Crítica - Invasão Secreta (Secret Invasion - Minissérie, 2023)
Começou como salvação, terminou como tragédia.
Marvel decide novamente adaptar outra de suas grandes sagas de sua história nos quadrinhos, dessa vez mexendo com a história dos anos 2000 que dá nome ao seriado Invasão Secreta, que é uma história bem divisiva, mas que traz algo novo e original ao adicionar o elemento de paranoia, pois retratam os Skrulls, uma raça alienígena de transmorfos que se infiltram nos Vingadores e em todo o planeta Terra para causar a discórdia. No MCU, a raça skrull é apresentada em "Capitã Marvel" (2019), cujo lá há uma quebra de expectativa e a visão que temos é que os aliens verdes são na verdade as vítimas da história. Entretanto, não foi isso que impediu futuras rebeliões da raça na Terra e é o que dá origem à trama. No marketing da série, foi vendido que seria bem diferente dos quadrinhos, onde aqui veríamos um estilo parecido com o de "Capitão América 2: O Soldado Invernal" (2014), onde o principal é o drama político e a espionagem, mas com aquele espírito paranóico pairando o ar. Em seis episódios, tivemos dois iniciais interessantes, os dois do meio incríveis, o penúltimo já tem uma queda, mas o último simplesmente conseguiu arruinar toda a série, me arrependi da maioria dos elogios que a fiz durante as últimas semanas depois de ver como a obra foi massacrada em trinta e cinco minutos.
Anos após ser blipado e ficado depressivo e reflexivo, Nick Fury (Samuel L. Jackson) retorna à Terra para combater a invasão dos skrulls, povo qual ele trouxe para o planeta após os eventos do final de Capitã Marvel, onde ele conta com ajuda de Talos (Ben Mendelsohn) e Maria Hill (Cobie Smulders) para contê-la. Nisso, Fury precisa lidar com Gravik (Kingsley Ben-Adir), líder da rebelião skrull, que é um antigo agente comandado por ele na S.H.I.E.L.D., além de conhecermos G'iah (Emilia Clarke), filha de Talos, que trabalha como agente dupla para seu pai e o vilão, e também Sonya Falsworth (Olivia Colman), uma espécie de "Nick Fury britânica", só que muito mais insana em seus métodos de adquirir o conhecimento das coisas. A trama vai se construindo lentamente ao longo dos quatro primeiros episódios, encaminhando para um final que poderia ter mudado as rédeas da empresa e revolucionado a forma de ver os longas, mas não, a série tem o final mais vergonhoso e covarde de todas as séries da história desse universo até então, o que acontece é que a série comprova no final que era um filmezinho qualquer genérico que cortaram em seis, filmaram umas ceninhas extras quaisquer e jogaram um arquivo por vez no algoritmo do Disney+, que sériezinha vagabunda.
Nos primeiros episódios, a série demonstra muita personalidade, originalidade e aparenta ser bem interessante, com decisões criativas corajosas, como matar uma personagem relativamente importante e querida como a Maria Hill no primeiro episódio e depois o Talos, co-protagonista da série, no quarto. O problema é que essa série se foi junto com o nosso skrull favorito, pois meu pai amado, que reta final terrível. O quinto episódio é até bom, é aceitável, mas meu irmão, esse último episódio reflete o salário baixo que os roteiristas da Marvel tão recebendo, porque parece que o cara que escreveu fez de sacanagem, recebeu mal e digitou qualquer coisa para tentar enganar Youtuber nerd e de react que a série é épica e sabe fazer fanservices maravilhosos, colocando referências a todos os personagens com poderes dentro do universo (e até alguns que não fazem o mínimo sentido serem referenciados). Isso contradiz os primeiros episódios, já que empolgava pelos próprios ocorridos, mas no final desnecessariamente apelaram para referências desnecessárias, preguiçosas e que não fazem sentido algum, os caras meteram um fanservices ao tenebroso "Homem de Ferro 3" (2013) na forma que o vilão é derrotado, a série no final conseguiu ser incompetente EM TUDO!!! INTANKÁVEL!!!! INTANKÁVEEEEEEEEEL!!!
O protagonista é o Nick Fury, um dos personagens que mais apareceu em todo o MCU, aquele que é conhecido como um dos mais inteligentes e bad-ass de todo esse universo. Ele começa bem, tendo uma fragilidade que não imaginaríamos sendo explorada em nenhum ponto, mostrando ele com medos e inseguranças, e aqui explora muito mais dele, apresentando sua esposa Priscilla (Charlayne Woodward), também conhecida como V'arra, uma das skrulls que ele ajudou a resgatar no passado. Aqui, parecia que veríamos um lado dele que nunca vimos, que mostraria ele como o agente e diretor brabíssimo que ele sempre aparentou ser, mas descobrimos que ele não passa de uma farsa que não seria absolutamente nada se os skrulls não trabalhassem para ele e para a S.H.I.E.L.D. e que ele é um péssimo marido, que abandonou a esposa sem mais nem menos para ficar no espaço, que maneira de se tratar o personagem que está há quinze anos nesse universo, o ator que está há mais tempo no papel dentro da Marvel, e simplesmente em trinta e cinco minutos finais transformaram ele num lixo total que desmistifica tudo que já aprendemos sobre ele, não só arruinando a série, como momentos de obras anteriores. Apesar disso, Samuel L. Jackson tem bons momentos de atuação, tipo a cena dele no trem conversando com o Talos, ou o jantar com o "Rhodes" (Don Cheadle) e até a cena final do episódio quatro onde ele se põe em uma cena de ação e manda excepcionalmente bem. Uma pena o que fizeram com o coitado no final.
O grande ponto positivo da série são as atuações e os diálogos, que realmente, nos primeiros episódios são o que se destacam, principalmente quando envolve o Talos. O Ben Mendelsohn engole os outros na atuação, é impressionante, como Samuel L. Jackson é um confronto, mas quando ele dialoga com a G'iah ou com o Gravik ele dá uma aula, passando seriedade, a experiência do personagem em cena, fazendo uma performance que é muito sólida nessa persona que ele cria desse cara que se divide entre a concordância com o pensamento do Gravik e a razão em saber a insanidade por trás daquilo. A Olivia Colman também está excelente, a personagem dela é bem legal, é bem diferente dentro do MCU e ela performa de maneira cínica, ele tem esse cinismo enraizado no olhar e na expressão facial de que ela é centrada, mas que ao mesmo tempo é maluca e fatal, ela lembra a professora Umbridge de "Harry Potter", até pelo sotaque e pelas cenas que ela precisa demonstrar a que veio. Quanto ao nosso vilão, o Gravik, é bem interessante, a frieza passada pelo Kingsley Ben-Adir faz crermos na insanidade daquele cara e que ele é perigoso e traumatizado, atuando muito bem na minha visão, ele tinha potencial para ser reutilizado dentro do UCM, poderia ter sido uma saída interessante.
A Emilia Clarke é a Emilia Clarke, mais uma atuação genérica das sombrancelhas e déficit de expressões que só presta minimamente pela nostalgia da Daenerys, e ao final simplesmente ela se torna a personagem mais poderosa de todo esse universo e é capaz dela solar o Kang sozinha. Ainda matam ela no meio da série como se fosse causar algum impacto, só que aí, Marvel, NINGUÉM LIGA PARA A G'IAH, NINGUÉM SE IMPORTA, ao término da série eu me importo menos ainda. Uma boa atuação mesmo é a de Don Cheadle como Rhodes, que na verdade não era o Rhodes, mas sim um skrull, e o que me indigna é que ele é o ÚNICO PERSONAGEM RELEVANTE que virou skrull, achei que no último episódio viria uma revelação bombástica de quem é skrull e quem não é, mas não ocorreu nada... Enfim, Don convence demais ao interpretar literalmente outro personagem, transformando um herói que gostávamos em uma figura antagônica em que sentimos repulsa a cada uma dessas atitudes, além da revelação do final que foi uma das poucas coisas que realmente prestou nesse último capítulo.
Vocês já me viram falando dessa série por seis semanas, eu sinto que já falei tudo que tinha para falar ao longo dessas semanas, e gostaria de retirar os meus elogios aos episódios do 1 ao 5, pois em um encerramento covarde, medíocre e vergonhoso, "Invasão Secreta" se torna mais uma desilusão de séries da Marvel, mas essa foi outro nível, pois conseguiu ARRUINAR A SÉRIE INTEIRA e mais, arruinou coisas de todo o Universo Cinematográfico da Marvel. Cara, eu nunca vi isso, tem que entrar na lista de piores finais de séries de todos os tempos, porque parece que fizeram de sacanagem. Pode soar exagerado eu tirar pontos da série, eu elogiei ela por cinco episódios, mas só por causa de um eu irei abaixar a nota? Bom, pode parecer exagero para quem não assistiu, mas quem tava vendo sabe que o que eu estou falando é real, é tenebroso e eu darei uma relevada por conta de boas cenas e atuações isoladas. De resto, gostaria de voltar no tempo e não ter assistido, e também falar que a única invasão secreta mesmo existe até na vida real, se chama colonoscopia.
Nota - 5,5/10