Crítica - Cobra Kai (5ª Temporada, 2022)

Isso fica cada vez melhor!

🚨 Texto com spoilers 🚨

Na moral, eu estou embasbacado com o que eu acabei de assistir, é impressionante como essa série é boa, não tem nenhum compromisso com nada, é uma sessão da tarde para se divertir e nisso é perfeita, foi assim por duas temporadas, depois na terceira e na quarta temporada, outras proporções foram tomadas e a série teve uma subida boa de nível, agora chegamos em uma quinta temporada extremamente mais madura que conserta erros do passado e abre um vasto caminho para o que vem pela frente, é o encerramento de um arco mas agora vai começar outro que eu não sei o que esperar, mas espero que seja tão bom quanto. Sabe, muita gente me critica por gostar dessa série, mas elas nem viram, falam porque acham um filme dos anos 80 ruim, esse preconceito eu acho muito engraçado porque só julgam baseado nisso, sendo que é algo diferente, é bem mais denso, melhor explorado, é muito melhor que o filme, mas tem gente que fica nessa implicância imbecil por preconceito e só tendo essa implicância mesmo para desgostar da série, porque é algo incrível que fica cada vez melhor e tem gente de frescura que fica perdendo essa oportunidade de ver enquanto fala nada com nada, nem precisa ser fã de Karatê Kid para ver a série e curtir, é um troço que não é tão bom quanto um "Breaking Bad" ou "Game of Thrones" tecnicamente falando, mas é uma série que se propõe a ser um entretenimento momentâneo para que você se divirta e nessa proposta ela é perfeita, nota dez.

Nessa quinta temporada (eu não acredito que essa série já está na quinta temporada, chega a ser surreal que o potencial dela chegou nesse ponto e ainda não acabou), vemos mudanças drásticas no storytelling da série que fazem ela subir de patamar mais uma vez, dessa vez o foco nos adolescentes é deixado para escanteio (focando apenas no trio teen principal) enquanto vemos um foco muito maior nos adultos e isso traz mais densidade para a série, deixando ela bem mais dramática, mais séria, mais sombria (refletindo até na violência da obra, porque nunca pensei que veria uma luta de lâminas com sangue nessa série) e por consequência, melhor que as temporadas anteriores. Nessa temporada, o protagonismo pende mais para o lado de Daniel LaRusso (Ralph Macchio), que é uma evolução do ator muito notável, porque o Daniel-San originalmente era insuportável, tinha cenas muito caricatas e nessa temporada vemos ele com uma performance dramática, sendo tomado pela raiva, ódio e medo por Terry Silver (Thomas Ian Griffith), o LaRusso está finalmente entendendo tudo que o Miyagi sempre quis dizer e nessa temporada ele foi espetacular, ele deixou de ser aquele cara fechado quanto a outras filosofias senão as dele e se tornou um sensei de verdade mesmo, deixando aquele lado explosivo e emocional para trás. A gente vê ele em vários momentos durante a temporada e chega em um momento que ele está completamente ferrado e com quem ele vai se aconselhar? Johnny (William Zabka) e eu adoro essa amizade dos dois, que vira amizade real mesmo, a sintonia dos dois juntos é incrível e eles completam um ao outro, aquela rivalidade no início parece até irreal vendo essa relação linda que os dois construíram e os dois se ajudam e evoluem juntos nessa temporada, é muito legal ver isso.

Essa evolução do Johnny é muito incrível visto que agora ele tem preocupações mais importantes, veremos ele sendo pai na próxima temporada e ver ele tentando virar uma pessoa adulta decente foi muito divertido, Johnny continua sendo a elite da série, um dos personagens mais incríveis e esse arco todo do amadurecimento dele como preparatório para cuidar de um bebê foi engraçado. Mas sua figura paterna precisou ser forte enquanto a Miguel (Xolo Mariduena) e Robby (Tanner Buchanan), que no início da temporada continuam essa rivalidade idiota e depois se resolvem e viram amigos e foi muito lindo ver essa evolução da relação deles, os dois atores tem uma química inimaginável para quem viu as primeiras temporadas, a interação fraternal entre os dois é muito legal e vai ser bom ver essa amizade florescendo mais futuramente. Mas devo dizer que Robby e Miguel foram dois dos adolescentes que tiveram seu desenvolvimento nessa temporada e eles foram espetaculares. Robby se tornou o melhor personagem da série, que desenvolvimento maravilhoso, ele para mim foi o grande destaque da temporada, o Robby era aquele personagem que eu torcia para se dar mal, mas na última temporada e nessa a evolução dele foi sensacional, esse era o Robby que eu queria ver, o Robby que sabe os perigos do Cobra Kai, que tem uma boa relação com o Johnny, que treina no Miyagi-Do, que tem um relacionamento bom com a Tory (Peyton List), é um personagem corajoso, tem atitudes que levam ele a melhorar e que nessa temporada está conquistando o coração do público de uma vez por todas (não à toa, no momento que estou escrevendo esse texto, "Robby" está nos trending topics do Twitter Brasil acima da hashtag da série). Miguel também tem uma baita evolução ao procurar seu pai biológico e descobrir que o cara é um baita gângster perigoso, depois tem todo esse desenvolvimento dele de fazer amizade com o Robby e aprender a conviver com as diferenças e no final ele tem uma cena que eu senti orgulho daquele personagem, porque são tantos anos vendo a evolução dele e ver ele chegar naquele ponto de amadurecimento é algo que me fez sorrir.

Nesse arco adolescente ainda, finalmente a rivalidade entre Sam (Mary Mouser) e Tory foi diminuída, porque se continuasse ia ficar batida e chata, mas eles souberam a hora certa de dar um fim a isso e o desenvolvimento delas separadamente para depois finalizarem essa inimizade besta foi muito boa, as duas tem evoluções incríveis e elas estão no mesmo nível de desenvolvimento de personagem nessa temporada, nas questões de aprender qual é o certo e o errado, de descobrir seu lugar no mundo e foi muito satisfatório ver isso. Outro personagem desse lado dos bonzinhos que foi muito bem foi Chozen (Yuji Okumoto), uma grata surpresa, que cara bacana, eu senti nessa participação dele como seria se o Sr. Miyagi estivesse na série, é um líder sério, técnico, exigente, ao mesmo tempo que é bastante carismático, engraçado e é uma participação muito agradável e você cria um apreço por ele que é muito especial (eles até brincam com o coração do espectador em relação ao destino dele), quero ver muito ele na próxima temporada novamente, vai ser bem legal.

Mas novamente, um dos grandes destaques é Terry Silver, esse cara é completamente maluco! Eu gosto dessa construção do Silver, em uma análise mais psicológica, ele quer passar a impressão de um "cidadão de bem", um homem culto, respeitoso, inteligente, envolvido em ações sociais, mas é um cara que por trás dessa farsa, é extremo, violento, manipulador, traumatizado e bastante esperto, as atitudes desse cara enquanto civil nessa série são simples, manipuladoras e repugnantes, porque você vê ele se pagando de nice guy, mas você sabe o quanto aquele cara é perigoso e que pode matar qualquer um ali se ele quiser. Nessa nova leva de episódios eles trazem à tona os ensinamentos do mestre de Silver, Kim Sung-yung, que ensina tangsudo (que para quem não sabe, é uma arte marcial existente de origem sul-coreana) e é legal ver essas raízes do Cobra Kai vindo do oriente, ainda mais que Silver traz a filha do seu mestre para ajudá-lo em seu dojo e mostrar mais ainda o poder do método do punho: Kim Da-eun (Alicia Hannah-Kim), que, de verdade, para a história da temporada não agrega muito, mas funciona bem como um empecilho para os objetivos dos nossos heróis e tem uma boa participação no arco da Tory, que ajuda ela a sair desse lado sith.

E John Kreese (Martin Kove)? Pouca participação, achei balanceada a forma como ele aparece na série, tem quase que um arco de redenção, mas no final ele prova que Cobra Kai nunca morre, ele promete voltar a ser o vilão principal e voltar ainda mais forte. Uma coisa que eu já falei e reforcei aqui que eu gosto na série é como eles trazem os personagens antigos do Karatê Kid clássico e fazem eles terem sentido na trama, o worldbuilding que a série faz é bem criativo e funcional. Aqui temos finalmente o regresso de Mike Barnes (Sean Kanan), que volta legal a dele, vemos que até aquele pseudo psicopata que ele era sumiu e virou uma pessoa melhor, o jeito que ele volta é bem legal, o fato do karatê voltar para a vida dele só para destroçar a mesma foi irônico e contribuinte para o final épico da série, além da luta dele com o Chozen ser um sonho que eu nunca tive sendo realizado. Eles também trazem Jessica Andrews (Robyn Lively) de volta, a única personagem que eu achei que eles não iam conseguir dar um jeito de trazer, eles trouxeram, foi uma participação pequena mas que demonstra como a criação desse mundo é mais extensa que esperávamos, foi brilhante colocarem ela como prima da Amanda e a quem apresentou a mesma ao Daniel, já que eles eram melhores amigos, foi legal ver ela de volta por mais que a personagem originalmente seja inútil (aqui não muda muita coisa, mas pela nostalgia é legal).

Antes dessa temporada estrear, prometeram que teríamos a season finale mais selvagem da série e eu duvidei, por que o que pode ser mais selvagem que uma guerra na escola ou uma invasão domiciliar? Mas aconteceu. Primeiramente foi incrível ver a união dos três vilões dos três Karatê Kid original se juntarem para encher o Terry Silver de porrada, a união entre Johnny, Chozen e Barnes foi algo que me deu um quentinho no coração. Depois ainda há a batalha do Cobra Kai que é simplesmente épica, são lutas excepcionalmente bem coreografadas que deixam uma sensação épica no ar. Eles brincam com a mente e o coração do espectador ao quase matar o Chozen (por uns 20 minutos eu achei de verdade que ele tinha falecido) e por fim, há a batalha final entre Daniel e Silver, onde o Cobra Kai caiu novamente pelo mesmo motivo que caiu pela primeira vez: o Golpe da Garça. Que cena ICÔNICA! Esse foi o motivo do meu colapso.

Cara eu sou muitíssimo fã de "Cobra Kai" não tem como, é uma série muito especial para mim, reconheço que ela tem uns problemas, tem umas partes que são meio chatas algumas vezes (nessas últimas duas temporadas nem tanto porque o ritmo dá uma baita acelerada, mas nas primeiras duas tem partes que o ritmo cai), é uma série que eu praticamente assisto antes de existir porque eu sou fã da franquia original, mas parece que os filmes originais foram feitos para que essa série existisse, porque ela é muito melhor que os filmes e é muito mais fácil de gostar que os filmes também, eu como fã tenho um impacto maior com a série (por isso muitos podem achar exagerado minha nota para a obra), mas é uma série que conquista todo mundo, de fã até pessoa que não gosta do filme original, de criança a idoso, de esquerdista a direitista, de fã de Breaking Bad a fã de Stranger Things, é a série da união, a série da paz, a série que todo mundo assiste para ter um good time, para se sentir bem, se divertir, não é uma série perfeita no geral, mas ela é perfeita em sua proposta de ser uma Sessão da Tarde incrivelmente legal de acompanhar, principalmente essa temporada que é frenética, que vai acelerando aos poucos e nunca diminui o ritmo. Que temporada bacana de assistir, foi muito lindo.

Nota - 10/10

Nota por Episódio:
5x1: "Long Long Way Home" - 8,5/10
5x2: "Molé" - 8,5/10
5x3: "Playing With Fire" - 10/10
5x4: "Downward Spinal" - 9,5/10
5x5: "Extreme Measures" - 10/10
5x6: "Ouroboros" - 10/10
5x7: "Bad Eggs" - 9,5/10
5x8: "Taikai" - 10/10
5x9: "Survivors" - 9,5/10
5x10: "Head of The Snake" - 10/10

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