Crítica - Honor Society (2022)

Uma comédia romântica surpreendentemente boa.

Eu sinceramente decidi ver esse filme por a reunião de duas lendas: Gaten Matarazzo (Dustin de "Stranger Things") e Christopher Mintz-Plasse (McLovin de "Superbad - É Hoje!"), mas então, me deparei com uma comédia romântica original, surpreendente, com uma vibe incrível e que me deixou de queixo caído pela sua qualidade, em questão de trama, mensagem, atuações e acontecimentos. O filme basicamente traz Honor (Angourie Rice) como a protagonista, é uma menina que você vendo a primeira cena dela você já pensa que vai sentir uma antipatia por ela o filme inteiro, porque ela é a típica garota que busca status e popularidade, mas na verdade ela nem sabe quem ela é e com isso o filme desenvolve uma bela jornada que culmina no resgate da romcom do estilo John Hughes: a comédia romântica adolescente fofa, mas que tem algo mais a dizer.

Se John Hughes estivesse vivo, não tenho dúvidas de que ele seria o diretor ou roteirista desse filme, o filme é muito baseado em suas obras que mostra sempre esse lado por trás dos arquétipos definidos, dessa vez vemos a menina popular, que está sempre tirando notas altas, capitã do time de vôlei, amiga das populares chatas e logo pensamos "nossa, que menina chata", mas acontece que o diretor estreante Oran Zegman faz muito bem algo chamado de construção do personagem, você por vários minutos de filme acha essa menina uma bela desgraçada, mas com as lições que ela vai aprendendo ao longo da história e como ela aprende nos mostra o quanto essa personagem é bem trabalhada e desenvolvida, porque você termina o filme com o pensamento totalmente contrário ao do início. O filme durante os seus primeiros dez minutos parece uma comédia romântica teen clichê que você já imagina toda a história na sua cabeça porque você já viu milhares de vezes, porém, o filme tem várias reviravoltas surpreendentes e ele termina do único jeito que você não pensa que ia terminar, você sempre acha que o filme vai cair nos clichês do gênero, mas ele foge e gera algo que não se espera nesse tipo de filme.

O filme fala sobre a adolescência moderna (como eu disse, John Hughes na nossa era), vemos todas essas questões de inclusão e aceitação sendo colocadas no filme de forma natural, há várias críticas a essas adolescentes em redes sociais através das "amigas" de Honor, que fingem preocupação com minorias no Instagram, mas dois segundos depois de postar o stories já fala que odeia alguma minoria no off, tem a questão de adolescentes LGBTQIAP+ fingirem heterossexualidade por medo da falta de aceitação por parte dos pais e das pessoas em si e também questão de exclusão dentro da escola que é muito bem trabalhada através da menina genial meio estranha (claramente baseada na Allison de "Clube dos Cinco") e todas essas questões são trabalhadas através da protagonista que era uma desgraçada e queria prejudicar essas pessoas, mas que acabou ajudando essas pessoas a descobrirem a si mesmas e essa mensagem sobre aceitação é bastante válida, principalmente para o público alvo do filme, que é um público entre 13-17 anos. Ainda mais que a mensagem sobre aceitar a si mesmo não é só por você ser gay ou estranho, é sobre não ligar para os padrões e ser você mesmo, isso que eu vou falar pode parecer algo clichê, mas tem que ser falado mesmo, porque esse encaixe em padrões é um saco, isso é mostrado o filme porque quando vemos a protagonista no padrão de garota popular, ela é chata demais, mas quando ela vai se aceitando aos poucos, ela vira uma personagem amável. Então, não finja não ser o esquisito bizarro que você é, seja assim do seu jeito e quem gostar de você, gosta e quem não gostar de você, não gosta, simples.

O filme deve muito aos seus personagens, porque eles são tão carismáticos que vão crescendo junto com a trama, a personagem-título é uma graça, como eu falei, ela começa chata e vai evoluindo ao ponto de você se apaixonar por ela como pessoa, esse desenvolvimento de personagem feito aos poucos é muito bem trabalhado e a Angourie Rice é extremamente carismática, é uma pessoa legal e consegue fazer com que você passe a gostar dela aos poucos, ela tem uma boa interação com o público numa quebra de quarta parede que é bem feita demais e que vai demonstrando aos poucos essa evolução, desde a relação dela com os pais, com os colegas e com o Michael (Gaten Matarazzo). Gaten Matarazzo que rouba a cena, esse moleque é um ator incrível e eu espero muito que ele consiga mais papéis além do Dustin, porque ele é sensacional, a atuação dele aqui como um nerd reprimido que se solta aos poucos é verdadeiramente muito boa e ele faz um papel que você se afeiçoa por ele, o carisma dele é tão absurdo que ele ofusca o brilho de todo o resto dos personagens quando ele aparece e você gosta tanto dele, mas o que acontece com ele é uma experiência que você precisa ter assistindo ao filme, eu não vou nem dizer como é que é.

Um adendo aqui é que a profecia de Michael Cera foi cumprida e McLovin realmente virou um futuro pedófilo, professor tentando comer aluna (inclusive participação divertidíssima do Christopher Mintz-Plasse, muito engraçado o papel dele e a cena dele cantando Shawn Mendes é a coisa mais engraçada que eu já vi em 2022). "Honor Society" é uma grata surpresa, eu imaginei que o filme seria uma coisa e terminou sendo outra completamente diferente e muito melhor do que teria sido, Angourie Rice é um achado, super carismática e demonstrando que consegue sim carregar um filme como protagonista e o Gaten Matarazzo provando que é um dos grandes atores do futuro de Hollywood. É um filme adolescente que se destaca e é realmente funcional, gostei muito e vejam esse filme o mais rápido possível, muito divertido, vale a pena demais.

Nota - 8,0/10

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