Crítica - Karatê Kid 3 - O Desafio Final (The Karate Kid Part III, 1989)

É ruim, mas é bom.

O terceiro capítulo da história de Daniel-San (Ralph Macchio) e Sr. Miyagi (Pat Morita) chega quando LaRusso tem o dilema de lutar ou não no Torneio enquanto é tentado pelo Terry Silver (Thomas Ian Griffith) a entrar para o Cobra Kai. É difícil explicar o que eu sinto por esse filme, porque eu acho ele muito bom e muito ruim ao mesmo tempo, ele tem coisas muito ruins, ele é bom em desenvolver a relação dos protagonistas com o karatê, os vilões, o plot twist, mas é meio ridículo em alguns aspectos. Primeiro que em questão de produção esse filme é muito inferior, nem se deram ao trabalho de fazer uma dieta pro Ralph Macchio porque ele engordou e não dá match com o físico franzino dele nos outros dois, segundo que também é meio ridículo toda aquela parte do Miyagi abrir uma loja de bonsai, não precisava desse drama todo da loja, do Daniel destruir um bonsai, aquilo é uma barriga no filme todo que no final é bem esquecido e terceiro, que decisão preguiçosa pular o LaRusso direto para a final só para não perderem tempo fazendo mais lutas nas gravações.

O ponto principal do filme para mim é o vilão, o Terry Silver, porque ele dá medo, o Thomas Ian Griffith tem uma carinha de psicopata muito convincente e ele é sádico, é doente, visivelmente tem Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) por causa do Vietnã e a psicopatia dele é construída aos poucos, ele começa como o cara legal (para o Daniel-San) que vai ajudá-lo a explorar seu potencial máximo, mas o plano dele, do Kreese (Martin Kove) e do Barnes (Sean Kanan) é completamente pirado, é um bagulho que assusta e ainda mais que os três atores tem cara de psicopatas e eles ainda dão aquelas risadas psicóticas genéricas que genuinamente assusta pela insanidade do trio. O Barnes é um adversário muito bem desenvolvido, quer dizer, o personagem não é nada demais, é só um doidão que quer espancar o Daniel-San, mas essa construção dele ser esse doido é funcional, ele com aquela cara de louco convence nesse quesito e a final do torneio é muito boa, é emocionante, porque você vê o LaRusso apanhando e sofrendo a luta inteira e depois na morte súbita ele se superando e ganhando novamente, essa cena foi a grande despedida de Daniel-San até 29 anos depois e acho que foi uma despedida digna a última cena dele no cinema ser justamente ele abraçando o Miyagi por ter ganhado.

O Ralph Macchio no filme tá bem mais carismático, é o filme que você mais se preocupa com ele e há o estabelecimento da relação com Miyagi, não só de mentor e aluno, mas de amizade, tem esse fixamento da relação de melhores amigos e a interação deles é espetacular. O Miyagi está bem aquém nesse filme, mas ele tem a sua cena mais bad-ass desde o primeiro filme quando ele espanca o Barnes, o Kreese e o Silver de uma vez só e ele usa o karatê para a defesa do Daniel-San, é meio contraditório, mas é muito brabo, além da grandiosa frase dele: "Está tudo bem perder para oponente, mas não em perder para o medo". Tentam enfiar um novo interesse romântico para o Daniel-San, a Jessica Andrews (Robyn Lively), que é tão irrelevante que é ela some em um determinado ponto do filme e nem se dão o trabalho de colocá-la no torneio. O tema do filme, "Listen To Your Heart", da banda Little River Band, pode ter um nome meio romântico, mas ele na realidade resume perfeitamente a relação do Daniel-San tanto com o Miyagi quanto com o Cobra Kai, é justamente isso que a letra fala: "Ouça seu coração, ele sabe diferenciar o certo do errado, deixe-o guiá-lo, ele o fará forte, olhe para dentro de si mesmo e ouça seu coração", julguem-me, é a melhor música tema da franquia.

"Karatê Kid 3 - O Desafio Final" é inferior aos outros dois, mas eu ainda gosto. Eu acho um filme que tem coisas muito boas e coisas muito ruins, mas as qualidades se sobressaem. Tem vilões sádicos memoráveis que passam raiva, um bom estabelecimento da relação entre Daniel-San e Sr. Miyagi. Apesar de suas bizarrices, é um filme divertidíssimo que encerra bem a história de LaRusso e Miyagi no cinema.

Nota - 7,0/10

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