Crítica - Avatar (2009)

A essência perfeita do blockbuster.

Avatar, um dos maiores fenômenos da história do cinema, foi e é maior bilheteria de todos os tempos, é revolucinario em questões técnicas, gráficas e por aí vai. Mas, é óbvio que não é um consenso, há uma divisão gigantesca, há uma fanbase enorme, assim como há muitos haters, mas por que esse hate? Porque é a maior bilheteria de todos os tempos. Muitos vão discordar, mas tirando a popularidade, não vejo nenhum motivo para esse ódio todo, é um filme com uma história simples, é belíssimo visualmente, as mensagens são importantes, a mitologia criada é incrível, emocionante, você consegue sentir que todo mundo envolvido aqui quer fazer um dos melhores blockbusters de todos os tempos e conseguiram, quer fazer algo que é divertido, mas que ao mesmo tempo é reflexivo, é emocionante e ele, na minha visão, consegue. Esse filme é totalmente overhated, ele é odiado mais do que deveria, é inacreditável que em pleno 2022, o ano da eleição, o ano da copa, o ano da tecnologia, ainda tem gente que não gosta desse filme por um motivo idiota.

Eu já falei no texto sobre "Exterminador do Futuro 2: Dia de Julgamento" (1991) e repito aqui: James Cameron é um gênio! O cara pega histórias simples e as enche de pura emoção. Esse aqui mesmo, sim, a história é bem comum, mas a emoção nesses casos é mais importante que a lógica, a simplicidade da história é o que torna único, há sim suas inspirações como "O Novo Mundo" (2005) de Terrence Malick, há algumas acusações de plágio, que não vem ao caso por serem irrelevantes, mas a emoção que causa é um negócio único. Vemos Jake Sully (Sam Worthington), um ex-fuzileiro paraplégico que vai em uma expedição ao planeta Pandora e se transforma em um avatar de um Na'vi (a raça dominante de Pandora), porém ele se perde da sua equipe e acaba parando no meio da tribo Omaticaya, se apaixonando por Neytiri (Zoe Saldana) e tentando se tornar um dos Na'vi. O James Cameron cria uma experiência de imersão absurda, a minha atenção não saia da tela, o tempo passou muito rápido, são quase três horas que voam, você entra naquele mundo, ver esse filme no cinema agora no relançamento então foi algo que aumentou mais ainda a imersão, principalmente vendo em 3D e eu não gosto de ver filme 3D, mas nesse filme (que praticamente o inventou) funciona muito bem, você sente aquele ambiente perfeitamente, foi maravilhoso ter a oportunidade de ver esse filme no cinema, é muito mais legal que ver na minha TV de 30 polegadas.

Eu gosto muito de como o Cameron cria os Na'vi, no papel não parece muito interessante a história de indígenas alienígenas azuis de três metros de altura, mas na prática é algo incrível, a construção dos Omaticaya, as crenças, a religião, a devoção à Deusa Eywa, é tudo muito lindo, ao longo do filme você se apega àquela tribo e àqueles personagens, quanto mais sobre os Na'vi você vai aprendendo, mais você vai gostando deles, dá para sentir o empenho que o Cameron teve em fazer aquilo, ele contratou um cara para criar um idioma para esse povo só para ter uma noção. O que eu gosto é que o filme transpassa muito visualmente, vemos uma construção artística impressionante, tem cenas belíssimas que não são feitas só para serem bonitas, tem funções narrativas, a questão toda da floresta, da Árvore-Lar, o brilho na selva, é tudo muito belo e que demonstra perfeitamente o que aquela tribo representa e estava, tanto que depois que a selva é devastada, esse brilho some, como se a alegria de viver do povo também tivesse sumido.

A mensagem que essa devastação e os personagens do Coronel Quaritch (Stephen Lang) e do Dr. Parker (Giovanni Ribisi) provam é o quanto a natureza humana é ser destrutivo, porque nós humanos vemos um lugar que obtém algo interessante e não ligamos, vamos para cima em busca daquilo, não importa o que tenha lá, o tanto de pessoas que vivem ali, se tem famílias, crianças, bebês, não importa, o que importa mesmo é cumprir objetivos com fins egoístas. Esse filme é uma perfeita crítica a colonização, vemos o quanto colonizadores são pessoas insensíveis, que só querem saber de tal matéria-prima e não ligam se alguém vai se ferrar por conta disso, além de falar de questões sobre destruição ambiental, como os humanos chegando na natureza e destruindo, pondo abaixo sem pensar nas possíveis consequências, desmatando, demolindo, queimando... Isso me faz refletir o quanto nós somos ingratos com o que a vida nos dá, um lugar tão incrível quanto Pandora sendo destruído por motivos fúteis, isso (infelizmente) é uma representação perfeita da humanidade.

Eu gosto muito dos personagens do filme. O Jake é um protagonista legal, ele é aquele clássico personagem com o dom do protagonismo, as coisas só ocorrem com ele por ele ser a figura central, mas brincadeiras à parte, ele é um protagonista legal, básico, que você se apega e torce por ele, mas o mais legal dele é o fato do avatar na'vi de computação gráfica ser mais expressivo que o Sam Worthington naturalmente. A Neytiri também é uma personagem bastante legal, ela é uma guerreira forte, bad-ass, ela impõe respeito e é necessário dar um respeito gigantesco à Zoe Saldana por conseguir ter uma atuação expressiva conseguindo passar emoções através de um boneco de CGI, isso também é mérito da equipe de efeitos visuais mas isso é assunto para daqui a pouco. Tem a Dra. Grace Augustine (Sigourney Weaver) que é a representação da parte defensora dos nativos, é a Sigourney Weaver, ou seja, é incrível, é uma personagem que você vai gostando mais ao longo da exibição e é muito legal como é explorado essa relação dela com o Povo Na'vi, não algo de cientista, é uma fascinação genuína pela cultura e pelo povo e a morte dela é uma das mais emocionais do cinema, é realmente triste.

É impossível falar sobre Avatar sem falar sobre a técnica dele, em especial nas questões visuais, tanto que o filme ganhou três Oscars e os três relacionados ao visual: Melhor Design de Produção, Melhor Fotografia e Melhores Efeitos Visuais. A construção de mundo eu já falei, é maravilhoso, a imersão que cria é inacreditável e é bonito demais, a selva brilhante na noite é a coisa mais bonita que eu já vi no cinema visualmente, o contraste da escuridão com o azul, verde e roxo néon é fascinante. Mas o destaque é a computação gráfica, em 2009 os caras conseguiram fazer aquilo, pega essa imagem mesmo aí que tá na crítica, dá para ver os poros da pele, os detalhes do lábio, é algo impressionante, é inacreditável atualmente, o que torna ainda mais inacreditável é ter dezenas dessa espécie com feições diferentes, com personalidade, com detalhes na pele bem detalhados e é mindblowing, eu fico embasbacado com o trabalho que foi feito, até hoje é incrível, esse filme mesmo sendo feito há treze anos continua sendo o filme com melhores efeitos visuais do cinema, em questão de técnica, qualidade e utilização.

Também é preciso destacar a trilha sonora de James Horner, uma lenda da composição cinematográfica que aqui faz uma de suas várias obras-primas, ele equilibra bem os momentos de emoção, de tensão, a música estrala na tela e aumenta a imersão, tem um cântico lírico baixo frequente que é a trilha reconhecível do filme que é uma composição básica mas que emociona pela emoção que ele põe na música. Inclusive James Horner já faleceu e essa trilha foi reutilizada no trailer da continuação como uma homenagem do Cameron ao seu amigo.

Em "Avatar" temos um espetáculo blockbuster completo: tem ação, tem aventura, tem fantasia, tem sci-fi, tem romance, tem inovação tecnológica, tem trilha sonora marcante, tem crítica social, tem entretenimento e principalmente: tem emoção, tem tudo que um blockbuster precisa ter para ser marcante. É revolucinario em questões técnicas, é belíssimo visualmente e com mensagens críticas e atuais sobre a própria raça humana e suas naturezas destrutivas e ingratas. É um filme detestado por motivos errados, tudo bem desgostar do filme pela história, por falta de aproximação, mas é injustamente odiado por ser a maior bilheteria, eu duvido que teria esse hate todo se tivesse feito menos que um bilhão, é igual "Titanic", que era o filme "modinha" odiado até o lançamento desse aqui e agora há esse e mais alguns odiados pela fama. Mas, em resumo de tudo que eu disse: James Cameron é um gênio! GÊNIO! Quero ser igual a ele quando crescer.

Nota - 10/10

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