Crítica - Rebel Moon - Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes (Rebel Moon - Part 2: The Scargiver, 2024)

Mirou em Star Wars, acertou em um pornô sem sexo.

Alguns meses atrás vocês leram minha crítica da primeira parte, entitulada "Rebel Moon - Parte 1: A Menina do Fogo" (2023), a qual vocês viram que eu simplesmente detestei, foi um dos piores do ano passado e tinha tanta emoção quanto encarar um saco de cimento. Acontece que antes do lançamento, havia um marketing ferrenho por parte da Netflix em busca de vender seu suposto épico, envelopando pontos de ônibus, grandes outdoors, propagandas a mil em redes sociais, trouxeram todo o elenco e mais o Zack Snyder para o Brasil, painel na CCXP, fizeram um churrasco em São Paulo com direito a Dudu Nobre e múltiplos influenciadores nerds no evento. Chegou aqui, na suposta grande conclusão da história... Cadê a publicidade? A própria Netflix assumiu o fracasso, mal divulgou essa segunda parte e lançou discretamente no streaming, jogando a toalha quanto a criação de franquia.

Após a pequena derrota do Mundo-Mãe, Kora (Sofia Boutella) retorna para sua casa junto com a equipe que juntou ao longo da parte um para dar uma relaxada, mas ao mesmo tempo se manter alerta enquanto a um novo ataque. Quando uma chamada revela que em cinco dias o Mundo-Mãe virá novamente à lua agrícola em busca da especia... Digo, dos grãos, Kora, juntamente ao General Titus (Djimon Hounson), decide treinar o povo do planeta para um inevitável confronto, que definirá não só o futuro daquela população, mas de toda a galáxia. Olha, eu já achava uma cópia fajuta de Star Wars, era nítido, mas agora que "Duna: Parte 2" (2024) está sendo um tremendo sucesso, surgem inspirações ainda mais claras, e que Rebel Moon não passa de um remendo de várias franquias de ação e/ou ficção científica para a criação de um novo universo. O que não há problema nenhum, é natural, porém é tão óbvio, tão descarado, tão preguiçoso e, principalmente, tão mal feito, que dá vergonha do que você está vendo. O título "Snygod" torna-se cada vez mais herege.

Sabe o que é não cativar em nada? Absolutamente nada? É esse filme. A criatividade beira o zero, tem alguns conceitos legais, acho que algumas armas são bem interessantes, como as espadas de luz por exemplo, um conceito que é logicamente copiado, mas que tinha potencial para cenas de ação boas. Só que o Zeca Splinter prefere gastar uma hora de exibição em flashbacks horríveis em câmera lenta para cada um dos personagens (é sério) e no tempo restante cria cenas de ação completamente desinteressantes em todos os quesitos: coreografia, visual, motivação, tudo. Não tem nada que segure a atenção na tela, é puro CGI barato mesclado a diálogos tão horrorosos que eu fiquei esperando a parte em que começam a tirar a roupa, pois chega a soar como um filme pornô. Só que é pornografia sem a melhor parte, não tem clímax e nem tesão, é tudo cinza, sem graça e genérico.

O que o Snyder fez aqui é patético, chega a ser piada. O timing também é muito errado, acabamos de sair do fenômeno "Duna 2" e mês que vem teremos simplesmente "Furiosa: Uma Saga Mad Max" e "Planeta dos Macacos: O Reinado", três filmes de ação misturados com ficção científica que só pelo material promocional já põe o Splinter no chinelo em todos os quesitos, a comparação acaba sendo meio que inevitável, e é uma daquelas comparações covardes. Decerto Duna é a obra mais influente da ficção científica, mas pô, tem coisa que o Zeca faz aqui que literalmente estava no storyboard da versão cancelada do Alejandro Jodorowsky da história, tem o macguffin dos grãos (que remete à especiaria), tem a referência do povo agrícola serem os Fremen e o Mundo-Mãe ser os Harkonnen, é muito descarado. Quando não vêm de Duna, é de Star Wars, não à toa foi um roteiro rejeitado pela empresa que aprovou os de Solo e A Ascensão Skywalker, tudo aqui parece ter sido tirado de alguma obra preexistente que é infinitamente melhor e mais criativa. É genérico e é mal feito, se fosse só genérico daria para explorar alguma coisa que talvez funcionasse, mas é podre, é uma ofensa ao cinema blockbuster, é só plágio, câmera lenta, trilha sonora qualquer e uma paleta de cores cinzenta que não cativa em nenhum momento.

Não tem emoção nenhuma, você não dá a mínima para quem está na tela. Personagens morrem, acabam sofrendo consequências gravíssimas, tomam tiro, porrada, mas a reação de quem assiste é neutra, o Snyder não sabe mais como um ser humano se sente em relação às coisas, parece que gastou toda a emoção restante na cabeça dele naquela cena do Superman conseguindo o traje preto no Snydercut, porque depois dali, meu amigo, foi só ladeira abaixo. A batalha é a set piece mais inodora que existe, simplesmente não tem nada ali que faça com que você dê a mínima, é pura demonstração técnica de um visual terrível que parece mal acabado, parece que não poliram os modelos 3D. A protagonista é simplesmente terrível, eu só sei o nome dela porque eu reli meu texto sobre o primeiro. Não tem nenhuma emoção no que ela faz, não convence como uma heroína, tampouco como anti-heroína e muito menos como uma líder, essa Sofia Boutella, com todo respeito, foi péssima na performance, no primeiro já era ruim, aqui decaiu. Quem salva minimamente é o Djimon Hounson, mais pela figura do ator do que do personagem, mas ele tem cenas que ele as deixa boas.

É isso, prefiro não gastar mais tempo gastando palavras sobre essa franquia fajuta, nesse segundo e eu creio com todas as minhas forças que seja o último filme, porque se continuar, pelo amor, tem que querer lavar muito dinheiro. "Rebel Moon - Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes" é aquele filme horrível que só foi aprovado porque o responsável por trás já tem nome na indústria, caso contrário, seria engavetado pela eternidade. Para onde foi o tal investimento que a Netflix fez? Cadê todos aqueles milhões? Porque não é possível que eles usaram aqui. Visualmente é feio, longe de ser chamativo e de quebra ainda foi lançado entre vários blockbusters que vão o ofuscar completamente em todo e qualquer quesito. Personagens horríveis, criatividade zero, universo ridículo e sem originalidade, visual tenebroso, diálogos que parecem pornochanchada e um desfecho tão broxa e genérico que não dá o ar da graça em nenhum minuto. Achou que não dava para piorar? Então... Conseguiram.

Nota - 2,0/10

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