Então, Matt Reeves juntou meu herói favorito, com meu gênero cinematográfico favorito, com um dos meus atores favoritos da atualidade, que é o Robert Pattinson, e como é que eu não vou achar esse filme a melhor coisa do mundo? É um espetáculo, em todas as questões, em atuação, em história, no desenvolvimento, em técnica, em trilha sonora, em maquiagem, em twists, em tudo mesmo, eu quero morar dentro desse filme, ele é tudo que o Batman deveria ser, todas as lições que ele vai aprendendo, o desenvolvimento dele, como os conceitos morais dele vão surgindo ao longo da trama, a relação dele com os personagens ao redor... Cara, eu me senti uma criança de cinco anos novamente vendo o "Batman: A Série Animada", sério, para mim, em questão de Batman, é o filme perfeito!
A principal história dos quadrinhos cujo se baseia é "O Longo Dia das Bruxas", que é um dos melhores quadrinhos do Batman até hoje, e teve uma excelente animação ano passado dividida em duas partes lançada diretamente para VOD. Então é a mistura de uma das melhores HQs do Batman, com a melhor animação do herói para a TV e uma clara inspiração em David Fincher, em "Zodíaco", "Mindhunter" e principalmente "Seven - Os Sete Crimes Capitais". O longa prefere explorar o lado detetive do personagem ao lado heróico e ao lado Bruce Wayne, mas quando mostra esses dois lados também é de uma maestria gigantesca, eu nunca vi um diretor entender tão bem o que é o Batman, o símbolo de medo e de vingança que ele aparentemente é, mas que acaba por ser um símbolo de justiça e de esperança para o povo de Gotham. Essa inspiração do Longo Dia das Bruxas envolve certas situações que ocorrem dentro da narrativa, principalmente no que envolve o arco do Carmine Falcone (John Turturro) e da Mulher-Gato (Zoë Kravitz) e da relação que envolve esses dois personagens que é um grande plot twist (para quem não conhece, quem manja já sabia) e também o Charada (Paul Dano) é um pouco baseado no Feriado (vilão da história original), além da interação do Batman com o Gordon (Jeffrey Wright) que é muito igual à dessa história.
O ponto forte, na minha visão, é a relação do Batman com os personagens a sua volta. Com o Gordon é maravilhosa, porque é bem um lance de policial bom e policial mau e o Jim ainda nem é comissário, essa sacada de pôr o Batman em início de carreira com seu grande parceiro antes do título de comissário sempre é uma cartada certeira. E o Jeffrey Wright é incrível, ele provavelmente é uma das melhores encarnações do personagem na história. Sim, é meio difícil superar o Gary Oldman (ele chega quase lá, talvez nas sequências ele supere), eu gostei dessa versão tenente que se impõe em um lado mais detetive do que o fardado, sinceramente para ficar perfeito só faltou fumar um charutão. Eu também curti a relação do Bruce com o Alfred (Andy Serkis), é um patrão Wayne que ainda tem uma renegação ao mordomo como figura paterna, mas ao longo da trama a relação dos dois vai se intensificando e o clímax próprio que a relação recebe é maravilhoso. O Andy Serkis tá muito bem, ele convence bem como... Bem, o Alfred clássico, que é preocupado, não só com o Bruce, mas com toda a história e legado da família Wayne, e acho que precisava até de mais participação dele aqui, eu queria ver mais do Andy no papel, até porque é confirmado bem no início do filme que esse Alfred era agente secreto do MI6 e quero ver no futuro como esse "lado James Bond" vai ser explorado na relação dos dois.
Gostei muito do relacionamento entre Batman e Mulher-Gato, eu não sou um fã do romance entre esses personagens, para mim ambos funcionam melhores sozinhos e acho que um relacionamento sério não faz o tipo da Selina (principalmente com o Bruce Wayne, que iria querer bancar ela e ela nunca que ia aceitar ser bancada nem por um cara normal, imagina por um cara da elite de Gotham que usa terno), mas aqui eu gostei, até porque é o primeiro encontro dos dois e a tensão sexual entre eles dois é clara, desde a primeira vez que ele olha para ela (nitidamente ele ficou ereto, dá para sentir no ar), e no filme tem várias cenas provocativas sexualmente entre os dois, o Matt Reeves não tem medo de botar tesão no longa, o tanto de vezes que tem uma cena deles dois sedentos um pelo outro é impressionante, dá até vontade de mandar se pegarem logo e pararem com aquela besteira. E a química do Pattinson com a Zoë Kravitz é um negócio de outro mundo, eles dois tem uma combinação inimaginável, é um casal que você torce durante a trama e ela é uma força da natureza aqui, que mulher maravilhosa em todos os sentidos, entregando uma Selina Kyle essencialmente igual a que eu conheço e gosto, essa mulher independente, que odeia o elitismo envolto à cidade, que tem seus problemas pessoais com esse mundo das riquezas e o submundo do crime, tem até um negócio meio “Chinatown” (1974) na sua relação com o Falcone demonstrado com ambiguidade.
E os vilões do filme são muito bons. Curti muito o Pinguim (Colin Farrell), eu não tava gostando do que tavam fazendo com ele, eu ficava pensando "é sério que vão transformar o Pinguim nisso?", mas aí quando eu saquei o que estavam fazendo, eu curti demais, até porque é uma espécie de reviravolta que gosto muito de ver em figuras antagônicas secundárias, e o Colin Farrell manda muito bem, talvez a melhor atuação dentre os vilões, vai ter a série dele agora e eu quero muito ver como esse lado do personagem vai se desenvolver. Muito boa a participação do Falcone, eu gosto desse arco dele que é baseado no Longo Dia das Bruxas, dessa relação dúbia dele com o Thomas Wayne no passado, que acaba se reverberando nos assuntos com o Bruce, e a já citada relação com a Selina. Além de que o John Turturro é muitobom aqui, ele convence como chefão da máfia que quando abre a boca você escuta atentamente, ele demonstra essa lábia convincentemente. O Charada, por fim, é um baita de um vilão, ele me lembrou dois vilões do cinema: o Tubarão de "Tubarão" e a Jill de "Pânico 4": o Tubarão porque ele está lá, ele pode não estar presente em carne e osso, mas você sente a presença dele no ar, numa tensão absurda criada na direção. E a Jill mais pela motivação mesmo, que é muito boa, é explorada num monólogo excepcional em que o Paul Dano faz um overacting totalmente certeiro e entrega uma das melhores atuações de vilões do Batman na história, claro que a competição é gigante, mas ele consegue chegar no patamar dos grandes, é impressionante aquela cena do interrogatório que o põe em um alto patamar. Além disso, adorei a forma mais serial killer misturado com líder de seita que o diretor o apresenta traz uma visão muito interessante sobre o personagem, é uma mistura de John Doe com Charles Manson, muito bem feito.
E vou falar uma coisa que todo mundo vai pensar e ninguém vai dizer: TRAZ O OSCAR PARA O PATTINSON (ok, ganhar não sei, mas indicação merece). Santa tartaruga, que atuação excepcional, há alguns anos eu acharia impossível essa frase existir, eu nunca achei que diria isso, mas terei de falar: Robert Pattinson é o melhor Batman da história do cinema, já falei de todas as relações que ele teve, da maneira mais detetive e das lições que ele aprende acima, mas não falei da relação mais importante: a entre Batman e Bruce Wayne. Reeves a entende bem e mostra como a verdadeira identidade secreta é o Bruce, inclusive eu senti falta por um tempo do alter ego, mas essa falta é justificada no decorrer da trama e acho que do jeito que tá lá, é muito bom. O Pattinson impõe muito respeito, ele coloca medo, ele é o Batman que quando chega, o coração dos capangas genéricos travam, é o Batman definitivo do cinema e a atuação do Pattinson, os voice overs dele, a voz dele, ele falando aqueles discursos incríveis no começo e no fim, desculpe o palavreado, mas é do car*lho! Espetacular, tenho orgulho de dizer que sempre acreditei no potencial do ator para entregar algo assim, nesse nível.
Vou parar por aqui porque se eu falar tudo de incrível nesse filme, daria uns quatorze parágrafos de nove mil caracteres cada. "Batman" é basicamente o filme perfeito sobre o Batman em início de carreira que eu sempre sonhei. Tem ótimas relações entre o Batman e seu elenco de apoio, tem uma das melhores atuações de um herói na história do subgênero, tem uma trilha sonora marcante até demais, que vai ficar sendo lembrada por um bom tempo; tem um ótimo romance, vilões incríveis e bem trabalhados, uma vibe de mistério sensacional e por aí vai. É um dos melhores filmes de herói que eu já vi na vida, talvez esteja entre os cinquenta filmes que eu mais gostei na vida incluindo tudo, eu estou boquiaberto até agora, eu quero falar desse filme toda hora, que filmaço, que filmaço, que filmaço! Obrigado Matt Reeves, Robert Pattinson, Peter Craig, todo o elenco e equipe envolvido por essa experiência sensacional!
Nota - 10/10