Crítica - Feliz Natal, Drake & Josh (Merry Christmas, Drake & Josh, 2008)

Nada melhor para o espírito natalino que ver Drake e Josh fazendo m*rda.

Provavelmente você não esperava que eu faria crítica desse filme algum dia, até porque é praticamente impossível achá-lo na internet e demorou horas até eu conseguir encontrar, mas reassisti depois de tantos anos e cá estou eu para o texto mais inusitado da história. Se você viveu numa caverna nos últimos dezoito anos ou é muito novo, "Drake & Josh" (2004-2007) foi uma série de tremendo sucesso da Nickelodeon que marcou muitas infâncias e adolescências (inclusive a desse que vos fala), onde víamos Drake Parker (Drake Bell) e Josh Nichols (Josh Peck), dois meio-irmãos que se metiam em muita confusão. O show encerra-se em 2007 com uma series finale que foi um episódio duplo, mas que não teve cara de um fim de ciclo, só que como era uma série destinada ao público infanto-juvenil, pouco importava. Só que pouco mais de um ano, a Nick decide lançar esse telefilme que serve tanto como um especial de natal, quanto como um encerramento definitivo da série, terminando de uma forma bonitinha e fofinha a história iniciada anos antes com Josh virando faixa preta de karatê em um dia para no final levar uma surra do namorado de uma amante do Drake.

Aqui, vemos Drake prometer a uma garotinha órfã chamada Mary Alice (Bailee Madison) que ela e sua família teriam o melhor natal de todos, contudo, Josh foi preso por um crime de vandalismo que ele não cometeu, e Drake, tentando salvá-lo da prisão, acaba danificando propriedade pública e também é condenado, só que no tribunal, o juíz (que inclusive é o Henry Winkler em um cameo) é convencido a deixá-los cumprir a promessa, porém, se não for o melhor natal para a garotinha, os dois serão presos. Uma história bem simples que com certeza veríamos em algum episódio de duas partes se a série tivesse tido continuidade. A simplicidade da trama é o que aproxima o espectador, pois é isso que remete ao seriado e as trapalhadas dessa dupla que adorávamos ver, a única diferença é o estilo de gravação e a falta da risada de sitcom, o resto é a pura essência de Drake & Josh colocada, sendo a química da dupla principal o grande triunfo da obra, já que é isso que fez com que eles fizessem tanto sucesso por tanto tempo. É sempre bom ver esses dois juntos, a interação e o timing cômico deles juntos é puramente perfeita, é uma sensação muito nostálgica ver essa interação da seriedade e lucidez atrapalhada do Josh com a burrice descolada e carismática do Drake, essa oposição é o grande segredo.

A inocência envolvida na história é primordial para o funcionamento, até porque estamos falando sobre algo que foi feito direcionado diretamente para o público entre cinco e quatorze anos, então é preciso entender a obra desse jeito. Temos a apresentação de Mary Alice e sua família adotiva, composta pela junção de alguns arquétipos: gêmeas briguentas, um tagarela questionador, um estrangeiro e um adolescente emo que se paga de sério mas no fundo é um coração mole. Essa união deixa o filme bem eclético em sua comédia, pois tem o clássico humor da série, envolvendo as enganações de Drake, as burrices do mesmo, o Josh se ferrando fisicamente, os dois sofrendo peças da Megan (Miranda Cosgrove), só que aí essa combinação vem adicionando uma diversidade bastante interessante, temos a comicidade das gêmeas brigando, do moleque questionando sem parar ou do estrangeiro que fala uma língua não-identificada e é engraçado por essa inconveniência. A relação dos irmãos protaganistas com esse grupo fraterno deixa uma evolução interessante comparado ao que vemos na série, com um amadurecimento muito claro e que deixa até um orgulho no espectador.

Tem alguns problemas. Na maior parte do tempo, tem um vilão genérico e insuportável, o Agente Gilbert (David Pressman), que é um policial genérico ali que só serve para encher linguiça e tomar tempo, só que aí há um desenvolvimento dele que demonstra o retorno da aura de besteirol da série, onde não se leva a série em nenhum momento e acaba deixando muito engraçado (inclusive creio que tenha sido uma das inspirações para Jordan Peele escrever a parte do macaco serial killer de "Não! Não Olhe!"). Tem uma diminuição de papéis, a importante da Megan e dos pais aqui é infinitamente reduzida, enquanto o Steve Doido (Jerry Trainor) ganha espaço até demais com um arquétipo cômico em um overacting que, sinceramente, é mais irritante do que engraçado em si. No show era muito engraçado pela pontualidade, aqui como acontece o tempo inteiro, fica bem chato em certos pontos. Mas no geral, não atrapalha muito.

Um excelente filme televisivo, "Feliz Natal, Drake & Josh" cumpre bem o seu papel de ser tanto um encerramento para uma das séries mais bem sucedidas da história da Nickelodeon e da TV no geral quando o assunto são séries infanto-juvenis. É muito legal assistir essa dupla de volta, ainda mais com tantos cameos de personagens recorrentes do seriado e a introdução de novos que ajudam na composição de uma história fechada, coesa e sem perder a sua identidade besteirol e pirada. Sem tirar o fato desse longa ter o cheiro de natal e a nostalgia enquanto reassistia foi inexplicável.

Nota - 8,0/10

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