Crítica - Stranger Things 2 (2ª Temporada, 2017)

Uma bela expansão de universo.

Após o fenômeno inacreditável que foi a primeira temporada, os mistérios em Hawkins voltam a aparecer, mas, como que depois de uma primeira temporada perfeita, conseguiriam manter o nível tão alto que a série havia tido anteriormente? Bom, acho que esta segunda leva de capítulos não é tão agradável quanto a primeira, na minha opinião, mas ocorre uma grande expansão desse universo da série e realmente mostra como essa série é diferenciada apesar de todas as referências da cultura pop. 

Os Irmãos Duffer pegam o que já tinham insinuado nos últimos minutos da season finale da temporada anterior e tentam explorar isso aqui ao seu máximo. Eu gosto de como a história dessa temporada se desenrola, é muito bem trabalhado essa questão do Will (Noah Schnapp) estar tendo flashes do Mundo Invertido até, basicamente, ser consumindo pelo mundo de baixo e a jornada para acabarem com isso é muito bem feita, a adição de novos personagens ajuda a dar um tom de novidade na obra e questões envolvendo o worldbuilding são respondidas, porém também são criadas. Essa temporada lida com ótimos arcos entre os personagens, há o arco do Will que envolve ele, Joyce (Winona Ryder), Hopper (David Harbour), Mike (Finn Wolfhard) e o saudoso Bob Newby (Sean Astin), tem o arco que explora a captura do Dart, com Dustin (Gaten Matarazzo), Lucas (Caleb McLaughlin), Steve (Joe Keery) e a nova personagem, Max (Sadie Sink), também temos a trama secundária de Jonathan (Charlie Heaton) e Nancy (Natalia Dyer) descobrindo seus sentimentos um sobre o outro enquanto fazem uma investigação com Murray (Brett Gellman) e por fim, há a subtrama da Eleven (Millie Bobby Brown) tentando descobrir suas origens.

Nessa divisão de arcos, vemos novas facetas de cada personagem, um desenvolvimento melhor para praticamente todos eles e opiniões que você havia sobre um personagem podem mudar drasticamente em uma cena. Primeiro gostaria de falar brevemente sobre os novos personagens. A Max é uma boa personagem, tem uma dúvida legal que envolve a personagem dela durante a temporada, a personalidade forte dela é muito interessante, eu gosto de como trabalham ela nesse estilo "diferente das outras garotas" e tal, quebrando o padrão dos anos 80, mas, na moral, ela é insuportável do meio para o final da temporada, junto com ela vem o Billy (Dacre Montgomery), simplesmente o personagem mais fácil de odiar da série porque ele é inacreditável de chato, o cara é o típico adolescente que se acha brabo por ser bombado, galã, fumar e ter barba (mas essa visão muda com seu desenvolvimento na temporada que sucede esta). Enquanto o Bob Newby é sensacional, quando ele entrou na série eu já havia percebido que ele ia morrer (inclusive eu me espantei que conseguiram segurar a morte dele para o final, achei que ele ia morrer antes) e o Sean Astin tem um baita de um carisma, ele tem uma persona bem legal, o papel de figura paterna que ele faz para o Will é funcional e este é o primeiro papel do Sean Astin que eu consegui assistir e desvincular ele do Sam, foi um grande personagem enquanto durou.

Este arco do Will é praticamente o núcleo central da série no ano em questão, acho que este arco em específico se arrasta muito no miolo da série, porque tem toda aquela questão que envolve a possessão do Will, os desenhos, a busca pelo Hopper e isso poderia ter sido feito bem mais rápido do que realmente foi, a maneira com que essa história se arrasta deu canseira, não foi tão legal de ver, demora muito para ser resolvido e quando se resolve é da forma mais preguiçosa possível, mas o final desse arco é muito bom e tem o peso emocional da morte do Bob. O arco da Nancy e do Jonathan é interessante ver, porque mostra a aura jornalística da Nancy florescendo e o Jonathan continuando sendo o melhor personagem da série, a relação que eles vão desenvolvendo só longo dos episódios é muito boa e até virar o romance que deveria ser há muito tempo é uma estrada longa que quando sai o beijo tem que comemorar porque finalmente rolou depois de seis episódios insinuando isso.

O arco do Dustin é bem trabalhado, inclusive a relação dele com o Steve (que vira o maior babá de todos os tempos) onde eles viram melhores amigos por acaso do destino tentando capturar o Dart. A relação do Dustin com o Dart é muito bem trabalhada porque depois de tantos anos de bullying ele finalmente acha algo do qual ele possa se gabar e se identificar e, apesar de nojento, é até bonitinho isso, mas a forma como isso é destruído de uma hora para a outra é muito mais legal, porque do amor vai direto para o terror e o demodog começa a atacar. O Steve também tem um baita desenvolvimento nessa temporada, ele que era um babaca que ninguém gostava se torna top 5 personagens da série, quiçá top 3. A babá Steve é maravilhoso e vemos o coração do garoto pegador insensível amolecendo e começando a se preocupar com outras coisas além de vaginas. Eu tinha uma certa resistência a gostar dele no início, mas não dá, ele é muito brabo.

O arco da Eleven no início é legal, ela tentando buscar suas origens, quem ela realmente é e lidando com o fato de conviver fora de um laboratório com seus poderes. A Millie Bobby Brown na temporada manda muito bem e transpassa perfeitamente como a Eleven está curiosa em ir atrás do seu passado, além da relação um pouco conturbada com o Hopper que é o ápice da atuação dela na season. Quando ela encontra a mãe é muito interessante ver que ela é mais do que um experimento, ver que ela foi na verdade roubada e nossa, é pesado e triste ao mesmo tempo, acho que esse miolo do arco trabalha isso muito bem, porém o final dele é broxa. O sétimo episódio é facilmente o pior da temporada, na realidade é o pior da série, não acontece nada demais além de colocarem um visual emo-gótico na Eleven, é um episódio insuportável, com personagens insuportáveis, que só tem uma cena boa que é onde toca Bon Jovi, de resto é uma porcaria.

Gosto dos últimos dois episódios, eles fazem bem isso do final épico, do regresso da Eleven com aquele visual gótico no final do penúltimo episódio é espetacular e como todo o episódio seguinte se desenvolve é ótimo, desde o Billy jogando charme na mãe do Mike (antecessor ou sucessor de Ryan Gosling?) até mostrar que o Devorador de Mentes está chegando e a cena da Eleven, o clímax da série, é visualmente lindo, é muito legal, mas na minha opinião poderia ter sido mais épico do que foi, não é uma cena tão memorável quanto as outras épicas da série. A temporada se encerra com um ponto final em algumas questões, estabelecendo novas relações, novas personalidades e abrindo um caminho bastante interessante para a terceira temporada (que viria a ser a melhor da série).

"Stranger Things 2" é uma ótima segunda temporada, consegue dar sequência perfeitamente aos eventos da primeira e expande esse universo de coisas estranhas, criando algo mais completo e que cria uma estrada interessante para as próximas temporadas. A divisão de arcos para chegar no final e todos eles se unirem é incrível e a forma como novos personagens e conceitos são trabalhados é magistral. Essa série é verdadeiramente excepcional, não é apenas hype igual eu imaginava, merece todo o sucesso que tem!

Nota - 8,5/10

Nota por Episódio:
2x1: "Chapter One: MADMAX" - 8,0/10
2x2: "Chapter Two: Trick or Treat, Freak" - 8,0/10
2x3: "Chapter Three: The Pollywog" - 8,0/10
2x4: "Chapter Four: Will the Wise" - 9,0/10
2x5: "Chapter Five: Dig Dug" - 8,0/10
2x6: "Chapter Six: The Spy" - 10/10
2x7: "Chapter Seven: The Lost Sister" - 4,0/10
2x8: "Chapter Eight: The Mind Flayer" - 9,5/10
2x9: "Chapter Nine: The Gate" - 8,5/10

FILMES OU SÉRIES RELACIONADOS:
• Stranger Things (2016)
• Stranger Things 3 (2019)
• Stranger Things 4 (2022)

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