Crítica - Noite Passada em Soho (Last Night in Soho, 2021)

A maior decepção cinematográfica da minha vida.

🚨🚨 Texto sem spoilers 🚨🚨

Edgar Wright, um dos diretores mais autorais do cinema atual que vem nessa geração de diretores autorais junto com Quentin Tarantino, David Fincher, Bong Joon-ho e muitos outros, porém, no meio desses caras, ele ainda conseguia se destacar por seus filmes serem divertidos e acessíveis para todo e qualquer um tipo de público, seus filmes em maioria são filmes de ação, comédia e as vezes um pouco de ficção científica, aqui ele tenta sair dessa bolha e vai para um lado mais terror, sério e psicológico e não funciona, pelo menos para mim.

Nesse lado mais sério, Edgar Wright deixa de lado o que lhe fez um dos diretores mais adorados dessa geração: sua falta de seriedade. Edgar Wright trabalha aqui de uma forma mais séria quando não tem nada para se levar a sério dentro do filme, é uma história banal, bem fora da realidade, mas que se leva muito a sério e isso descredibilizou o filme para mim, não me prendeu, não me conectou com aquela trama e nem com a protagonista, não me assustou, me instigou nem nada, por outro lado, o Edgar Wright deixa o filme totalmente monótono, ele é sem sal, não convence e ainda tem um ritmo muito indeciso na minha visão, é um filme que não sabe se quer ser acelerado, se quer ser mais lento, se quer ser psicológico ou literal, é um filme extremamente desgastante e extremamente bagunçado.

É um filme que tinha muito potencial, mas a forma que o Edgar Wright conta a história é fraca, não é o mesmo storyteller incrível que estávamos acostumados a ver nos últimos filmes, aqui ele está perdido, parece que é um bebê que tá dirigindo um Mustang, eu me peguei várias vezes pensando durante o filme: "foi o Edgar Wright mesmo que dirigiu isso aqui?", porque, de verdade, não parece ele, parece que o filme foi dirigido por um diretor aleatório de filme de terror ruim desconhecido, não tem a marca do Edgar Wright em quase nada, não tem autoralidade, não tem amor ao cinema, chega até a ser genérico e em alguns momentos é bastante exagerado, o final é horrível, é muita coisa para acontecer naquele tempo e parece forçado, é o cúmulo do exagero e um plot twist totalmente arma de Tchekhov onde ele pega o mais óbvio e o twist não surpreende em nada, só me deixou com raiva.

Edgar Wright ainda tenta meter uma crítica ao machismo e ao que uma novata inocente se submete pelo sucesso e é uma crítica válida, é real, acontece isso direto, infelizmente e tá certo, porque homem que usa terno é tudo babaca mesmo, mas se for para criticar, faz direito, não deixa parecendo algo jogado no meio do filme, é forçado em vários momentos isso, é jogado, fica no meio do filme lá e dane-se, é como se um cachorro invadisse um jogo de futebol e o jogo continuasse com o cachorro dentro do campo. Como eu já disse várias vezes: entre criticar mal e não criticar, é melhor não criticar. A única coisa que realmente tem a marca do Edgar Wright no filme é a trilha sonora, a trilha sonora é parecida com a de outros filmes dele e tem um estilo próprio dentro do filme, única coisa mesmo.

E essa Anya Taylor-Joy não me desce, desculpa, mas que atriz medíocre, ela não apresenta nenhuma ideia sobre a personagem dela, ela atuando só faz cara de desinteressada e de poucos amigos em qualquer momento do filme, a maior entrega dela dentro do filme foi deixar o penteado intacto durante todas as cenas. A Thomasin McKenzie manda bem, ela tá incrível no filme e, sendo sincero, única coisa boa do filme junto com a trilha sonora, ela apresenta tudo sobre a personagem e mostra perfeitamente um desenvolvimento e uma saga de ascensão e queda da personagem, as cenas dela louca são muito boas e ela passa realmente o sentimento de que ela tá surtada, ela sai de si várias vezes e é muito bom, continua demonstrando um baita potencial.

No geral, "Noite Passada em Soho" é um filme que eu sinceramente achei no máximo do máximo algo medíocre, é um filme monótono, desgastante, sem personalidade, um filme com uma história interessante, com um baita potencial, mas que no final parece algo extremamente genérico, onde várias coisas são jogadas no meio e esquecidas no decorrer da trama, nem parece um filme do Edgar Wright, não dá para ver a mão dele ali em quase nada e, sem brincadeira, o filme tem um dos finais mais exageradamente ruins do cinema recente, talvez o mais exageradamente ruim. A única coisa que salvou o filme foi a Thomasin McKenzie com uma performance maravilhosa. Esse filme é minha maior decepção cinematográfica de todos os tempos, até pensei em botar um "desde", mas não tem nenhum que tenha me decepcionado mais e olha que eu sou nerd, é triste, fui com o coração aberto e saí com ele despedaçado.

Nota - 2,5/10

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