Crítica - Agente Oculto (The Gray Man, 2022)

Dá para entreter, mas é medíocre.

Netflix atualmente vem passando por alguns problemas, perca de centenas de milhares de assinantes e eles parecem que não entendem o que está gerando tudo isso, bom, há vários fatores maiores como preço dos planos e tal, porém, não podemos deixar de destacar a (baixa) qualidade de seus conteúdos originais, é muito mais comum algo original Netflix ser ruim do que prestar, nesse ano mesmo a qualidade de obras da Netflix é muito questionável, tivemos, além desse, "Persuasão", "Sorte de Quem?", "O Golpista do Tinder", "365 Dias: Agora", "Time do Coração", "Amor e Gelato", "O Projeto Adam" e isso sem contar as séries que foram completamente detonadas por público e crítica. Esse filme seria uma adição interessante ao catálogo, porém nem divertir ele diverte e um filme de ação que tinha potencial para ser incrível acaba se tornando algo genérico e sem graça. Esse filme parece que foi feito com apenas o objetivo de mostrar como o Ryan Gosling é gostoso.

Quem dirige são os irmãos Joe e Anthony Russo, que dispensam apresentações, dirigiram alguns dos melhores filmes da Marvel e são bons diretores de porrada, porém de história não dá para saber muito pois é difícil saber se eles tiveram muita liberdade criativa em seus filmes na Marvel Studios (é bem provável que não). Na parte da porrada eles se saem bem, sabem fazer boas cenas de ação, tem cenas de perseguição muito bem feitas, cenas de luta corpo a corpo são muito bem coreografadas, os efeitos gráficos do filme são muito bem feitos, nessa parte da ação, das lutas, o filme não decepciona, mas em questão de história ele com certeza poderia ter sido muito melhor. A história é pífia, acontece muita coisa muito rápido e chega um ponto de completo desinteresse no que o filme fala, eu já quase não lembro da trama do filme, de 95% das falas, é algo que você esquece logo depois que acaba, ainda tem conceitos da espionagem mal desenvolvidos que você só vai entender bem depois qual é a do filme na realidade.

O filme teve um orçamento inacreditável de 200 milhões de dólares e cara, de verdade, não precisava, não tinha nenhuma necessidade, não tem nada no filme, na história, nas cenas que justifique esse preço, o elenco se pagaria fácil com uns 50 milhões a menos, foi um baita desperdício gastar 200 milhões em uma completa lavagem de dinheiro enquanto tem roteiros incríveis e originais por aí buscando financiamento para serem executados, só que aí eles gastam esse budget todo num filme parecido com mais uns cem que ninguém aguenta mais ver, isso me dá uma agonia tão grande que eu cheguei a terminar o filme irritado depois de ver o tanto de dinheiro jogado fora. Se fosse a mesma base da história com um orçamento de 50 milhões nas mãos do Chad Stahelski, teríamos um dos grandes filmes de ação e um dos grandes blockbusters do ano, porque a história geraria uma boa obra, mas foi colocada nas mãos erradas (agora eu entendo o porquê do Kevin Feige não dar liberdade criativa para alguns diretores, olha as porcarias que saem quando eles tem).

O filme é salvo em parte pelos atores, vou passar rápido por alguns coadjuvantes. Ana de Armas no filme tá bonita, mas o papel dela é tão útil quanto o terceiro goleiro do futebol. Wagner Moura está calvo demais, mas ele tem um carisma inegável e a participação dele no filme é uma das poucas coisas boas, além de ser bem legal ver o crescimento do Wagner Moura em Hollywood, vimos o crescimento dele aqui no Brasil e é satisfatório ver esse reconhecimento ao baita ator que ele é por parte da indústria hollywoodiana. Jessica Henwick é um arquétipo de personagem muito genérica que você tem sentimentos totalmente neutros por ela, se ela morrer, dane-se, se ela viver, dane-se, ela ainda ganha um protagonismo do nada que chega a ser inacreditável o que estamos vendo, porque ela vira uma grande heroína do filme e você fica "sério?!". O Billy Bob Thornton tá lá, tem a cena que ele é torturado que é bem feita, mas no geral o personagem é bem desinteressante, ele simplesmente existe. Regé-Jean Page eu acho que manda bem para o papel que lhe é designado, de ser o chefe e ter muita convicção em si próprio, mas também não é nada demais.

Falando dos dois protagonistas. O Ryan Gosling faz... Digo, literalmente eu, faço um papel que poderia ter sido melhor, creio que eu poderia conseguiria um papel aleatório em um filme melhor onde não ficasse apenas tendo que ficar de camisa apertada metade dele para mostrar o quanto eu sou gostoso. Tá, essa brincadeira foi meio sem graça, confesso, mas foi melhor que todas as tiradas cômicas do filme. O Lloyd (Chris Evans) é o que salva o filme, o visual de Ratinho do Chris Evans realmente traz um certo medo e o Chris Evans é certeiro na atuação ao fazer um personagem totalmente perturbado que tem bons momentos cômicos e é muito carismático apesar de ser o vilão, eu sinceramente torci mais para esse sociopata que o protagonista meia-boca do Ryan Gosling.

Vou parar por aqui, porque só de lembrar desse filme já me dá vontade de dormir e também pelo fato de que eu não me recordo de mais nada desse filme, eu vi tem dois dias e já me esqueci de quase tudo. "Agente Oculto" tinha tudo para ser um grande filme de ação, um dos melhores do gênero no ano, mas caiu nas mãos erradas e se torna um filme de ação e espionagem genérico e entendiante. Salvo pelo vilão do Chris Evans, pelo carisma marcante do Wagner Moura e por algumas cenas de porrada, mas do que adianta isso tudo se não tem nenhuma trama que preste e nenhuma emoção genuína envolvida. Dependendo da pessoa até dá para se divertir, mas eu achei entendiante.

Nota - 5,0/10

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