Crítica - Metal Lords (2022)

É o rock, pô! Não tem jeito. 🤘

Ao longo de toda a história do cinema vimos filmes sobre música e sobre o rock, desde o clássico "Isto É Spinal Tap" (1984) de Rob Reiner, ao lendário "Quase Famosos" (2000) de Cameron Crowe e até ao mais recente "Sing Street - Música e Sonho" (2016), a maioria traz a mesma vibe: um coming of age que tem parte contada através do rock, sempre mostrando uma relação mais aprofundadas dos personagens com a música, mostrando a música enraizada na criação, desenvolvimento e conclusão daqueles personagens dentro dos filmes, aqui não é diferente, vemos o impacto do rock de três formas diferentes em três personagens diferentes, temos Kevin (Jaeden Martell), um rockeiro noob que vira master ao longo da trama, temos Hunter (Adrian Greensmith), um rockeiro radical com direito à um quarto cheio de pôsteres de rock e com direito a frases de efeito que rockeiros (provavelmente) disseram sob efeito de drogas e temos Emily (Isis Hainsworth), que tem o rock enraizado em si durante o filme.

É um filme realmente sobre o rock, pois vivemos em uma era onde o rock vem sendo meio subvalorizado e esquecido, o que ganham as paradas atualmente são artistas mais pops, DJs, rappers e trappers, vemos sempre no topo gente como Ed Sheeran, The Weeknd, Camilla Cabello, Harry Styles e outros, cada vez mais o rock vem sendo deixado de lado pelo grande público, no Rock in Rio de 2022 (vulgo, o ano que estamos no momento desse texto), o único show que ainda não esgotou foi o do Iron Maiden, ou seja, o rock está em momentos difíceis, porém nunca estará derrotado, sabe, esses artistas pops podem ser bons, mas eles são facilmente esquecíveis, daqui há 40 anos lembraremos de poucos deles, mas enquanto ao rock, é tudo inesquecível, até hoje músicas dos Beatles dos anos 60 tem centenas de milhares de visualizações no YouTube, Nirvana está no topo das paradas, Bon Jovi está enraizado na cultura mundial, todo mundo conhece uma música do AC/DC, tem vários tipos de rock que até hoje são amplamente escutados, desde Aerosmith, The Police e The Goo Goo Dolls até Metallica, Black Sabbath e Judas Priest, sabe, o rock é atemporal, é uma cultura passada de pai para filho, é uma coisa que jamais será passageira, até hoje tem músicas de rock dos anos 80/90 beirando um bilhão de visualizações no YouTube, o rock pode viver um momento difícil agora, mas acabado ele jamais estará, essas modinhas no estilo Anitta vão dominar por agora, mas não terão uma longevidade tão gigantesca quanto a do rock e é exatamente sobre isso que o filme fala.

Eu gosto de como o filme trabalha essa carga reacionária do rock ao trabalhar com a rebeldia dos personagens, porque o rock é isso, é desafiar, é ter coragem, é dizer o que ninguém tem coragem de dizer e isso é perfeitamente mostrado através do personagem do Hunter, que é um cara que desafia o sistema, que quebra regras e se sente bem com isso, ele é basicamente a representação de tudo que os rockeiros são, rebeldes, que lutam pelo o que acreditam, o rock é uma causa anarquista e maluca, esse filme passa perfeitamente o que é o rock e mostra o quanto é atemporal, são músicas de quarenta, cinquenta anos atrás que eu sei de cor, esse filme é uma grande homenagem ao rock, tendo referência a várias bandas, como Metallica, Judas Priest, Black Sabbath, Iron Maiden, Kiss, Guns N' Roses, Pantera, dentre outros, para quem é rockeiro, esse filme é um deleite.

Adorei a forma como o filme trabalha os personagens e as relações entre eles, o protagonista, Kevin, é muito bem trabalhado e como ele vai sendo desenvolvido ao longo da trama é incrível, o crescimento dele indo de um cara tímido ao melhor baterista da cidade é muito bom e o Jaeden Martell vai muito bem no que lhe é proposto, ele convence nessa mudança e crescimento do personagem, além da falta de carisma proposital ir virando carisma ao longo da trama e aquela cena dele tendo visões de "anjos e demônios" com lendas do rock é simplesmente genial. Adoro como é trabalhado a amizade dele com o Hunter e o relacionamento dele com a Emily, o Hunter também é um excelente personagem porque é um adolescente totó das idéias que só gosta de rock, ele chega a ser internado por sua loucura pelo rock e é maravilhoso, inclusive eu gosto de como ele é um personagem reacionário mas que é conservador de certa forma (tem cenas com esse fato que são maravilhosas). E a Emily é uma grande personagem, ela tem as loucuras dela, precisa dos remédios, mas quando ela conhece Kevin e o rock, ela muda e vira uma pessoa melhor e a atriz vai muito bem nas cenas onde a personagem sai de si e fica louca e essas cenas tem resultados hilários.

É um filme perfeito? Absolutamente não, tem seus problemas (principalmente de ritmo no último ato), é um filme que peca em desenvolver algumas coisas como a relação de Hunter e seu pai que deixa a desejar e o filme tem uma boa parte do elenco composta por atores horríveis, acho que tirando os três principais, o elenco inteiro é péssimo, mas é um filme tão legal que os problemas acabam sendo anulados por seu valor de entretenimento. "Metal Lords" é um filme incrível sobre amizades, um filme incrível sobre rock, é uma homenagem ao rock, ao metal e prova que o rock é um gênero atemporal, inesquecível e que pode ter uma perna quebrada agora, mas nunca será esquecido. Assistam esse, vale muito a pena, é um baita coming of age.

Nota - 7,5/10

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