Crítica - Cobra Kai (4ª Temporada, 2021)

Assim como os anos 80: INSANO!

É impressionante o que essa série se tornou, começou como a historinha do Johnny Lawrence (William Zabka) tentando recriar o Cobra Kai e agora virou um negócio absurdo que chega a arrepiar, as emoções que essa série passa é só assistindo para entender, você fica empolgado com um bando de adolescente caindo na porrada, você se empolga com as lutas, com as atitudes dos personagens, é um negócio que vem e mexe com as emoções, eu não sei explicar o que acontece mas eu volto a ser criança vendo essa série, aquilo que acontece na tela empolga, é algo que eu assisto com um sorriso no rosto a maior parte do tempo e não é que a nostalgia bate, é que é verdadeiramente bom, é inacreditável a qualidade que a série possui e agora com o investimento da Netflix os caras conseguem fazer loucuras que visivelmente sempre almejavam desde a primeira temporada, é épico, é completamente insano.

O ponto alto dessa quarta temporada na minha visão é o retorno de Terry Silver (Thomas Ian Griffith), o vilão canastrão e estranhamente assustador do terceiro filme, ele aqui tem um comeback e é maravilhoso como isso se desenvolve. Silver tem TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) por causa do que houve no Vietnã e desde o primeiro episódio vemos que ele também tem trauma do que houve em 1985 no torneio que baniu o Cobra Kai do All-Valley Tournament por várias décadas, aí nesse primeiro episódio assistimos ele como um magnata comum, que está superando esses traumas todos, mas quando John Kreese (Martin Kove) reaparece tudo aquilo que ele escapou nos últimos 35 anos volta à tona e ao longo dos episódios ele vai ficando cada vez mais louco, até que ele fica totalmente maluco, o cara é doente, você nas temporadas anteriores achava o Kreese doido, mas esse cara é milhares de vezes pior. O Thomas Ian Griffith também melhorou absurdos na atuação (todo mundo antigo na verdade, 30 anos se passaram e os caras evoluíram demais), tem várias cenas de destaque dele, mas as maiores são as que ele tá bêbado lá para os últimos episódios e ele dá uma surra em um dos personagens e é algo que amedronta nós espectadores e a desconstrução do Silver se completa, no último episódio é mostrado isso quando ele quase bate no Robby (Tanner Buchanan) após uma fala dele, depois compra o juíz da final feminina e por fim, prende o próprio amigo/sócio para ficar maior ainda. Que vilão fantástico!

Outro destaque é a aminimizade de Daniel-San (Ralph Macchio) e Johnny Lawrence, dessa vez juntos e mais uma vez eles se separam porque eles não aceitam terem características iguais. Metade da temporada são com eles trabalhando juntos, a outra eles estão separados de novo e funciona muito bem em ambas, a gente fica iludido por metade da temporada pelo bromance dos dois mas a implicância deles um com o outro sempre fala mais alto. Um dos meus episódios favoritos é o que Johnny aprende o Miyagi-Do e Daniel aprende o Presas de Águia, é muito legal ver essa subversão deles, o Johnny pintando parede e zoando com o fato do Daniel conseguir mão-de-obra grátis e o LaRusso sofrendo para fazer exercícios extremos, cara que legal que é ver isso, ainda vem a consagração na cena final onde o Daniel cai na porrada com um grupo de malucos e o Johnny não entrar briga. E essa implicância deles é vista quando os dois decidem lutar porque eles não conseguem concordar em uma coisa e isso já é suficiente para destruir a amizade deles, eles tem uma luta incrível e que acaba meio que em empate e quando pedem auxílio do VAR não tem outro ângulo, isso é uma referência genial porque eles literalmente pedem para ver o outro ângulo, o que é exatamente o que nenhum deles faz, só olham outras visões quando lhes convém, essa cena de dez segundos foi sublime, simples e brilhante.

Os jovens acabam tendo maior desenvolvimento. Sam (Mary Mouser) e Miguel (Xolo Mariduena) com um relacionamento já estabelecido e pelo visto continuará assim até o resto da série, a Tory (Peyton List) é muito melhor trabalhada, vemos que ela não é só uma delinquente, tem coisas que ocorreram na vida dela que contribuíram para que ela ficasse daquele jeito durona e meio rude (falo mais disso depois) e também vemos Demetri (Gianni DeCenzo) deixando esse estigma de nerd fracassado para apenas nerd, mas o grande destaque é Eli Moskowitz, o Falcão (Jacob Bertrand). Se na temporada anterior, sua redenção havia sido apressada e com um gosto meio agridoce, aqui há a redenção perfeita para ele por tudo que ele fez de ruim nas temporadas anteriores. O certo turning point da temporada é quando o Cobra Kai corta o moicano do Falcão e com isso ele perde toda autoestima, é como ele deixasse de ser quem ele era e ele volta a ser o velho Eli, mas Eli descobre que ele não precisa de um moicano colorido para ser o brabo, o cara vai recuperando sua autoestima e ganha o torneio. Isso eu também curto na série, ela escapa dos clichês muitas vezes, quando que iríamos imaginar que o Eli seria o grande campeão do torneio? Esse plot twist foi maravilhoso e o personagem se eternizou de vez na franquia.

Também tem uma trama das crianças envolvendo o filho do Daniel, Anthony (Griffin Santopietro) fazendo bullying com um nerdola chamado Kenny (Dallas Dupree Young), essa subtrama e introduzida no segundo episódio da temporada e logo você pensa "que m*rda é essa?", mas depois vemos que toda essa trama das crianças é contribuinte para a jornada do Robby. O personagem tem um upgrade gigantesco nessa temporada, Robby é do Cobra Kai mas isso não significa que ele seja verdadeiramente um Cobra Kai, ele visivelmente discorda de várias das atitudes do Kreese e do Silver e essa jornada dele de ser mentor do Kenny foi muito boa para o personagem, deu mais humanidade a ele e apesar de ser um antagonista, ele ficou mais adorável que nas temporadas anteriores, tanto que é com Kenny sendo corrompido pelo método do punho que Robby percebe que ele tá do lado errado da história e tem a reconciliação dele com o pai em uma das últimas cenas. O relacionamento dele com a Tory também é muito bom, começa naquela de rivalidade porque ele tava no Miyagi-Do e blá blá blá, mas aí quando os dois se dão bem, fica muito bom na tela e eles dois tem mais química com que seus antigos parceiros românticos, com toda certeza.

Tory é outra personagem que tem uma evolução notável, desde a última temporada há todo um desenvolvimento da história dela, uma aproximação paternal do Kreese e aqui vemos mais ainda como ela é ferrada, tendo que trabalhar em empregos humilhantes para sustentar ela e o irmão, por alguns segundos na série insinuaram que ela era stripper e no final era uma animadora de festa infantil, mas o fato dela ser stripper era algo tão crível que é assustador. Fizeram uma aproximação dela com a Amanda (Courtney Henggeller), uma mentoria que ela precisava, a sabedoria da Amanda ajudando essa Tory é muito legal, foi uma das melhores coisas que fizeram nessa série e ajudou muito a humanizar a Tory, tanto que na final feminina do torneio ela chega a perguntar se a Sam está bem após um golpe que ela cai no chão e ela vence a luta com uma cara de bunda. Amanda é uma personagem maravilhosa também, além de ser MILF, é uma das personagens mais bondosas e carismáticas dessa série, ela é quem bota ordem nos personagens, seja na Sam, no Daniel ou na Tory, no início ela parecia só uma mãe que quer parecer descolada, mas agora a cada temporada ela vem evoluindo e vamos descobrindo cada vez mais sobre ela e ela vai ficando melhor com o passar dos episódios, esse outro lado que nunca pensamos em ver é algo chocante.

Uma coisa que tem que ser exaltada são as coreografias de luta, porque a evolução é muito grande. As lutas são muito bem feitas, a coreografia é muito bem trabalhada e a câmera é bem usada a favor de não percebemos que os golpes não pegam e etc. Tem várias cenas que se destacam: o Daniel contra o time de hockey, o confronto entre Daniel e Johnny e, obviamente, os duelos do torneio, onde vemos várias batalhas que são incríveis e muito bem produzidas em questão de movimentação, ângulo e a emoção envolvida na cena, os destaques são: Eli vs Kyler, Demetri vs Robby, Samantha vs Piper, Eli vs Robby e Samantha vs Tory. Outra coisa a ser exaltada novamente é o retorno de personagens a favor da narrativa, tem o já citado lá no segundo parágrafo Terry Silver e agora tem retornos de personagens das primeiras duas temporadas da série que saíram do elenco, como Aisha (Nichole Brown) que é muito útil para a jornada de Sam; O grandioso, o lendário, Arraia (Paul Walter Hauser), que tem uma participação incrível que culmina num plot twist impressionante no último episódio, incrível e Chozen (Yuji Okumoto), que será regular na próxima temporada e tem um retorno arrepiante.

Essa 4ª temporada de "Cobra Kai" foi absolutamente insana, a melhor temporada da série. Todos os personagens evoluídos ao seu máximo, todo mundo bem feito, o melhor vilão da franquia mostrando realmente o porquê é o melhor vilão da franquia. Você gosta do Miyagi-Do, você gosta dos Presas de Águia, você desgosta do Cobra Kai, é uma série que a cada episódio melhora. Essa série é totalmente perfeita no que se propõe, ser a série descontraída da atualidade que todo mundo vê, todo mundo curte ver e fica maluco enquanto assiste. Essa temporada é igual o metal/rock dos anos 80 tão reverenciado na série: insano, pesado, poderoso e épico.

Nota - 10/10

Nota por Episódio:
4x1: "Let's Begin" - 9,0/10
4x2: "First Learn Stand" - 8,0/10
4x3: "Then Learn Fly" - 9,5/10
4x4: "Bicephaly" - 10/10
4x5: "Match Point" - 10/10
4x6: "Kicks Get Chicks" - 10/10
4x7: "Minefields" - 8,5/10
4x8: "Party Time" - 9,0/10
4x9: "The Fall" - 10/10
4x10: "The Rise" - 10/10

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