Crítica - Capitã Marvel (Captain Marvel, 2019)
Elenco maior que o resultado.
Carol Danvers nos quadrinhos era a personagem que os roteiristas sempre colocavam para acontecer coisas horríveis, que envolvem estupro, incesto, lavagem cerebral e outros. Sempre é ela que escolhiam para sofrer, parece que todos odiavam ela por algum motivo, ela era uma totalmente coadjuvante e ainda era a Miss Marvel, uma heroína que de suporte até nas próprias histórias que só ganha protagonismo em algumas poucas histórias. Mais tarde, ela começa a ganhar um destaque, sendo até líder dos Vingadores e tendo um time dela na Guerra Civil 2 contra o Homem de Ferro, algo que já estava programado desde que foi anunciada no cinema, com isso, nota-se que a Capitã Marvel foi uma personagem da Marvel que só começou a ganhar destaque nos últimos anos e colocar ela para ser a protagonista do primeiro filme solo de uma mulher no MCU para mim, particularmente, é meio estranho tendo em vista o fato de que já tinham heroínas que são do alto patamar da Marvel desde os anos 60, mas pensando, talvez tenham escolhido ela porque desde sempre é uma personagem relacionada ao feminismo, tanto que nos EUA a escrita do nome dela era "Ms.", que é algo que vem do movimento.
Isso do girl power que a personagem representa é uma das poucas coisas que fazem bem, porque vendo relatos de mulheres depois de ver o filme eu me senti até meio mal de não ter gostado mais, vendo que representa tão bem essa luta por direitos que ilude muita gente achando que é melhor do que realmente é. Eu não sou mulher, não estou em meu lugar de fala aqui, mas acho que era necessário as meninas poderem se enxergar na Carol, igual o que eu disse sobre as pessoas negras vendo "Pantera Negra", elas precisavam disso aqui na Marvel, num palco tão grande, tem várias cenas com a Carol criança recebendo palavras de desprezo de vários homens durante infância, juventude e vida adulta, isso reflete nossa sociedade que prefere julgar a pessoa pelo gênero do que pelo geral. Algumas falas são meio pesados e até dói, refletem a vida, como o diálogo de "meu irmão pode, por que eu não posso?", isso é história, parceiro, só olhar o conceito original de hierarquia. Tem muito retardado na internet que fala que é lacração, a Disney liga para as mulheres se sentindo representadas? Nem ferrando, só ligam para o dinheiro que todas essas feministas gastarão em blu-ray, boneco e camiseta, mas do mesmo jeito estão divulgando essa causa tão necessária e que parece nunca ter fim.
Desde a primeira cena dá para perceber que é mal dirigido, chega até a ser desconfortável, parece que os diretores não tem nenhum controle sobre ele, a criatividade é zero, parece uma mistura de todas as origens do MCU, mas que quase todas as coisas boas desses outros foram retiradas antes de bater, não tem impacto nenhum, não te prende,, ele só tem três coisas relevantes para o universo: apresentação dos skrulls, o fato do nome dos Vingadores ter surgido da nave da Carol e a primeira cena pós-créditos, o resto parece que você já assistiu um milhão de vezes na Globo, parece que nem tenta ser bom, só fica em uma zona de conforto desconfortável para o espectador. Fica em uma mesma fórmula repetitiva que nem tenta inovar, é irritante. A dupla por trás das câmeras é Anna Boden e Ryan Fleck, que nunca fizeram algo realmente relevante para o cinema, mas para uma dupla que trabalha junto há tantos anos dá para perceber algumas coisas que eles discordam entre si e sai alguns resultados ridículos, tem uma diferença de tons evidente a cada cena e parece que vai ficando mais maçante, quer ser comédia e depois quer ser melodrama, tem momentos que não entram no tom e que parecem que foram forçadas contra a vontade dos diretores a serem colocadas lá.
Tem duas coisas que eu gosto no filme: a primeira é a subversão de expectativas de duas cenas, os skrulls na real serem as vítimas (Written and Directed by Barney Stinson) e o Nick Fury perder o olho por conta de um arranhão de gato, essa segunda eu acho incrível pela quebra de expectativa. A outra coisa que salva é o elenco. A Brie Larson como Capitã Marvel é uma cópia do Maverick com um pouco menos de carisma (propositalmente), ela tem uma soberba, mas que você vai aprendendo a gostar, pois ela é carismática, mas falta se soltar as vezes, termina que em alguns momentos ela se fecha e fica meio nulo. O Ben Mendelsohn como Thalos é muito bom, ele passa a vibe de só querer calma e tranquilidade e não ter isso e acaba cativando o espectador porque mesmo por baixo de toda aquela prótese ele tem um carisma enorme. A Lashana Lynch como Monica Rambeau também é muito boa, é carismática e bad-ass, ela passa a sensação de ser forte e de saber lutar suas próprias lutas, além de ser uma boa mãe, e a relação dela com a Carol é muito boa, pois as duas convencem como melhores amigas com uma química que convencem que elas tenham sempre se ajudado em momentos difíceis, é uma amizade muito linda. O Samuel L. Jackson não preciso nem dizer que é incrível, mas gostei muito de mostrar ele antes de ser o chefão amargurado, ele mais divertido, descontraído, piadista e amolecido perto de gatos, ele é melhor que o filme se bobear, porque é uma visão diferente e desconstruída que é funcional.
Acho que atualmente esse filme serve mais como uma discussão política vaga entre nerdolas, onde uns odeiam por "lacração" e os outros gostam para contrariá-los, mas na real nenhum dos dois lados apresenta um ponto sobre o porquê da opinião, parece que nem viram antes de xingar ou elogiar, são só argumentos frouxos e que parecem que se forçam para ser burros. Eu não tenho problema se gostou ou não gostou, só apresentem argumentos válidos para justificar e não ficar numa frescura só por conta de crenças pessoais. Mas, como filme, "Capitã Marvel" é genérico que não tem mão firme, é feito por estúdios e produtores, não por diretores, já que os mesmos não conseguem ter controle sobre a própria obra, que supostamente, era para ser deles. É um daqueles do MCU que se você for maratonar pode pular, é irrelevante num geralzão, só ler uma coisinha ou outra na internet e já sabe tudo que precisa. Sinceramente, é mal dirigido, é salvo por ter bons atores e um bom trabalho técnico, mas o resto é horrível. Você não sente nada assistindo, é um filme totalmente nulo que quando acabou eu só soltei um "é, não foi um dos melhores não". Mas se estiver vagando de boa e estiver passando, até vale a pena ver porque tem momentos legais de ver descontraído.
Nota - 5,5/10