Crítica - Três Homens em Conflito (Il buono, il brutto, il cattivo, 1966)

O ápice do cinema de faroeste.

Depois de dois grandes filmes nos dois anos anteriores, Sergio Leone retorna com a conclusão da Trilogia do Homem Sem Nome ou Trilogia dos Dólares (como é popularmente conhecida), filme este cujo pode ser considerado o filme mais épico da história do cinema, esse filme é o mais perto de um orgasmo que um cinéfilo vai ter na vida, é um filme que do meio para o final dá vontade de gritar e aplaudir para qualquer cena, tudo nesse filme é incrível, as atuações, o storytelling, a direção, os figurinos, os cenários, a trilha, a edição, os personagens, tudo! Eu sinceramente não tenho palavras para descrever o que esse filme é, o que ele representa, o que ele significa para a história da sétima arte, mas neste texto tentarei de alguma forma explicar, eu nem lembrava que esse filme era tão bom assim, eu lembrava que ele era absurdo e uma obra-prima, mas não nesse nível gigantesco, quero reassistir de novo imediatamente!

Um sábio disse uma vez:
- "Heróis serão lembrados, mas lendas nunca morrem".
Esse filme é um que se encaixa nessa frase, pois é um filme de 56 anos atrás que é icônico, memorável, sua trilha virou música de academia, é referenciado até hoje de inúmeras formas em inúmeras obras audiovisuais, todo ano, milhões de pessoas ao redor do mundo assistem ou reassistem esse filme, ele é um clássico definitivo, esse filme está no hall da fama dos filmes, ele é legendário, não existe outra palavra a não ser legendário, o que aqui fez Sergio Leone em sua direção, Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach em suas atuações e Ennio Morricone em sua trilha sonora é um negócio de doido. Esse filme está numa prateleira dos maiores filmes da história, sabe? A lá de cima, a última, ao lado de filmes como "O Poderoso Chefão", "Cidadão Kane", "Casablanca", "Psicose", "A Felicidade Não Se Compra", "12 Homens e uma Sentença" e outros, esse filme tá nesse nível.

O título original do filme já nos coloca na cabeça que temos três personagens centrais no filme: o Bom (Clint Eastwood), o Mau (Lee Van Cleef) e o Feio (Eli Wallach). O Bom é o Pistoleiro Sem Nome, nesse filme chamado a maior parte de "Loirinho", e cara, já falei isso duas vezes, mas é necessário repetir mais uma: Clint Eastwood com apenas duas expressões faciais te dá vontade de sujar as calças, ele não precisa de muito, com pouco ele cria o herói definitivo do gênero de faroeste do cinema e toda a cena que ele aparece ele fala pouco, se mexe pouco, mas quando ele age, não tem quem não ache brilhante, além dele soltar algumas das frases mais icônicas do cinema, como: "Existem dois tipos de homens neste mundo, meu amigo: Aqueles com armas carregadas e aqueles que cavam. Você cava...", "Aqui não há formalidades." e a minha preferida: "Deus não está conosco, porque ele também odeia os idiotas.".

O Mau é o Angel-Eyes ou Olhos-de-Anjo e como ele é o Mau, logicamente ele é o vilão do filme e que vilão sensacional! Ele é o oficial da lei mais desgraçado que você vai ver em um filme de faroeste, só perdendo para o Little Bill Daggett (Gene Hackman) de "Os Imperdoáveis" (1992). Ele quando aparece coloca medo, o Lee Van Cleef tem essa imponência natural, você sente medo só de olhar para a face daquele cidadão, ele é aquele tipo de vilão que ele é um arrombado só por ser, esse arquétipo dele de ser um desgraçado e saber e gostar disso é muito bom, porque o resultado que gera no filme é um dos melhores vilões da história do cinema, é difícil explicar a sensação de medo que você sente ao vê-lo, o Lee Van Cleef passa bem esse tom intimidador e persuasivo, porque o nome Olhos-de-Anjo não é nem um pouco assustador, mas ele na atuação coloca um medo absurdo em quem assiste.

E o Feio é o Tuco (outro nome também nem um pouco ameaçador), ele é o protagonista do filme por algum tempo. Ele tem muito entrelaçado a ele o lance da amizade, vive repetindo frases sobre amizades o tempo todos e quando ele vê o Homem Sem Nome ele vê finalmente um amigo ao lado dele, que ele iria até os confins do inferno por ele e no final vocês sabem o que acontece. Esse negócio da solidão do personagem é muito bem explorado em uma cena no início onde ele depena um frango enquanto fala sozinho fazendo um monólogo icônico e a mensagem que passa é que você sempre acha que seus amigos são verdadeiros, até descobrir o porquê deles terem se juntado a você, essa metáfora para relações interesseiras é muito boa. E o Eli Wallach tem uma das melhores atuações masculinas da história do cinema, ele convence nos sentimentos dele, ele indo dessa solidão, depois para a felicidade, a esperteza, o sofrimento, ele convence em tudo, criando um personagem antológico.

E sr. Ennio Morricone tem uma alta porcentagem na conta desse filme ser memorável, suas faixas "The Good, The Bad and The Ugly" e "The Ecstasy of Gold" são o suprassumo da trilha instrumental no cinema, nenhuma jamais será tão icônica quanto, você assobia a trilha e quem tem cultura reconhece na hora, parece que o Ennio Morricone tava comandando uma orquestra com os instrumentos em chamas, a força que a trilha traz é impressionante, os últimos trinta minutos de filme são marcantes muito por conta da trilha. Inclusive a faixa "The Good, The Bad and The Ugly" é reprisada o filme inteiro e cada vez com um instrumento diferente tocando alguma das partes, isso ajuda muito na canonização da trilha, aumentando ela de prateleira na lista das maiores trilhas da história. Nunca mais no cinema veremos gênios no departamento musical como Ennio Morricone e John Williams, esses dois são insuperáveis!

Já deu para entender que "Três Homens em Conflito" é um dos maiores clássicos do cinema, né? Mas mesmo assim eu repito, esse filme é incrível, fantástico, extraordinário, maravilhoso, fabuloso, assombroso, espantoso, admirável, magnífico, sensacional, sublime, fascinante, impressionante, deslumbrante, fenomenal, espetacular, esplêndido, estupendo, estonteante, esplendoroso, magnificente, portentoso, lindo, belo, bonito, grande, tremendo, radiante, pasmoso. Marcante, icônico, é um dos grandes filmes da história, é simples, porém revolucionário, tudo nele funciona de uma forma perfeita. Se eu ver mais uma vez, provavelmente entra no meu top 10 filmes favoritos!

Nota - 10/10

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