Crítica - Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros (Jurassic World, 2015)
O verdadeiro vilão é quem deixou isso acontecer.
O primeiro "Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros" em 1993 foi revolucionário para a sétima arte e se tornou a maior bilheteria de todos os tempos na época, porém, todos os bons resultados são sucedidos com péssimos, pois o filme ganhou duas sequências desnecessárias que ninguém liga: "O Mundo Perdido - Jurassic Park" (1997) - esse dirigido pelo próprio Steven Spielberg e "Jurassic Park III" que é tão inútil que nem o Spielberg quis dirigir. Quatorze anos depois do último filme, anunciam este aqui, que foi vendido como uma renovação para a franquia, como o filme que iria revolucionar para sempre os dinossauros no cinema e no final saiu esse filme que é bem mediano.
Quem dirige o filme era o até então desconhecido Colin Trevorrow, que era um diretor que só havia feito um filme de ficção anteriormente e que, pelo menos aqui, não tem identidade própria e busca emular o Spielberg em quase tudo, porém, a diferença dele, um novato, para o Spielberg de 1993 é que Steven já tinha revolucionado o cinema com "Tubarão", já tinha três nomeações ao Oscar de Melhor Direção, fez alguns dos filmes mais memoráveis da história enquanto o Colin Trevorrow... Trevorrow tenta fazer tudo que fizeram no clássico, mas ele faz de uma forma mais sintética que gramado de futebol americano, ele não consegue fazer o mesmo jogo de emoções, não consegue criar um clima de filme de terror, pode copiar, não importa, mas copia bem, pelo menos. Ao menos Trevorrow sabe muito bem como fazer cenas de ação, elas são muito boas e ele consegue fazer com que os dinossauros realmente estejam ali e cria momentos que são muito assustadores (a morte da babá é muito bem feita e chocante), as cenas de perseguição são muito agradáveis (principalmente no final a cena da Bryce Dallas Howard correndo com o sinalizador, talvez seja a melhor cena de perseguição do filme).
O filme tem um monte de problemas na narrativa, ex: apresentam personagem x, depois personagem x conhece personagem y, personagem x morre e sem motivo personagem y vira uma figura vilanesca dentro do filme. É algo que podia ser bom, mas a forma como é feito é muito apressada e não faz nenhum sentido para a trama andar, esse filme se tivesse mais desenvolvimento poderia ser muito bom, mas é feito com tanta superficialidade, com tanta pressa, que acaba por deixar o filme muito menor do que ele tinha o potencial de ser. Além do mais completamente do nada os protagonistas interpretados pelo Chris Pratt e pela Bryce Dallas Howard se beijam, sem desenvolvimento algum, sem nenhum motivo plausível, eles só se beijam e eles tem zero química, na real zero é muito, é uma química negativa, é um casal horroroso que não combinam nem em aparência, quanto menos em tela. Foi muita prepotência achar que eles tinham química suficiente para se pegarem do nada.
E a pior coisa do filme, a chave de bosta, de longe, é o Chris Pratt. Convenhamos, ele é péssimo, ele só combinou como o Peter Quill, de resto todos os personagens dele nessa fase bombada são horrorosos e o Owen Grady não escapa, ele talvez seja o pior. O cara queria tanto ser o Spielberg que ele tenta ir além e emular o Indiana Jones no personagem e é terrível, o Chris Pratt tem o carisma de uma porta, o personagem não é legal, você não crê que esse cara consiga ser um grande herói de ação, eu tive mais antipatia por ele que apego, eu torcia para ele morrer sabendo que ele infelizmente não ia. A Bryce Dallas Howard até que é boa, ela convence nisso de ser a patricinha que vira bad-ass no decorrer do filme e eu gosto de como desenvolvem ela de ir de uma rica fria e insensível para uma mulher forte posta em uma situação de perigo se preocupando com seus sobrinhos.
Os sobrinhos são outra das poucas coisas boas do filme, a relação entre eles é muito boa e os dois são atores talentosos, o Nick Robinson faz muito bem esse papel do irmão mais velho que tá no high school, só pensa em mulheres, não queria estar ali e só tem atitudes que levam a situações de extremo perigo ao longo da história e ele funciona, tem um certo carisma, assim como o Ty Simpkins que faz o garoto apaixonado por dinossauros, que está crescendo e percebendo coisas envolvendo sua família (como o divórcio dos seus pais) e ele convence como esse garoto que vive no mundo da lua e está realizando seus sonhos. Eles dois como dupla funcionam tanto quanto a Ariana Richards e o Joseph Mazello no original.
"Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros" é um filme que poderia ter sido muito mais, tinha potencial para ser um grande épico de ação mas acabou sendo mais uma aventura genérica, com um protagonista genérico e com o carisma de um serrote, que só é salvo por uma dupla de jovens atores que são muito novos para terem o peso de carregar esse filme nas costas. Esse filme na verdade é uma grande propaganda da Mercedes, pois a logomarca da empresa deve aparecer mais que o Omar Sy e o BD Wang e a cada cinco minutos tem uma cena de carro com um grande foco no símbolo. E na realidade, o verdadeiro vilão do filme é quem deixou ele acontecer.
Nota - 5,0/10