Crítica - Falcão e o Soldado Invernal (The Falcon and the Winter Soldier, 2021)
Até agora, a melhor série da Marvel.
Falcão e Soldado Invernal, dois personagens que já vemos há muito tempo no MCU e pouco sabíamos sobre eles, sabíamos apenas o básico. Nos quadrinhos e no MCU tanto o Sam quanto o Bucky são personagens que são relacionados ao Capitão América, ambos já foram o Capitão América nos últimos 15 anos e não foi só por uma edição, foi por um grande tempo nas hqs e, eu não acompanho quadrinhos da Marvel desde 2017, mas o Sam era o atual Capitão quando eu parei. Durante a Saga do Infinito, sabíamos que o Steve Rogers não iria mais aparecer após o fim e desde 2016 havia a discussão de quem seguiria o legado de Capitão América nos cinemas, muitos queriam o Bucky e muitos queriam o Sam, para mim sempre foi tanto faz contanto que justificasse bem a escolha ao decorrer dos filmes (mas tendo preferência pelo Sam). Aí finalmente vem "Vingadores: Ultimato" e mostra que o Sam foi escolhido para seguir o legado do Steve e desde lá surgiu o hype para vermos um novo Capitão. Eu disse que eu tenho preferência pelo Sam como Capitão porque para mim sempre fez mais sentido vendo o MCU ser o Sam, porque o Bucky é extremamente respeitoso a seu amigo e acho eu que ele não assumiria com medo de não honrar seu mano Steve, além daquilo que eu disse no texto de "Pantera Negra" sobre a representatividade para as crianças pretas e uma criança preta finalmente poder brincar dizendo "eu sou o Capitão América" sem ser julgada pelas outras crianças e isso importa sim. Inclusive a questão racial é abordada na série, mas de uma forma que não me agradou, pois pareceu que a diretora ficou com medo, faltou coragem nessa parte, é uma parte que dava para sentir o medo da diretora (que é branca) em ofender a comunidade preta, o que é compreensível, até eu escrevendo essa parte tô, mas entre abordar mal só para dizer que abordou e não abordar, era melhor nem ter abordado e no final, as conversas entre o Sam e o Isaiah Bradley serviram de nada na série.
A série como todos devem saber tem seis episódios e basicamente são três atos cada um contado por dois episódios, o primeiro ato que é a introdução da série e mostra mais do desenvolvimento dos personagens que ganhará mais aprofundamento ao passar dos episódios, que também introduz rapidamente os Apátridas e também mostra o novo Capitão América, John Walker (interpretado pelo filho do Kurt Russell, Wyatt Russell). O segundo ato mostra o Sam e o Bucky se juntando ao Zemo (se você lê todos os meus textos sabe que eu odeio esse personagem) e desenvolve os Apátridas e principalmente sua líder, Karli Morgenthau, além de mostrar a volta da Agente 13 (que foi declarada inimiga do Estado após entregar o escudo do Capitão e as asas do Falcão lá em Guerra Civil). O terceiro ato mostra o dilema e a decisão de Sam em relação a ser o Capitão América. Na minha opinião a série é muito nivelada, mantendo-se em alto nível em cinco dos seus seis episódios, para mim o terceiro episódio é ruim, o resto dos episódios são todos no mesmo nível, todos são muito bons, com uma trama muito bem trabalhada e que é bastante instigante, cenas de ação muito boas e personagens (heróis e vilões) bem trabalhados e com motivações compreensíveis que resultam em horas de puro entretenimento. A diretora Kari Skogland cria uma vibe de mistério e espionagem dentro de uma linguagem de buddy movie que trás uma experiência muito imersiva ao espectador, eu demorei dois meses para continuar a série, mas na época que eu vi os dois primeiros episódios eu não tava muito com a vibe de ver filme, série, nem nada, agora que eu tô mais engajado em ver a série me pegou mais, é uma série que eu vi que não funcionou para muitas pessoas, mas para mim foi muito funcional porque eu gosto muito desses buddy movies good vibes e ainda mais acrescentando espionagem, ação e super-herói, ainda mais agora que eu vindo de uma maratona onde eu vi esses personagens em vários filmes e ver eles na série agora sendo mais desenvolvidos separados de outro personagem é muito legal.
Gosto muito do desenvolvimento do Sam aqui, mostrando ele como uma pessoa que você consegue se enxergar, nos filmes não tínhamos nenhuma visão dele além de ser o cara que voa e que cuidava de veteranos de guerra, aqui vemos ele como um cara que tem as contas para pagar, que tem problemas no banco, que tem que ajudar a irmã que é mãe solteira, ele tem um papel muito humano, as opiniões dele são sempre tentando buscar o lado bom em tudo, tanto que ele é o único personagem da série que não trata a Karli como vilã em nenhum momento da série e a construção dele durante a série que leva ele a ser o Capitão América, principalmente no penúltimo episódio, onde mostra o dilema e a decisão dele é espetacular, a cena do treinamento dele é muito boa e quando ele aparece de Capitão América não dá para não se arrepiar, a imponência que ele demonstra vestindo o traje é impressionante, esse cara vai ser um grande Capitão América, disso não tenho dúvidas. O Bucky é mostrado tentando se redimir de tudo que ele fez como Soldado Invernal, que mesmo que ele não tenha feito por vontade própria, ele se sente bastante culpado, ele quer sair dessa visão de ser um assassino e tentar buscar uma nova visão, tanto que o próprio usa um uniforme azul (a cor da esperança), inclusive ele faz amizade com o pai de uma de suas vítimas (e eu demorei seis episódios para entender que ele havia matado o filho do velhinho) e o fato dele ter essa culpa é outro motivo que compõe meu raciocínio do porquê eu prefiro o Sam como Capitão, além de que também agora vemos ele em uma "emancipação" do Steve Rogers e vemos ele mais solto, mas também tentando achar seu lugar no mundo moderno, pois deve ser difícil alguém de 100 anos atrás viver nesse mundo atual e se achar dentro dele. A série tem dois ótimos antagonistas, o John Walker eu acho ele muito bom, porque ele é um homem bom, é casado, tem três medalhas de honra, líder no exército, mas que não tem controle emocional suficiente para ser o Capitão América, isso comprovado em uma cena absolutamente chocante com ele matando um inocente no que ele estava acusando em praça pública à escudadas, manchando o escudo de sangue e fazendo uma simbologia interessante com o símbolo do Capitão América sendo manchado por alguém que não merece e que agora se tornando o Agente Americano, pode trazer muitas coisas interessantes ao MCU. A outra vilã é Karli Morgenthau, a líder dos Apátridas que no segundo episódio, quando eu vi, achava eles completamente loucos, mas vendo o ponto de vista deles, é compreensível o porquê deles estarem fazendo aquilo, o porquê deles lutarem por aquela causa, obviamente eu não concordo com as atitudes dos Apátridas, mas eles não estão tão errados, é igual o Sam diz no último episódio: "vocês poderosos ligam apenas para os seus benefícios e não para o que acontece à população" (ele não fala exatamente assim, mas é nesse nype), a Karli usa a filosofia de os fins justificam os meios e vocês sabem minha opinião sobre essa motivação se leram meu texto sobre "Vingadores: Guerra Infinita" e aqui é um dos exemplos onde é bem apresentado, desenvolvido e finalizado.
A série traz elementos muito interessantes e no final, principalmente, mostram coisas que podem ser muito úteis no futuro do MCU, dentre elas a Sharon que pelo visto se tornará a possível antagonista do "Capitão América 4" agora dando as armas do governo americano nas mãos erradas (ou seja, ela vai cumprir o plano que o Killmonger não conseguiu) e também mostra a Val, a Val que quando apareceu na cena pós-créditos de "Viúva Negra" eu buguei totalmente porque do nada aparece a Julia Louis-Dreyffus de cabelo roxo, mas agora dá para entender, ela vai ser basicamente o Nick Fury reverso, recrutando anti-heróis e que eu tenho 95% de certeza que é ela que vai montar os Thunderbolts do MCU, já recrutou o Agente Americano e a nova Viúva Negra, provavelmente no filme do Homem-Aranha que vai lançar agora ela recruta mais um (Norman Osborn cof cof), eu quero muito ver onde isso vai dar. "Falcão e o Soldado Invernal" para mim está lá encima no ranking do MCU, é uma série excelente, um arco fechado, que não tem muitas enrolações e se mantém bem nivelada ao longo dos episódios. Os personagens são muito bem trabalhados, as cenas de ação são incríveis e é uma experiência que fica completamente imersiva a cada episódio e que trás cinco horas de entretenimento puro, recomendo a vocês assistirem em binge-watching porque é uma experiência de filme mesmo. Incrível, recomendo muito, até agora a melhor série do MCU (tudo bem que eu só vi duas, mas é melhor que a outra).
Nota - 8.0