Crítica - Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War, 2018)

Épico.

Depois de dez anos e 19 filmes de espera, chegamos finalmente à primeira parte da conclusão dessa saga épica e devo dizer que é o filme mais marcante do MCU, pelo menos para mim, ele é o mais marcante de forma geral, não só pelas cenas que são todas inesquecíveis, mas por tudo que ele representa, é a primeira parte da conclusão de uma história que levou dez anos para ser construída, foram dez anos de desenvolvimento, dez anos para nós nos apegarmos por esses personagens, dez anos para se importar com esses personagens e dez anos que não foram jogados fora de maneira nenhuma, é impressionante o que muda em dez anos, em 2008 a Marvel era mais desconhecida, apenas X-Men, Quarteto Fantástico e Homem-Aranha que faziam sucesso de verdade nas HQs e no audiovisual, hoje quem não conhece o Groot é maluco, o que esses caras fizeram com a Marvel foi praticamente revolucionário no cenário de super-heróis e ver a primeira parte da conclusão disso é emocionante. O filme não é mais dirigido pelo Joss Whedon, dessa vez deram a direção para os Irmãos Russo e acho que eles fazem um baita trabalho, respeitando todo o desenvolvimento que teve para chegar até aqui, eles não tentam "corrigir", todos as vivências, experiências e traumas dos personagens são colocados aqui mesmo que não apareçam na tela ou sejam citados, mas é possível sentir isso só de olhar para os personagens, dá para sentir o trauma de Nova York ainda no Stark e o quanto ele quer se livrar disso acabando com o causador do ocorrido, dá para sentir no Thor uma sede de vingança pelo o que acontece no início do filme e mais um bônus de todas as suas experiências nos filmes anteriores de ter perdido a mãe, o pai, os melhores amigos e o irmão como uma espécie de descontar o ódio dessas mortes no Thanos.

O filme aqui é dividido em vários arcos separados que vão se unificando ao longo do filme para no final se tornar só um, tem o arco de Nova York (que envolve Tony Stark, Doutor Estranho e Homem-Aranha) que ao longo do filme se chama unifica com o arco dos Guardiões (que envolve Senhor das Estrelas, Drax e Mantis) - esse arco que é dividido em dois com o arco do Thor (com Thor, Rocket e Groot indo para Nidavelir) que depois se unifica com o arco dos Vingadores (Bruce Banner, Máquina de Combate, Feiticeira Escarlate, Visão, Steve Rogers, Viúva Negra, Falcão, Pantera Negra e os demais personagens do universo do Pantera que somos apresentados em seu filme solo) e acho que é um dos motivos do filme funcionar essa linguagem não nova, mas diferente em um filme de heróis, todos os arcos tem o mesmo peso e objetivo: destruir o plano do Thanos, eu gosto muito disso, porque nenhum arco tira o brilho do outro, são dois pesos iguais e a dinâmica dada ao filme é muito interessante e muito gostosa de acompanhar, é um filme que os Russo deixam bem fluído, ele vai de uma história para outra de forma bem natural, sem enrolação e com o mesmo ritmo da cena anterior, é um filme muito energético, é um ritmo acelerado, praticamente 70% do filme é cena de ação e todas essas cenas são bem feitas, a ação do filme é o ponto forte, se não me engano tem 27 minutos seguidos de porradaria e é um dos motivos por qual o filme é tão memorável, não tem nenhuma babação melodramática, é um filme que vai direto ao ponto e pronto. É um filme protagonizado pelo vilão, por mais que o filme não tenha um protagonista certo, ninguém aparece mais que 30 minutos no filme, o Thanos é o protagonista, se você parar para pensar, ele não é tão complexo quanto falam porque ele só tem o arco da Gamora como apelo emocional para sentir empatia por ele (que eu acho que funciona) e a filosofia dele não é inovadora, mas é muito bem trabalhada e deixa compreensível o plano dele e o Thanos não é um cara mau, ele tem sim atitudes ruins, extremas e genocidas, mas a intenção dele é boa, nós conseguimos simpatizar com ele, ele é um cara que quer o melhor mesmo que de formas erradas porque aconteceu o que ele está tentando evitar no planeta dele, então ele tá tentando evitar um trágico futuro no qual ele teve e é traumatizado por isso, na maior parte do filme vemos o ponto de vista dele, não dá para não simpatizarmos com ele.

Os heróis aqui também estão muito bem, como são vários, eles aparecem bem menos que nos outros filmes, mas ainda tem muita presença na tela, mesmo que por pouco tempo, para mim o grande herói do filme é o Thor, finalmente vemos o Thor com seu poder das HQs, o Thor bad-ass, o Thor quase em seu máximo, o Thor aqui tem finalmente sua imponência crível, ele tá melhor aqui no que nos três filmes solo dele e o desenvolvimento dele já mencionei um pouco anteriormente, é muito bom, ele não tem mais nada a perder, perdeu todo mundo que ama e o povo cujo ele é rei é dizimado, então ele quer descarregar o ódio dele em algo para não perder mais e vemos as consequências no filme seguinte. Também gosto muito do Capitão América aqui, ele nem é mais o Capitão América, mas sim o Nômade (outra identidade do Steve Rogers nos quadrinhos e isso de Nômade é confirmado pelo Joe Russo), ele tá mais anarquista, desistiu de ter ligações com o governo e agora é um vigilante que ainda tem aquele instinto de esperança e liderança. Também tem o Doutor Estranho que também está melhor aqui do que no próprio filme, ele demonstra estar mais poderoso, mais ciente de seus limites, ele está bem mais próximo tanto em personalidade quanto em poder do personagem das HQs, a luta dele contra o Thanos para mim está facilmente entre os melhores momentos do filme, top 3, com certeza. E também tem o Robert Downey Jr. como Homem de Ferro que está sensacional como sempre e dessa vez ele tá com sentimento semelhante ao do Thor que foi citado acima, ele quer descontar o ódio dele, ele ainda é traumatizado por conta de Nova York, ele tem ódio do Thanos, ele quer acabar logo com seu trauma e quer continuar vivendo sua vida civil, o Downey Jr. parece que consegue passar todo esse trauma na atuação, ele passa o ar de que quer logo acabar com isso e se aposentar, o Tony Stark já tem 40 anos no filme e quer descansar logo, só não gosto da armadura dele no filme, parece uma amoeba, não dá aquele ar de realismo que dava as armaduras na trilogia dele, que você se imaginava usando, aqui é qualquer coisa criada facilmente, uma armadura overpower que parece um alien, não curti não, não me remete ao Homem de Ferro.

O legal desse filme é que atualmente não dá para reclamar de quase nada porque todas as decisões idiotas que os personagens fazem são justificadas no Ultimato, aí se fosse na época do filme dava para chamar o Peter Quill de burro sem saber, mas fazer o que, né? Infelizmente, não estamos mais em 2018. "Vingadores: Guerra Infinita" provavelmente é o filme mais épico da Marvel, é legal ver a reunião de quase todos os heróis juntos, todos lutando contra o melhor vilão desse universo. É o melhor filme da Marvel? Para mim não, mas é o mais amado bem de longe, não acho ele nem o melhor filme dos Vingadores (o que não o torna menos bom). É um ótimo filme de porrada, tem uma ação muito boa, é um filme bem pipoca que todo mundo se diverte, não tem muitos momentos dramáticos, é mais um filme rápido, com muita adrenalina, que não para, tem ação quase o filme todo, eu acho incrível, com certeza está entre os melhores da Marvel e a cena do "Bring Me Thanos" para mim é a melhor cena do MCU.

Nota - 8.5

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