Crítica - Homem de Ferro 2 (Iron Man 2, 2010)
Muitos problemas, porém muito nostálgico e muito divertido.
Esse é o filme do MCU que mais me divide, eu nunca sei se eu gosto ou desgosto dele, mas revendo agora eu acho que tem tantos pontos positivos quanto negativos e particularmente ele para mim fica mais como algo bom do que um filme verdadeiramente ruim, ao longo do texto eu explico melhor. Acho bem divertido, me rendeu entretenimento, é muito engraçado, ao mesmo tempo que tem um drama bem trabalhado e as cenas de ação também são espetaculares (irei me aprofundar melhor depois), mas ao mesmo tempo é um filme que torna alguns personagens insuportáveis, tem vilões que são muito ruins e bem genéricos, além de que em alguns momentos parece que não teve esforço nenhum para ser feito, visto a monotonia que adota em certos pontos (também irei me aprofundar nisso melhor depois).
Acho que ser continuação de um filme excelente prejudica demais esse aqui, qualquer coisa é difícil de não comparar com o primeiro e o que ferra é que lá tem coisas infinitamente melhores, como as cenas de ação, aqui as cenas de ação são boas, maravilhosas no geral, mas tem algumas que cortam a cena na hora do impacto do golpe e fica parecendo o clipe daquela música "Timber" do Pitbull que tem seis cortes por segundo. Tem certas cenas de porradaria entre CGI que eram para ser épicas, mas não toca nem um rock para ajudar e eu não sei se é o Efeito Mandela, mas eu jurava que tocava "Highway To Hell" do AC/DC na cena que o Tony Stark (Robert Downey Jr.) e o James Rhodes como Máquina de Combate (Don Cheadle) lutam com os robôs do Justin Hammer (Sam Rockwell) e não toca, pelo menos aonde eu vi não tocou nada, só ficou o som das armaduras lutando e confesso que a cena de ação sem nenhuma trilha é meio anticlimática, apesar de ser sensacional e os efeitos especiais serem INFINITAMENTE superiores aos de alguns blockbusters da atualidade.
Falando no Rhodes, eu não lembrava que ele era tão chato aqui, o cara é insuportável, o Don Cheadle ainda tava meio travadão com o peso de substituir um papel que não era originalmente dele e parece que ele tava meio nervoso, em quase toda cena dele me dava impressão de que ele não teve um segundo take, gravaram só uma primeira vez com o cara não sabendo o que fazer direito e colocaram aqui de qualquer jeito, lá mais pro final do filme o personagem já tá mais solto e você começa a gostar dele, isso é até proposital para você começar a odiá-lo e depois terminar a exibição amando-o. Aqui tem várias coisas toscas, algumas pendem para o lado cômico e fica muito bom, como a cena de dia numa loja de rosquinhas o Tony Stark de óculos escuros no meio de um donut gigante comendo uma porrada de roscas e aí surge o Samuel L. Jackson com um tapa-olho e um sobretudo e isso funciona perfeitamente bem, tem a cena do GP de Mônaco onde o Tony Stark está correndo na F1 e do nada se transforma no Homem de Ferro através de uma mala, isso funciona como artifício cômico de uma maneira perfeita, isso entretém sem ser ridículo, você ri com o filme e não dele. Outras eu achei ridículas por serem ridículas mesmo, como o fato do Rhodes nunca ter nem entrado numa armadura e quase ter derrotado o Tony no início, isso eu achei meio forçado só para dizer que o Rhodes ia virar o Máquina de Combate sendo que já tava no pôster.
E já é a terceira vez que eu reclamo de vilões nas críticas do MCU, mas aqui é tristeza em dobro, são dois atores realmente sensacionais descartados, primeiramente o Sam Rockwell que é basicamente um Tony Stark menos inteligente que tem inveja dele e só faz gritar e fazer cara de desentendido, é desperdício, não tem o que fazer, o Sam Rockwell foi muito mal dirigido, essa parte do elenco decaiu muito do primeiro para cá, parece que o Jon Favreau para de focar nos outros personagens para centrar totalmente no Tony e nas cenas de ação e com isso, alguns atores acabaram ficando perdidos, e também tem o Mickey Rourke, que só tá aqui para forçar um sotaque russo horroroso, não dá nem para entender o que ele tá falando, era melhor fazer sem sotaque e o vilão em si é um personagem horrível, desculpa aos três fãs do Chicote de Ferro mas ele é um vilão que na maior parte do tempo tá só olhando para um computador ou arrumando as coisas e quando vai para o x1 deixa muito a desejar, a luta final com ele, o que deveria ser o clímax do filme, vira uma cena confusa de um minuto que não traz emoção nenhuma, você fica mais com a sensação de "que droga é essa?" do que a sensação de uma luta final épica de blockbuster e acaba por ser decepcionante.
Eu gosto de como o drama do Tony é trabalhado, ele tá morrendo, o paládio que fica no reator arc não funciona mais e ele sabe que a morte dele em poucos dias é inevitável, tanto que ele entra em um conflito existencial e começa a deixar a empresa dele de lado (dando a presidência para a Pepper) e fazer o máximo de loucuras possíveis enquanto ele está vivo, o Jon Favreau consegue espremer ainda mais o drama adicionando o elemento da relação que ele tinha com o pai dele que veríamos ser mais aprofundada lá na frente no "Capitão América: Guerra Civil" (2016), mas aqui já mostra que o Stark tinha receio que o pai dele não dava bola para ele, mas aquela cena do vídeo do pai dele é muito emocionante e mais uma vez o Robert Downey Jr. prova que foi uma das escolhas de elenco mais acertadas da história do cinema, ele passa para o espectador magistralmente todos os sentimentos do personagem, de que a morte está chegando e de que ele está com medo dela e de não ter aproveitado a vida o suficiente, ele encarna aquele personagem da forma que nenhum outro ator faria, nem mesmo um baita ator como o Tom Cruise, o Downey Jr. nasceu para ser o Tony Stark, não tem jeito.
Também gosto que o filme expande mais o MCU e de forma direta, não é com easter egg hiper mega escondido igual é hoje, eles botam o escudo do Capitão América na tua cara mesmo, botam a Viúva Negra (Scarlett Johansson) como quase uma co-protagonista e o Mjölnir na cena pós-créditos, gosto de como é feita a introdução da Natasha Romanoff aqui, mostrando que ela é uma espiã incrível, que sabe lutar, que parece inofensiva e no final é a mulher mais inteligente, perigosa e gostosa da Marvel, ela aqui era a mulher da bunda grande, sempre tá com roupa muito clara ou larga, bem decotada, maquiagem sem falha, a primeira cena dela com a roupa de espionagem da S.H.I.E.L.D. já mostra primeiro a bunda dela antes do resto, fica muito na cara que aqui ela é usada como sexy symbol e é maravilhoso, pois combina com a personagem já que ela funciona tanto quanto a espiã e já deixando o sentimento de ansiedade para ver ela nos filmes futuros, ela tem a melhor cena de ação do filme que é ela invadindo a sede do Hammer que é sensacional, a coreografia e o quanto bad-ass ela demonstra ser.
Também gostei do personagem do Happy (Jon Favreau) aqui, no primeiro filme ele é quase inexistente, aqui o Jon Favreau dá mais destaque para o personagem dele mesmo e é muito carismático, muito engraçado, que quer se pagar de bad-ass o tempo todo e sempre acaba sendo fracassado ou atrapalhado, é o complemento cômico perfeito para o Stark. Enquanto a Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) é meio confuso, pois a personagem tem um arco interessante, mas aquilo da mão firme enquanto a atuação do Don Cheadle se aplica a ela também, o relacionamento dela com o Tony é bem estabelecido, mas a atriz em si não tem nada demais em sua performance, tá ali avulsa, principalmente quando comparada ao Downey Jr. ou à Scarlett.
Fechando dizendo que tem uma referência claríssima a "Shrek" quando o Homem de Ferro dá um gritão e assusta o povo que tá na festa dele, eu nunca tinha percebido isso, é uma referência incrível. "Homem de Ferro 2" é um filme problemático, convenhamos, eu ressaltei vários problemas, como a falta de uma mão firme na questão de algumas atuações (Don Cheadle, Gwyneth Paltrow e os vilões), os antagonistas são insuportáveis, falta algo para o filme ser épico, falta um AC/DC em algumas cenas de ação para melhorá-las, mas também é me diverte muito, eu dou bastante risada, eu me empolgo em algumas cenas, acho interessantíssimo o desenvolvimento do Tony, todo o drama existencial dele e também gosto da ambiguidade deixada pelo Favreau em relação ao relacionamento do Tony com o seu pai. Funciona como expansão de universo, apresenta vários artefatos e personagens que seriam futuramente importantes para essa saga e esse universo, tem a Viúva Negra maravilhosa que desde aqui eu tenho um crush imenso na Scarlett Johansson, funciona como entretenimento puro, que é o que ele se propõe a ser em primeiro lugar, muita gente não gosta mas é um filme bem bacana, foi legal revisitá-lo.
Nota - 7,5/10