Crítica - Babilônia (Babylon, 2022)

O maior Oscar Bait de todos os tempos.

Damien Chazelle é um diretor relativamente recente, surgindo para o grande público e a grande mídia com "Whiplash - Em Busca da Perfeição" (2014) e logo depois com seu tão aclamado, lembrado e irritante "La La Land - Cantando Estações" (2016) - e também "O Primeiro Homem" (2018), só para não deixá-lo mais excluído do que já é. É um diretor que foi caindo nas graças do público com seus longas bem feitinhos, bem editados, bonitinhos visualmente, mas que eu tenho orgulho de dizer que NUNCA me enganou, pois eu não gosto de Whiplash, nem de La La Land (e O Primeiro Homem é bacana até) e eu sempre achei seu cinema muito invariável e superficial, jamais me agradou de alguma forma a não ser visual. Aqui então, poderia ser um dos dois: ou ele lançaria um épico que me fizesse mudar toda a minha opinião sobre ele, ou ele lançaria mais um longa fraco que me faria detestá-lo mais, e adivinha? Foi a segunda opção, e olha que eu não tinha nenhuma expectativa de que fosse bom, mas me surpreendeu porque não é só ruim, é HORROROSO, é algo inacreditável! Sério, eu fiquei com raiva assistindo a obra, é a coisa mais vazia e fútil do cinema, feito só para ganhar Oscar e tirando alguns aspectos técnicos como figurino, trilha sonora e direção de arte, o que sobra são três horas de conteúdo irritante e difícil de ser terminado.

Primeiramente, não começa ruim, os primeiros vinte minutos são bons, são legais, divertidos, apresenta bem os personagens e o mundo que acompanharemos nesse suposto "épico sobre cinema", mas o que vem a seguir é uma sequência de acontecimentos desconexos, em uma edição confusa, mal feita e irritante, personagens jogados do nada na trama, desenvolvidos como uma diarréia e retirados da narrativa de jeito abrupto. É irritante, essa é a palavra que define, é a coisa mais insuportável que o diretor já fez e olha que ele é o diretor de La La Land que é um dos filmes mais intankáveis da história. Não evolui, fica parado na mesma chatice toda hora e ainda a montagem tenta criar um ritmo na tentativa de não deixar chato, mas falha miseravelmente porque meu único pensamento enquanto assistia era "ACABA POR FAVOR", eu parecia o GIF do Capitão Pátria no cinema, porque eu simplesmente não aguentava mais olhar aquela bagunça. Não é possível que um produtor olhou e aprovou um negócio desses, ou só aprovou por causa que fala de cinema, tem emoção, várias referências à velha Hollywood e é uma grande metáfora para tudo isso, ou seja, é um dos Oscars baits mais puros já feitos, se bobear é o pior já produzido, porque, novamente, é SIMPLESMENTE INACREDITÁVEL!

A narrativa é toda bagunçada, já que se divide no foco de vários personagens: Manuel Torres (Diego Calva), um jovem imigrante buscando espaço na indústria; Nellie LaRoy (Margot Robbie) uma talentosa e insolente estrela do cinema falado! Jack Conrad (Brad Pitt), o maior ator do cinema mudo que perdeu espaço na transição; e Sidney (Jovan Adepo), um saxofonista negro que ganha destaques e luxos, porém sofre racismo na indústria. Basicamente são esses quatro personagens que tem algum arco desenvolvido, não significa que são bons. Através deles, há uma demonstração sobre transição dos filmes mudos para os falados, vários longas já discutiram sobre isso, mas qual o mais clássico deles? Sim, "Cantando na Chuva" (1952), musical marcado na história da sétima arte. Só que aqui não basta já a trama ser ruim naturalmente, os caras ficam durante toda a exibição em tentar ser a metáfora mais óbvia possível para o filme do Gene Kelly, mas não só isso, porque tiveram a proeza de passar DEZ MINUTOS explicando isso. Pô, na sinceridade, algo que fica dez minutos explicando uma metáfora óbvia não pode ser bom, não só por ser clara, mas também por eles não saberem que uma metáfora naturalmente deveria ser implícita.

O brabo é que americano gosta desses filmes, que falam sobre cinema, tem uma metáfora, tem boa parte técnica, trilha sonora bem composta, atores famosos em papéis principais e participações especiais. Só que eu não entendo como alguém viu algo tão abrupto, mal editado e conseguiu gostar. Literalmente o tom do filme é quase inexistente, é uma bagunça, não sabe se quer ser drama ou se quer ser comédia, e quando é uma baita cena dramática sempre tem que meter uma piadinha em algum momento dela. Uma cena que me incomodou é que teve um SUICÍDIO no filme, e três segundos depois já começa um jazz, uma montagem frenética e um momento de comédia como se nada tivesse acontecido. O cara não sabe o que quer ser, que filme que ele fazer, não sabe controlar o tom entre o trágico e o engraçado, é uma bagunça narrativa gigante. Também, a tentativa da comicidade não funciona, eu só ri algumas vezes na primeira parte, com o Brad Pitt falando italiano no carro com a Olívia Wilde (coitada dela em 2022, divórcio, diretora de um filme bombardeado e outro que ela faz uma ponta pequena e some) e depois disso a cena que o cara entra no set atrapalhando a gravação e todo mundo vai dar porrada nele, mas só isso. Além disso, através do Sidney ainda tentam colocar uma crítica social sobre racismo na indústria, que é sempre válida e até é chocante, mas o personagem está tão deslocado que é quase impossível se apegar a ele e ao sofrimento e desconforto que está acontecendo, não bastasse isso, ele é esquecido por mais de quarenta minutos depois e aparece para uma cena que não tem qualquer relevância e novamente some. Sinceramente, essa parte foi incluída só para enganar votante trouxa da Academia.

Inclusive nenhum personagem parece relevante, esses arcos todos são fúteis, você não se importa com nenhum dos personagens e nenhuma das atuações são agradáveis. Cara, esse Diego Calva é tenebroso, atuação mais caricata impossível, zero carisma, é o principal mais dane-se da temporada de premiações, você não dá a mínima para ele nem no início e o diretor realmente tava achando que ele estava fazendo um dos maiores desenvolvimentos de personagem de todos os tempos, porque ele tenta vangloriar esse cara de bunda como se fosse um baita protagonista brabo, mas se não fosse as 849 vezes que a mulher repete o nome dele, eu nem saberia. A Margot Robbie é melhor, só que mais pelo carisma dela do que pelo próprio longa, ela convence no início como a jovem sonhadora, que quer ser a estrela sem ser exagerado ou overacting, ela tem cenas que são excelentes e outras que visivelmente foram feitas como opção para passar no clipe do Oscar (nem foi nomeada, se ferraram kkkkk), ela tem alguma coisa charmosa, conquistadora, mas que não dá para criar apego por culpa da direção. E o Brad Pitt na performance mais canastra da carreira dele, ele tá fazendo uma versão depressiva dele mesmo e algumas vezes ele dá uma exagerada que também deve ter sido coordenado para mais uma indicação de coadjuvante, ele tem algumas boas cenas, como ele falando italiano malucão, a primeira cena dele com o Calva, mas no resto ele tava lá pelo cachê e para ter o nome dele na divulgação.

Única parte que salva é a técnica e olhe lá, porque a montagem é inacreditável de ridícula, é confusa, não segue as timelines de maneira coesa, fica indo e voltando em cada linha narrativa e isso me dava uma agonia, uma raiva e principalmente, deixava lento e chato de assistir. O que salva é só o que tá indicado ao Oscar mesmo. O design de produção (que deve ser o prêmio que essa porcaria deve ganhar) é muito bem construído, a reconstrução da Hollywood clássica é bem acurada e construção de outros locais diversos como o clube malucão do Tobey Maguire (completamente subaproveitado inclusive), a casa da festa no início, os sets no deserto, é bem feito, mas para o Oscar eu penso que não deveria ganhar porque não é tão original, pelo menos recentemente, já que dois filmes sobre Hollywood de antigamente foram premiados merecidamente nos últimos três anos ("Era uma Vez em Hollywood" na edição de 2020 e "Mank" na edição de 2021). Figurino acho que seria a única categoria que eu indicaria essa bosta, porque consegue trazer um lado que convence sobre essa era de ouro do cinema norteamericano, o fantástico nas roupas, o capricho, a identidade, tudo que tem de minimamente original vem por conta das roupas, principalmente as da Margot que deixam a personagem dela um pouco mais viva. Trilha sonora é o grande destaque que todo mundo faz, o encontro de uma trilha cinematográfica com o jazz que é desenhada pelo Justin Hurwitz é bem interessante e criativa, mas não é memorável e muito menos eleva o longa de algum jeito. Se

Uma aula de como fazer um Oscar bait e fracassar miseravelmente na premiação, "Babilônia" são três horas de encheção de saco e o diretor se achando picudo e inteligente por fazer uma metáfora óbvia e um desenvolvimento de personagem mega padrão achando que tá enganando o público com sua suposta genialidade e talento que ele nunca teve de verdade. Aqui prova que Chazelle é um diretor fraco, sem originalidade, monótono e que só pensa em Oscar, fazendo um filme vazio sobre isso tentando parecer uma carta de amor, mas parece que ele odeia o cinema por ter feito uma obra tão ridícula e burra. Atuações boas que não salvam personagens sem carisma e importância, diálogos vergonha alheia, um filme inconstante que quer ser tudo e não é nada, porque tem três horas e eu o terminei como se não tivesse visto algo. É o mais próximo de vazio que um filme pode chegar. Só salva a parte técnica, de resto, joga fora.

Nota - 3,0/10

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