Crítica - Lobisomem na Noite (Werewolf by Night, 2022)

O projeto mais interessante da Marvel em muito tempo.

Um formato inédito no MCU, esse é um especial televisivo lançado diretamente para o Disney+ que é canônico dentro do Universo Marvel e para ser sincero, é muito funcional para termos apresentações de novos personagens, histórias, mitologias e tal, dentro desse universo gigante, na minha opinião, deveriam diminuir o número de séries da Marvel e fazer mais filmes como este, porque em cinquenta minutos eu ligo mais para os protagonistas desse filme do que com o Cavaleiro da Lua em seis episódios, do que com a Kamala Khan na série dela e por aí vai. Isso era uma espécie de respiro que a Marvel precisava, pois é tanta coisa ao mesmo tempo que isso é um experimento interessante para minimizar o número de séries e fazer esses filminhos pequenos para o streaming, pois é bem mais prático e simples de fazer e assistir do que uma série de seis a nove episódios com quarenta minutos cada.

Alguns seres mitológicos e folclóricos são canônicos dentro do Universo Marvel dos quadrinhos, como o próprio Thor, o Loki (originários da mitologia nórdica) recentemente tivemos Konshu e vários deuses egípcios em "Cavaleiro da Lua", Zeus (mitologia grega) que apareceu em "Thor: Amor e Trovão" e por aí vai, agora a Marvel começa a explorar os personagens do folclore mundial existentes nas suas HQs no audiovisual, começando então com o Lobisomem, a história clássica do homem que se transforma em lobo nas noites de lua cheia, aqui vemos esse conceito explorado da forma mais clássica e megalomaníaca possível, estruturado como um filme de monstros da Universal dos anos 30, a inspiração é notável, é todo em p&b e a única cor que vemos é o vermelho da Pedra de Sangue, a jóia quase macguffin dessa trama. Então, com bons atores, boa estrutura, boa técnica, boa história, temos um projeto interessantíssimo que é uma adição incrível ao MCU.

Quem dirige o filme é o Michael Giacchino, sim, o compositor, que fez trilha de "Batman", dos "Homem-Aranha" do Tom Holland, dentre outros filmes famosíssimos como, dentro da própria Marvel, "Doutor Estranho" e o já citado "Thor: Amor e Trovão". Aqui ele tanto dirige quanto compõe e na composição não é uma novidade ele arrebentar e acertar o tom da música para te imergir mais dentro da história, mas na direção, na estreia dele em um longa-metragem, ele vai muito bem para um debutante. Eu gosto de como ele emula esses filmes de monstro da Era de Ouro de Hollywood, tem as bizarrices características desses filmes, desde a utilização de animatrônicos para a criação de zumbis, até a construção da tensão, a relação entre os personagens construída através das situações, tudo isso sem se estender demais ou correr demais, ele utiliza cinquenta minutos da melhor forma possível e cria essa história tão fascinante, tanto tecnicamente quanto dramaticamente.

A estrutura é meio que um Jogos Vorazes só que quem ganhar fica com essa bijouteria, a Pedra de Sangue, que é meio que a arma mais poderosa para se caçar monstros segundo a mitologia apresentada e com isso os dois caçadores de monstros principais são Jack Russell (Gael García Bernal) e Elsa Bloodstone (Laura Donnelly), Elsa é a herdeira do maior caçador de todos os tempos: Ulisses Bloodstone, enquanto Jack é o caçador mais letal dentre os participantes, mas ninguém crê que ele seja um assassino por ele ser tão calmo, tímido e culto, porém seu método para matar monstros é ser um monstro, ele é o Lobisomem na Noite. Essa atuação do Gael García Bernal é maravilhosa, ele fica ali, contido, inofensivo, ninguém espera que o cara é perigoso, mas quando ele se transforma e vira a criatura, além da cena bem feita, tensa, com uma trilha sonora perfeita, ele se solta e você mal vê ele como o lobo, mas você sente a presença dele ali e quando ele aparece como o monstro é assustador e a maquiagem é uma coisa inacreditável, é assustador de verdade. Jack ainda tem a sua relação com o Homem-Coisa, não, não é esse, do Quarteto Fantástico, ele é um monstro que controla o meio ambiente e tem um visual bizarro, totalmente fiel aos quadrinhos e ele aparece em umas quatro ou cinco cenas e ele rouba o show, ele foi incrível e vai ser uma adição incrível ao MCU futuramente, principalmente nesse lado místico do universo, talvez ele esteja em um possível futuro projeto dos Filhos da Meia-Noite.

Laura Donnelly como Elsa talvez seja a figura principal, estamos sendo introduzidos a história dela praticamente, ela é bastante carismática, ela tem uma coisa meio misteriosa, uma persona esperta, séria, um pouco irônica, investigativa, ela passa uma vibe meio de nova Viúva Negra, até o estilo de luta com a famigerada chave de x*** ela usa em suas cenas de luta, além de toda a construção dela de ter sido renegada pelo pai e pela madrasta e agora querer recuperar o que é seu por direito. Sua madrasta inclusive é interpretada pela Harriet Samsom Harris que está completamente surtada, é a atuação mais maluca do filme, uma das mais malucas da Marvel em si, ela transpassa aquela insanidade da personagem, uma loucura com uma utilização de overacting precisa, que assusta mesmo, é uma vilã convincente e é talvez, o grande destaque daqui.

Um novo formato que funcionou excepcionalmente bem, "Lobisomem na Noite" nos apresenta a uma história nova do MCU que não faria tanto sucesso no cinema e nem se fosse tão longa, cinquenta minutos foi preciso para o Michael Giacchino fazer um trabalho de mestre em seu primeiro longa como diretor, é primoroso, bem feito tecnicamente, a história é bem feita, a vibe é inexplicável, eu queria que durasse mais, eu queria mais do Jack, da Elsa, do Homem-Coisa, da relação do Jack com o Homem-Coisa, quero muito rever esses personagens na Marvel no futuro, é surpreendente, uma das melhores obras da Marvel nessa Fase 4 e a mais original de todos os mais de 30 filmes e séries. Vejam, mesmo quem não gosta de filmes de heróis, vale a pena.

Nota - 8,0/10

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