Crítica - Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings, 2021)

Divertido demais.

🚨 Esse texto não contém spoilers 🚨

Shang-Chi, um herói dos quadrinhos que sendo sincero eu não conheço quase nada, nunca vi nada onde ele teve um papel relevante nos quadrinhos, mas pelo o que eu vi na Wikipédia, o filme segue basicamente a mesma história base dele nos quadrinhos só que alterando o personagem do pai dele, que nos quadrinhos é o Fu Manchu e que no filme é o verdadeiro Mandarim. Bom, assim como sobre o personagem, eu fui para o filme sabendo quase nada, apenas havia visto o primeiro trailer (só uma vez e no dia que lançou) e uma foto do Wong lutando contra o Abominável em uma jaula, mas tirando isso, nada, fui para o filme sem expectativa alguma e no início acabei me surpreendendo positivamente, era um filme que basicamente segue naquela jornada do herói clássica que é bem utilizada e parecia um dos filmes mais divertidos do MCU, mas, quando o filme busca uma parte mais fantasiosa, ele se perdeu muito. O filme é dirigido por Destin Daniel Cretton, um diretor que provavelmente conseguiu esse emprego graças a Brie Larson (porque tirando esse, ela tá em todos os filmes dele), ele usa aqui a estética de jornada do herói fazendo algumas alterações, mas dá para perceber essa estética, é um filme com a divisão de três atos clássicos, com a apresentação, a entrada dentro do mundo místico e a batalha final e tudo bem organizado, o Cretton faz uma história feijão com arroz requentado, tem boas cenas de ação, bom desenvolvimento de personagem e uma história envolvente, mas depois da cena da prisão, o filme se perde, ali vai para a parte mística do filme com elementos místicos apresentados e que consegue até criar uma linguagem diferenciada, mas não dá, do meio do segundo ato até o final da batalha, é tudo muito esquecível. Cretton aqui usa uma linguagem de filme de ação de kung-fu dos anos 70, o Shang-Chi é praticamente uma mistura de Bruce Lee e Jet Li, acho que faltou explorar melhor o kung-fu no filme, eles trabalham mais o misticismo envolvido na mitologia do Shang-Chi, mas o kung-fu eu acho que seria menos complexo para a cabeça do público do que um monte de magias, além do fato que o nome de Shang-Chi nos quadrinhos é acompanhado por "O Mestre do Kung-Fu", então senti falta disso, até porque o misticismo é muito mal trabalhado, eu não lembro de nenhum negócio apresentado dentro do filme nessa parte que é marcante.

Porém as cenas de ação em si são muito boas, é uma ação bem legal de assistir, é bem corpo a corpo, o kung-fu que é mal explorado na trama do filme, é muito funcional nas cenas, dá uma sensação mais "realista", os chutes e a forma que as cenas são editadas dão uma sensação de estarmos vendo realmente um filme de kung-fu clássico dos anos 70, aquela cena do ônibus e alguns momentos da batalha final lembram muito, os enquadramentos e a coreografia das cenas são claras referências à esse estilo de filme. Eu acho o vilão do filme um vilão mediano, bom, dá para entender o que ele quer fazer, basicamente ele é só um cara com o amor à flor da pele que quer vingança por ter perdido o amor da sua vida, mas faltou explorar melhor o porquê dele querer vingança, isso ficou muito mal explicado e a motivação dele acaba por ficar totalmente vaga, mas gosto do Tony Leung na atuação, ele consegue passar ao mesmo tempo ser apaixonado, ao mesmo tempo que é vingativo, ao mesmo tempo que é amargurado e tudo muito bem, ele tem uma postura vilanesca que propõe um medo no espectador, mas no geral é um vilão clichê mal aproveitado. Falando em vilão mal aproveitado, temos aqui o retorno do Ben Kingsley como o ator que faz o Mandarim, não vou dar muitos detalhes porque você precisa parar de ser vagabundo e ir ver o filme, mas é uma participação que no final é chata para caramba, porque ele aparecer preso na casa do Mandarim, ok, mas depois ele serve como garoto propaganda do carro que tem no filme e como um personagem incrivelmente irritante e é acompanhado pelo bicho de cgi mais sem carisma do MCU, ninguém vai querer comprar uma pelúcia daquilo, é um bicho feio mas que nem é fofinho pelo menos. Agora falando mais sobre o terceiro ato, ele perde muito peso e fica algo maçante, que eu nem lembro o que acontece, parece que o tempo parou, eu achei que ali perdeu a mão o diretor e sei lá... O filme me perdeu ali, cria-se uma gordura no filme que só o estica e que poderia nem ter tido e ainda tem o monstro gigante genérico que não apresenta ameaça alguma.

Eu gostei muito do Simu Liu como o Shang-Chi, a Marvel sempre faz umas escolhas acertadas em relação aos seus heróis, ele aqui tá se divertindo muito fazendo, ele é muito carismático, muito expressivo e ele na atuação passa muito a sensação que gosta de estar lá, que tem prazer em fazer parte desse universo, é como se fosse uma criança entrando na Disneylândia, é legal ver a empolgação dele e o ator é realmente bem empolgado com a ideia de estar no MCU, eu gostei dele, vai ser bem legal acompanhar a jornada dele no futuro. Um elemento do filme que dá um buzz no protagonista é a personagem da Katy, interpretada pela Awkwafina, a interação dela com o Shang-Chi é o ponto alto do filme e eu gosto que o Cretton não transforma isso em um romance, é amizade, uma relação de amizade que funciona, é natural, a química é alta, se tivesse mudado alguma cena para forçar casal seria totalmente esdrúxulo, funciona justamente por ser desse jeito, a Katy no filme faz basicamente o papel do espectador porque é ela que faz as perguntas e recebe as explicações do que está acontecendo, a contextualização e também a Awkwafina é carismática demais, ela é divertida e a personagem dela é totalmente free spirit, divertida e ganha fácil o espectador.

Vou parar por aqui porque não consigo achar mais nada para falar, não é um filme com tanto conteúdo assim para extrair mais coisas, mas gostaria de falar que aquele clube da luta que aparece no filme merecia mais cenas porque é um conceito muito dane-se, mas que é legal de ver as rinhas que rolam lá, é literalmente o "cinco minutos sem perder a amizade". "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é um filme divertido de assistir, faz referências à várias coisas legais e essa mistureba gera mais um filminho bacana do MCU, acho interessante eles usando mais ainda as pratas da casa agora, já que os principais saíram e os direitos dos medalhões estão em risco, o filme ainda tem um protagonista super carismático e que tem uma relação de amizade sensacional. Porém o filme cria uma gordura no terceiro ato que deixa chato só serve para deixar o filme mais longo, aí foi desnecessário, o filme me perdeu ali e até me fez gostar menos dele, eu gostei, mas tá mais para um filme só bom do que muito bom. Se você curte filmes de artes marciais, John Woo, Dragon Ball e filmes buddy cop, você vai gostar desse, pode ter certeza.

Nota - 6.5

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