Crítica - Top Gun - Ases Indomáveis (Top Gun, 1986)
Um filme bobo, mas sensacional!
Este filme tem uma das jornadas mais incríveis como produto na história do cinema, ele foi feito simplesmente como um filme de entretenimento para as pessoas irem no cinema e se divertirem, virou propaganda da Marinha estadunidense meio sem querer - chegando a ter fichas de inscrição nas saídas dos cinemas (tanto que foi isso que afastou o Tom Cruise de querer voltar como Maverick e foi por esse motivo que demorou mais de trinta anos para ele aceitar a continuação), o filme foi indicado para dois Globo de Ouro (venceu um), um Grammy (venceu) e quatro Oscars (venceu um), a música tema do filme, "Take My Breath Away", ficou quatro anos (!) entre as músicas mais ouvidas segundo a Billboard e hoje em dia o filme é reconhecido por ser uma metáfora para relacionamentos homoafetivos. Na época, o filme fez absurdos 356,8 milhões de dólares em bilheteria, o que convertendo para os dias de hoje daria, aproximadamente, 1,6 bilhão de dólares. Gostando ou não, este filme é um fenômeno cultural, pôs o Tom Cruise na posição de superstar hollywoodiano e até hoje é um filme lembrado por muita gente com muito carinho, mas, será que é realmente merecedor de tamanho sucesso?
Analisando nos dias de hoje, o filme parece extremamente bobo, clichê e algo que já vimos várias vezes, é um pouco caricato, mas cara, que filme legal! O filme pode ter todos os problemas de parecer batido, mas não dá para não gostar, o filme tem cenas ótimas, uma trilha sonora espetacular, o Tom Cruise é muito bom, o casal protagonista é muito bom, o melodrama assumido que o filme é funciona muito bem, é um filme que dá gosto de assistir em qualquer época, nada mais legal que ver o Tom Cruise de óculos Ray-Ban pilotando caças ao som de Kenny Loggins e pegando uma loira bonita aleatória ao som de Berlin. O diretor do filme é o Tony Scott (irmão do Ridley Scott que é conhecido pura e simplesmente por isso) e eu vendo hoje em dia, consigo ver como ele assume o filme como um melodrama, tem todos os elementos clássicos melodramáticos, tem o casal que se conhece no bar e se apaixona (e formado por um cara com cabelo preto e uma loira de olho verde), tem a rivalidade com um cara meio babaquinha, tem o melhor amigo, alguém que o protagonista ama morre, ele desiste de suas ambições, tem uma série de discursos motivacionais, ele volta, salva a pele de geral e termina o filme beijando a loira. Isso já foi visto tantas vezes que essa descrição pode se encaixar em inúmeros filmes dos anos 80 e o filme é isso aí mesmo, é assumidamente clichê, é feito para ser assim e funciona muito bem, a trilha sonora original do filme casa muito bem com os diálogos e com as situações que te botam dentro daquela vivência do Maverick, você sente o clima dos ambientes, o cheiro de suor predominante e o clima gay no ar.
Inclusive essa teoria (quase realidade, na verdade) de que o filme é uma metáfora para homossexualidade não é a toa, esse filme é gay em níveis absurdos, a cada aproximação entre dois personagens masculinos parecem que eles vão taca-lhe um beijão de língua ali mesmo, além de ter muitas cenas com caras sarados sem camisa ou só de cueca e, na moral, essa parte aí não dá para relevar não, essa parte é muito vergonha alheia, mas também é muito engraçada, eu ri muitas vezes quando acontecia isso, principalmente na clássica cena do vôlei de praia que é uma cena cujo eu fico toda vez que eu assisto pensando: "ah não, não é possível *risadas*". Mas o filme para amenizar isso põe uma protagonista feminina, a Charlie (Kelly McGillis) e eu adoro como é subvertido o clichê da loira ser só um rostinho bonito e ser um raro caso de uma loira inteligente, ela é alguém mais importante que o protagonista naquele mundo ali e que química legal que eles tem, não é nada absurdo, mas em cena os dois combinam muito.
Não posso falar de Top Gun e deixar passar a trilha sonora, né? É um absurdo de boa! Primeiro as músicas originais do filme, temos "Danger Zone" do Kenny Loggins que toca umas quatro vezes no filme e quando começa a tocar você já se lembra da decolagem dos aviões, os aviões no céu e a equipe em treinamento, é uma música bem legal, animada que serve para te embalar já na vivência com os aviões desde os primeiros minutos de filme e, é claro, né, "Take My Breath Away" do Berlin, uma das músicas mais clássicas e memoráveis da história do cinema, é a música que quando começa a tocar em qualquer lugar já vem o filme na cabeça e a música ela toca múltiplas vezes durante a exibição, tocando principalmente nas cenas que envolvem o romance principal em cenas que sim, são meio clichês e bestas, mas que são tão legais de ver pelo casal e pela música tocando de fundo e a música é propriamente poderosa, tem uma imponência quando começa a tocar. Além dessas, a trilha sonora original do filme composta pelo Harold Faltermeyer é verdadeiramente incrível, é diferenciada e ela te põe no mundo e nos dramas daquelas pessoas retratadas ali, tem várias cenas onde ela ajuda a pôr emoção no filme, é tão lindo ver como um trilha sonora dentro de um filme é tão mágica e prática.
As cenas de ação não envelheceram um dia desde 16 de maio de 1986, que cenas fantásticas! São muito bem feitas, tem a adrenalina necessária, prendem muito a atenção no filme, dão gosto de assistir ao filme de tão bem filmadas e de tão belas visualmente falando. A interação entre o elenco durante essas cenas também é funcional e é muito legal de ver essa emulação de como esses pilotos interagem no campo. E não dá para deixar passar batido também Tom Cruise, primeiro que ele não era tão bonito assim (ele ficou mais bonito depois daqui, vamos e convenhamos), porém a presença que ele tinha em tela era realmente presença de um protagonista clássico, ele ficava maior a cada cena que ele aparecia e eu gosto muito do Maverick, dele ser um personagem mais calado, mas que é prático e muito bom no que faz e ele sabe que é o brabo do negócio, me lembra personagens de filmes de faroeste clássicos, em especial o Homem Sem Nome da Trilogia dos Dólares e acredito que também tenha servido de inspiração para o Driver de "Drive".
Um clássico, "Top Gun - Ases Indomáveis" é um dos filmes mais legais existentes, é um filme que sim, tem seus problemas e hoje em dia parece algo batido e bobinho, porém é um filme tão maneiro de ver, tão incrível de acompanhar aquela jornada que todos esses problemas são fáceis de relevar. Tem um Tom Cruise com uma presença de tela absurda que nós iríamos nos acostumar a ver no futuro, tem um casal legal de assistir surgir e desenvolver, tem um soundtrack poderoso e tem um excelente elenco. É um filme muito ga... Digo... Muito bom!
Nota - 9,0/10
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