Crítica - Guardiões da Galáxia: Especial de Festas (The Guardians of the Galaxy Holiday Special, 2022)

A preparação para o adeus.

A ideia da Marvel em adaptar os Guardiões da Galáxia lá em 2014 era criar uma família dentro do Universo Cinematográfico Marvel, já que a mais famosa família da editora, o Quarteto Fantástico, ainda estava com os direitos na 20th Century Fox, então eles pegaram essa equipe que ninguém conhecia e transformaram em uma família disfuncional, o que funcionou durante dois filmes focados na equipe e as suas participações em "Vingadores: Guerra Infinita" (2018), "Vingadores: Ultimato" (2019) e "Thor: Amor e Trovão" (2022). Já estamos familiarizados com o time tem oito anos e daqui quase seis meses, estaremos nos despedindo deles de uma vez por todas, então o pensamento de fazer esse especial era nos preparar para o fim com uma história mais leve, descontraída, com uma exalação do espírito natalino e do estilo cômico escrachado característico do homem que transformou o time desconhecido nos queridinhos: James Gunn.

Os Guardiões da Galáxia são tão maravilhosos que eles furam essa bolha do pessoal que acompanha filmes de quadrinhos e vai para a galera que não liga para cinema, nem nada, mas gosta dos Guardiões e aqui temos uma preparação emocional para o fim dessa equipe, já que acompanhamos a história mais descontraída e good vibes da Marvel: Mantis (Pom Klementioff) e Drax (Dave Bautista), vendo que Quill (Chris Pratt) está triste perto da época do Natal, decidem ir para a Terra e buscar o ídolo de Peter, Kevin Bacon (sim, ele mesmo), para causar uma boa surpresa em seu líder. Esse especial não tem vilão e muito menos está preocupado em ser uma grande obra de super-herói, o foco é em ser como um "episódio" simples de quarenta minutos para ver no Natal e nisso, é perfeito, não há muito o que falar sobre, até porque o entretenimento gerado fala por si só, é algo que tem a alma ali, você sente o amor do James Gunn pelos atores e os personagens, tanto que esse especial, indubitavelmente, foi ideia dele, porque eu sinto que ele quis fazer isso para já familiarizar os fãs novamente com a equipe para nos afeiçoar emocionalmente mais ainda lá em maio quando estrear o último capítulo da trilogia, então não é algo que eu sinto como extremamente necessário, mas também não me soa inútil, visto que precisamos entender como está a dinâmica da equipe após anos sem vê-la com grande destaque.

Claramente o James Gunn está parodiando o péssimo "Star Wars: Holiday Special" (1979), que foi a pior ideia que o George Lucas teve na vida, já que ninguém pediu um especial de Star Wars e quando recebeu ainda foi uma das piores coisas ocorridas na cultura pop. Aqui é até parodiado o fato de envolver animação no filme e o estilo colocado pelo Gunn é claramente parodiando essas animações meio travadas dos anos 60/70, um estilo semelhante a "Yellow Submarine" (1968) e também é escancarado a grande paródia quando temos não um, mas dois números musicais (e um envolvendo o Kevin Bacon, deixando-o mil vezes melhor), foi um tempo divertido assistir isso aqui, tem a comédia característica do Gunn, as referências sensacionais ao próprio MCU que são bem nostálgicas e você percebe a moral do cara quando ele tem a liberdade de citar em filme da Marvel os nomes "Batman" e "Bruce Wayne" - irônico.

Mas uma coisa que eu achei legal foi ter dado destaque para a Mantis, que sempre foi uma personagem super coadjuvante, ninguém dava muita bola, ela foi útil nas lutas contra o Ego e o Thanos, mas, convenhamos, ninguém liga. Só que aqui ela tem um papel principal muito bom, um desenvolvimento que a melhora mil vezes e um timing cômico espetacular por parte da atriz Pom Klementioff. Eu curti essa revelação dela ser irmã do Peter Quill (até porque isso era muito óbvio e ninguém tinha pensado) e cara, é um carisma absurdo que se é demonstrado, é impossível não ser cativado pela comicidade e fofura da Mantis. Ainda mais juntando ela com o Drax, a dupla que funcionou perfeitamente no segundo Guardiões, aqui funciona de novo, com o Dave Bautista surtado na atuação, fazendo aquele clássico Drax brucutu malucão que é engraçado por natureza, só que tendo momentos de maior abertura pessoal e emocional justamente por ter encontrado uma nova família por muito tempo, tanto que ele está até cobrindo os mamilos.

A dinâmica da equipe no geral é muito bem mostrada, a liderança firme do Quill, o brucutu gentil que é o Drax, a doçura da Mantis, a esperteza do Rocky (Bradley Cooper), a ingenuidade do Groot (Vin Diesel), a experiência do Kraglin (Sean Gunn) e a amargura da Nebulosa (Karen Gillian) geram essa família tão diferente e adorada pelo público, é justamente essa dispersão de personalidades que faz funcionar tão bem, agora também foi nos mostrada a adição de Cosmo (Maria Bakalova), que aparece rapidamente aqui e já demonstra um carisma e uma fofura imbatível com três minutos de tempo de tela. Mas é impossível falar do filme sem falar do Kevin Bacon, que tem uma participação engraçadíssima, ele é a melhor coisa do especial e a atuação dele é muito boa na proposta, pois vemos eles em diferentes moods (graças aos poderes da Mantis) e ele é espetacular em todos eles, ele até arrisca no violão e na cantoria, o que deixou a participação dele ainda melhor com uma musiquinha marota que ajuda na demonstração de espírito natalino para os alienígenas.

No mais, "Guardiões da Galáxia: Especial de Festas" não se propõe a nada a não ser uma paródia de um especial de natal ruim da cultura pop, o que acaba criando um especial divertido, bonito e tocante. Não tem nenhuma grande pretensão ao universo Marvel, mas a função dele é demonstrar a funcionalidade dos Guardiões como família e já nos preparar para o fim da equipe, cujo os fãs não sairão bem emocionalmente da sala pelo visto, eu mesmo já estou com saudades deles só pelo especial. Até o Kevin Bacon em si participou para fazer uma referência pika. É incrível o amor do James Gunn por esse universo e esses personagens, com certeza é isso que faz os filmes da equipe estarem carimbados entre os melhores do MCU. Muito lindo e que venha o Volume 3!

Nota - 8,0/10

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