Crítica - 65 - Ameaça Pré-Histórica (65, 2023)
Potencial desperdiçado por péssimas decisões criativas.
Desde o surgimento do blockbuster e seu estouro no início dos anos 80, grandes ideias envolvendo universos de fantasia e ficção científica são explorados no cinema, o que acabou se extrapolando para a televisão e os videogames, e essas histórias sempre vem misturadas em diferentes gêneros, algumas vão para o lado do terror, outras para mais comédia e outras para a ação. No entanto, sabemos que estamos em uma crise de originalidade em Hollywood e sempre quando vem algo aparentemente novo sempre é bem-vindo, e esse aqui é um exemplo, pois vindo dos roteiristas do maravilhoso "Um Lugar Silencioso" (2018) dava para se esperar um bom filme, pelo menos divertido. Infelizmente, não tem nada de original aqui, é quase um "Frankenstein" de vários filmes famosos e no final a impressão que passa é que eu não vi nada, é vazio em tudo, principalmente quando busca por um lado sentimental que falha miseravelmente.
No distante e tecnológico planeta Somaris, Mills (Adam Driver) é um astronauta que sairá em uma missão longa em prol de conseguir dinheiro para tratar de sua filha Nevine (Chloe Coleman), no entanto, sua nave acaba desviando a rota e cai na Terra há 65 milhões de anos atrás, no período cretáceo, e todos os tripulantes morrem, exceto nosso protagonista, mas ele encontra uma garota nomeada Koa (Ariana Greenblatt), a qual ele decide cuidar enquanto tenta voltar para seu planeta natural. Na direção e roteiro de Scott Beck e Bryan Woods, além de produção do nosso querido Sam Raimi, temos uma das histórias mais genéricas e narrativamente pobres dos últimos anos, talvez das últimas décadas. Cara, não tem NADA, ABSOLUTAMENTE NADA, de original, chega a ser incrível como tudo parece retirado de outra obra de entretenimento só que feito de maneira preguiçosa, parece que foi escrito por uma capivara antropomórfica cujo cérebro não evoluiu. São os diálogos mais qualquer coisa da história somados ao fato do longa não ter nenhum ritmo, é parado sem motivo algum, e eu posso dizer sem exagero algum que é um dos filmes mais chatos que eu já vi, parece que não acaba nunca e isso que tem só 117 minutos, com nitidamente material cortado (eu que não vou ver nenhuma versão estendida dessa coisa não).
Ele pega referência de "Interestelar" (2014), de "Logan" (2017) e a óbvia de "Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros" (1993) por ser filme de dinossauro, só que chamar apenas de "referência" acaba sendo pouco. Sério, se eu fosse o Christopher Nolan eu metia um processo em quem fez essa porcaria por plágio, porque o arco do Mills (e eu só sei o nome do personagem porque eu pesquisei na Wikipedia) é 95% igual ao do Cooper, personagem do Matthew McCounaghey, no filme dele de 2014, porque é a mesma história do cara que vai para o espaço e deixa a filha esperando por ele na Terra, porém o tempo vai passando e ele não volta, e cara, essa historinha tem zero em emoção, não tem aproximação, só é banal mesmo. A relação do Adam Driver com a garotinha é o arquétipo Joel-Ellie, a primeira reutilização genérica após o sucesso da série de "The Last of Us" (2023-) - esperem para ver muitas outras. Mas aqui tem também uma base de "Logan", já que a garotinha com visual meio sujo e o adulto barbudo tem dificuldades de comunicação por linguagem, então nem o problema dos personagens não se entenderem acaba sendo totalmente copiado de outro filme famoso, ainda mais feito de forma preguiçosa e de má vontade.
Sinceramente, ô Adam Driver, me fala aí o porquê diabos você aceitou fazer isso aqui? Você é o Kylo Ren, meu amigo, você fez filme com o Scorsese, com o Spike Lee, com Noah Baumbach, com os Irmãos Coen, Clint Eastwood, Spielberg, Ridley Scott, tanto diretor bom, os rumores apontam que vai ser o Reed Richards na Marvel agora, duas indicações ao Oscar e quatro ao Emmy, então, meu amigão, para que se submeter a isso? Por que se humilhar dessa maneira? Para que ter essa mancha em seu currículo tão bom e extenso? Ainda mais entregando uma das suas piores atuações, só fica atrás de sua infame performance como Maurizio Gucci em "Casa Gucci" (2021), atuação mais preguiçosa que tem, nitidamente tá ali para pagar aluguel, comprar um negocinho a mais com o cachê gigante que ele receberia, não há outra justificativa. Única coisa boa mesmo é a computação gráfica dos dinossauros, que surpreende visto o histórico recente dos efeitos visuais do cinema (que não é a primeira vez que eu cito isso aqui), mas nem vou me estender nesse assunto, porque para elogiar apenas o CGI, é porque o troço tá realmente complicado.
Deprimente, "65 - Ameaça Pré-Histórica" não dá nem para se considerar como um filme, tá mais para uma aberração de uma natureza artificial. É a coisa mais preguiçosa e sem originalidade da história do cinema, chega a ser incrível como as inspirações beiram o plágio, como as mesmas formam um Megazord de Chernobyl, ou melhor, um Frankenstein bizarro que esses caras tiveram a cara de pau de lançar nos cinemas, na minha cidade por exemplo, tirando as salas do filme "Air - A História por trás do Logo", que eu nem vi, mas se for pior que isso aqui, a situação está complicada. Dá pena do Adam Driver por estar envolvido num bagulho tão ruim e mal feito assim, não só dele, mas de qualquer um dos malucos que trabalhou nisso, ou não, já que parecem que todos estavam sob efeito de alguma coisa. É aquele caso de que quanto mais eu penso, pior vai ficando, é tenebroso.
Nota - 2,5/10