Crítica - Ms. Marvel (1ª Temporada, 2022)
Nunca vi uma série decair tanto em tão pouco tempo.
🚨 Texto com spoilers 🚨
Kamala Khan, a Ms. Marvel, é uma personagem relativamente recente nos quadrinhos da Marvel, mas em pouco tempo conquistou muito dos fãs, que pediram ela no MCU durante muito tempo e finalmente se concretizou. Porém, a série logo de cara gerou uma polêmica por alterar os poderes de Kamala, que nos quadrinhos era a elasticidade e alteração do corpo (basicamente o mesmo que a Mulher Elástico de "Os Incríveis") e na série colocaram a criação de constructos parecidos com o do Lanterna Verde, bom, isso para mim pouco importa, pois vendo a série faz sentido esses poderes e no final ainda ela acaba manifestando os poderes elásticos. Sendo sincero com vocês, eu pouco me importo com a Kamala Khan dos quadrinhos, não conheço a história dela muito bem, não dou a mínima para a existência dela, mas eu parei com a Marvel nos quadrinhos tem muito tempo também, não sei se atualmente ela é importantíssima para alguma coisa e eu tô aqui falando besteira. Contudo, o que estou tentando dizer é que esse é realmente meu primeiro contato mais a fundo com a história da Kamala e se for isso nos quadrinhos, eu absolutamente não perdi nada.
Posso estar sendo até um pouco injusto, porque a série no início é boa, é estilosa, tem uma estética bem bacana nos primeiros três episódios, mas aí vem os episódios seguintes que estragam uma série que tinha tudo para ser bem divertida, eu consigo enxergar várias qualidades separadas na série, mas como um conjunto não funcionou. Eu gosto da representação da cultura do Paquistão, funciona muito bem, a série conseguiu me intrigar para uma cultura que eu não dou a mínima, as lendas são bem apresentadas, as crenças e tecnicamente é muito bem feito as representações através da direção de arte e dos figurinos, que trazem muito a aura cultural e religiosa muçulmana, essa parte é muito convincente e eu fico imaginando as pessoas que ali estão representadas vendo, porque deve ser verdadeiramente especial.
Eu gostaria que a série seguisse o estilo do primeiro episódio, porque esse episódio isolado em si é muito bom e esteticamente agradável, nesse episódio é onde mais notamos como a Kamala é vendida, onde mais vemos ela como a nerd que vive viajando na maionese e é toda rebelde com seus pais que vão contra essas piras dela. Ao decorrer dos episódios isso vai se perdendo, vai ficando algo muito sério e a premissa apresentada no piloto vai se perdendo, tanto que o quarto e o quinto episódio são insuportáveis, pois fica tudo numa vibe que não devia ficar e vira uma viagem que faz parecer que eu tinha acabado de comer um cogumelo por acidente. Essa parte do Paquistão é pura enrolação, a relação dela com os Adagas Vermelhas é totalmente apressada e no final soa forçada e toda a intriga familiar criada por cinco episódios se resolve em trinta segundos e por causa de uma paixonite pelo Jon Bon Jovi.
A série é salva pelo carisma da protagonista, interpretada pela novata Iman Vellani. O diferencial da Iman Vellani é que ela é realmente apaixonada pela personagem, se você ver entrevistas dela você vê que ela é apaixonada pela Kamala Khan, pelos quadrinhos, pela Marvel, ela é literalmente uma fã se divertindo interpretando uma das personagens favoritas (inclusive ela com dezenove anos discute com o Kevin Feige sobre o universo que ele mesmo criou e trabalhou nos últimos quatorze anos, muito lenda). Ela consegue entrar em todas as camadas da Kamala, ela faz a camada mais boba e infantil, que vai naturalmente para a curiosa, que segue para a apaixonada e por aí vai e a série perde MUITO quando ela não está em cena, ela é a alma da série e realmente carregou nas costas. Também tem o Bruno (Matt Lintz), que é um personagem também bem carismático que merecia ter aparecido mais na série e ele convence nesse arquétipo do nerd tecnológico melhor amigo visivelmente apaixonado pela protagonista.
Agora, minha principal crítica é para o Kevin Feige, pois vendo essa série eu me lembrei de "The Boys", deixa eu explicar: no episódio três da terceira temporada, o Homelander está nú em seu quarto depois de fazer um discurso meio psicótico em rede nacional e descobrir que seu índice de aprovação aumentou em vários pontos por ele ter sido ele mesmo. É a mesma coisa que acontece aqui, mas deve ter sido o Kevin Feige nú descobrindo que para os seus filmes e séries da Marvel terem sucesso é só colocar referências porcas no final e cameo na cena pós-créditos porque é isso que fã gosta e é o que vai ser comentado durante uma semana até o filme ou série cair no esquecimento porque no mês seguinte já sai outra obra cujo o ciclo se repete. Aqui adaptaram, agora a Kamala é mutante, é a primeira do 616 dos cinemas e a Brie Larson aparece no pós-créditos. Além desses dois momentos, o que você tá ouvindo falar sobre a série? Exato: nada! Missão concluída.
"Ms. Marvel" começa bem, mas eu nunca vi uma queda de qualidade em uma série ser tão brusca assim, literalmente é de um episódio para o outro. Tem uma boa representação da cultura, tem uma protagonista bem legal, bem trabalhada, mas depois fica insuportável, é quase inassistivel. A série só está sendo comentada pela confirmação dos mutantes e o cameo no pós-créditos, o resto pode descartar. É uma série que falta desenvolvimento, é tudo muito rápido, a vilã da série é uma agente chifrim do governo. 50% da série é legal, mas os outros 50% põe no lixo, que é vergonhoso.
Nota - 5,0/10
Nota por Episódio:
1x1: "Generation Why" - 7,5/10
1x2: "Crushed" - 6,5/10
1x3: "Destined" - 7,0/10
1x4: "Seeing Red" - 5,0/10
1x5: "Time and Again" - 1,5/10
1x6: "No Normal" - 4,0/10