Crítica - Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros (Jurassic Park, 1993)

Uma aventura espetacular!

Há vinte e nove anos, este filme surgiu para quebrar parâmetros. Por algum motivo, dinossauros sempre foi um assunto bastante popular e eu não sei o porquê, acho que talvez seja pela beleza do desconhecimento, de algo que nós humanos nunca iremos ver e isso gera, na minha opinião, um fascínio inevitável por parte da população em tentar saber o que os dinossauros eram exatamente. E esse filme é a obra audiovisual definitiva sobre dinossauros, é incrível como algo lançado há quase trinta anos não envelheceu um dia desde então, é inacreditável que esse filme tenha sido feito em 1993, parece que ele foi feito há uns cinco, seis anos atrás, impressionante.

Em 1993, Steven Spielberg já era um diretor bastante consagrado, já tendo sido campeão de bilheteria mais de uma vez e sendo diretor de vários hits, como a trilogia de "Indiana Jones" (1981-1989, até então) e "ET: O Extraterrestre" (1982) e na época eu suponho que as pessoas pensavam: o que mais esse cara pode entregar? E ele simplesmente entregou tudo! Com esse filme ele bate a marca de maior bilheteria de todos os tempos e fica até o lançamento de "Titanic" em 1997 e no mesmo ano faz "A Lista de Schindler" que gera seu primeiro Oscar de Melhor Direção. Spielberg aqui tem uma missão complicada, que é trabalhar com um nível absurdo de computação gráfica e animatronics, trabalhar com questões complicadas como filantropia e clonagem e também criar uma história concisa que envolva a relação entre humanos e dinossauros e todo o problema que é a coexistência destas duas espécies.

Spielberg simplesmente faz um dos melhores filmes de ficção científica da história, um dos mais legais, mais divertidos e mais simpáticos filmes da história. Spielberg aqui praticamente criou o subgênero de filmes de espécies fora do normal que depois teve inclusões com reboots de filmes como "Godzilla" e "King Kong" e também mudou para sempre a forma de como fazer um blockbuster em questão tanto criativa quanto técnica, após aqui, por anos, Hollywood teve um surto de ideias envolvendo várias coisas, especialmente no gênero de ficção científica, que nos entregou filmes como "Os 12 Macacos" (1995), "Contato" (1997), "Gattaca" (1997), "Tropas Estelares" (1997), "Armageddon" (1998) e "Matrix" (1999) como alguns exemplos. Spielberg transforma questões sobre a era jurássica de forma bem respeitosa com o que temos de informação enquanto ao assunto, ele retrata cada espécie de dinossauro de uma forma diferente e de uma forma fiel ao conhecimento que temos deles, vemos o T-Rex como um predador carnívoro cruel que dá medo a cada passo, os Raptores como animais ágeis que podem te matar a qualquer momento, vemos os Braquiossauros como herbívoros colossais e por aí vai. É muito legal ver essa recriação de espécies extintas e feita de uma forma que praticamente apresentou ao mundo o assunto e mudou para sempre a visão sobre.

Inclusive, ainda falando sobre o T-Rex, é incrível como a participação dele muda totalmente a vibe do filme, tava um filme bonitinho, visualmente fascinante e inofensivo, aí vem o turning point, vem o T-Rex quase retratado como um serial killer, ele se aproxima e a antecipação da aparição é sensacional, porque você vê uma vibração no chão, vê duas, vê a água tremendo e aí percebe o que tá acontecendo, é uma das melhores entradas triunfais do cinema. O T-Rex a cada vez que aparece põe um medo inacreditável, na primeira cena dele já vemos o que ele é capaz de fazer em uma das cenas mais icônicas dos anos 90 ao comer vivo o cara na privada e a cada participação dele no filme é uma tensão inacreditável. Os Raptores também são vilões incríveis, eles causam menos medo (até porque são menores que os adultos), mas pela agilidade e afiação nos dentes e garras, a ameaça criada é sentida e aqueles bichinhos dão um medo do cacete. A construção dos dinossauros é inacreditável, o filme é de 1993 e você consegue ver as escamas e o reflexo dos olhos no CGI, esse filme tem um trabalho de computação gráfica melhores que várias obras de hoje em dia, tem uma cena só que envelheceu mal, mas de resto, todo o CGI dava para crer que foi feito hoje em dia.

A criação do parque também é absurda, cada ala, cada área é diferente da outra, é tudo muito bem construído, nem parece que é um "Projac", as formas como eles apresentam o parque, as atrações, o jeito que eles vão avançando no parque, é tudo bem original e bem feito, cara, nessa revisita eu me questionei várias vezes o porquê dos filmes de hoje em dia não serem feitos mais assim, com mais capricho técnico, na história, com mais vontade do filme ser bom e ainda ser rentável, hoje em dia a maioria dos blockbusters tem prazo de validade, passam alguns meses e você esquece deles, saudades de quando eram assim, filmes feitos para serem bons, uma ótima opção de entretenimento e ainda conseguir te colocar em um mundo totalmente diferente por duas horas e fazer você esquecer do mundo real por esse tempo. Spielberg também apresenta temas como clonagem e ressurreição de antigas espécies de forma didática e simples de entender, através de uma animação bem feita e é impressionante como o vovô pega um negócio cientificamente complexo e transforma em algo semelhante a aprender que 1+1=2, o filme acaba por necessitar de diálogos expositivos nessa parte porque, obviamente, não dá para explicar algo que utiliza termos científicos difíceis em um filme livre para todos os públicos, acho que é uma das poucas vezes que a exposição nas falas realmente funciona e não é exagerada (alguns certos diretores precisam aprender com isso).

O filme acabou apresentando uma fórmula que depois acabaria vindo ser amaldiçoada, que é a fórmula do humano interagindo com a criatura, hoje em dia vemos claramente o quão ridícula é, principalmente com o Monterverse da Warner que o Godzilla tem oito minutos de tempo de tela no seu primeiro filme e os humanos são personagens completamente desinteressantes. Aqui os humanos são tão interessantes quanto os dinos, temos Dr. Alan Grant (Sam Neill) que é o herói bravo e corajoso que todo mundo gosta, seja pelas atitudes heróicas do personagem ou pelo carisma do Sam Neill (ou ambos), Dra. Ellie Sattler (Laura Dern) que é um raro caso de loira inteligente, ela é uma personagem que tem uma força própria, ela carrega consigo uma vontade de querer se provar capaz e ela é uma personagem muito legal de acompanhar a jornada, e, claro, temos o Dr. Ian Malcolm (Jeff Goldblum) que é o personagem que todo mundo gosta por ser o cara mais irônico, mas também a ironia o torna o mais sensato (nas sequências veríamos que ele sempre esteve certo), ele tem um carisma absurdo (é o Jeff Goldblum, isso é inevitável) e ele é o personagem que o filme precisava para mostrar que reviver dinossauros não é uma ideia tão legal quanto é vendido pelo Hammond (Richard Attenborough).

Um clássico imortal, "Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros" resistiu ao teste do tempo e arrisco dizer que é o filme dos anos 90 que melhor envelheceu para os dias atuais. O filme traz átona assuntos pertinentes na sociedade como dinossauros e o exagero que um filantropo pode chegar (Richard Attenborough is Elon Musk), além de assuntos mais complexos e científicos como a clonagem de espécies (que era muito discutido naquela época). Com personagens icônicos e memoráveis, uma história simples, mas fechadinha, uma vibe fantástica e uma aventura incrível de acompanhar. Um dos melhores filmes de Steven Spielberg e do gênero de ficção científica.

Nota - 10/10

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