Crítica - Cobra Kai (6ª Temporada, 2024-25)
Um final arrepiante e memorável, que nos prova que Cobra Kai nunca morre.
Enfim, chegamos ao final de mais uma série aqui na página, dessa vez uma das que eu mais gosto. Sei que tem muita gente que não curte tanto, pessoal considera novelesco, repetitivo, mas bem, é exatamente isso que eu gosto nessa série, o tanto de reviravoltas e loucuras que eles fazem na trama, além do mais, a parte novelesca é uma parte essencial para o andar da história, a série precisa ter diálogo além das lutas e, bom, se pegar a história de todos os filmes da franquia Karatê Kid (incluindo o do Jackie Chan), sempre teve essa vibe, então está no cerne da franquia, e é por isso que eu acho essa série sensacional. Para mim, a série só foi melhorando temporada a temporada, no último parágrafo farei um ranking, mas a escala que foi tomando foi sensacional, creio que tem coisas que poderiam ter sido diferentes, farei algumas críticas aqui, mas o resultado final como um todo é extremamente satisfatório, especialmente para quem é fã da franquia, é uma série que traz um conforto, uma empolgação e uma emoção que eu não sinto com nada mais além daqui, é um sentimento único, que se agrava devido ao ADM ser faixa preta em Taekwondo e trabalhar com artes marciais (acredito que por essa muitos não esperavam). Mas, como tudo que é bom, precisa chegar ao fim, até porque creio que todas as histórias já foram contadas por aqui, apesar de termos algumas outras histórias que podem ser desenvolvidas no futuro, no entanto, é incrível que eles tenham consigo realmente criar uma saga através disso tudo, que se encerra em um ciclo perfeito, terminando onde tudo deveria.
Na sexta temporada, os ânimos mudam quando os dojos se preparam para o Sekai Taikai, o torneio mundial de karatê. Com a queda do Cobra Kai, ocasionada no final da quinta temporada, agora Daniel (Ralph Macchio) e Johnny (William Zabka) tem que preparar o Miyagi-Do e seus alunos para o torneio, indo com a equipe formada por Robby (Tanner Buchanan), Samantha (Mary Mouser), Miguel (Xolo Mariduena), Falcão (Jacob Bertrand), Demetri (Gianni DeCenzo), Devon (Oona O'Brien) e Kenny (Dallas Dupree Young). Porém, Tory (Peyton List), que estava com seus amigos no dojo Miyagi, acaba sendo convencida por Kreese (Martin Kove) a se unir ao seu novo Cobra Kai, situado com os alunos da Coreia do Sul de seu mestre Kim Sun-Yung (C. S. Lee) e sua neta Kim Da-eun (Alicia Hannah-Kim). No Mundial, as equipes enfrentam adversidades, com o irritante aluno de Kreese, Kwon Jae-sung (Brandon H. Lee), botando terror no Miyagi-Do, e com a atual equipe campeã, os Iron Dragons, de Hong Kong, com alunos do mundo todo, liderados pelo Sensei Wolf (Lewis Tan). Cara, é muita coisa que eu omiti por conta de spoilers, porque de fato muita coisa acontece nessa série, não dá para pular, todo episódio praticamente tem uma nova informação importante para a trama, independente do capítulo ser bom ou não.
Eu já começo dizendo que eu sou contra essa divisão em três partes, pois isso gerou não só uma ânsia devido a demora desnecessária de meses por outra parte, como ainda conseguiu criar uma sequência de vazamentos inacreditáveis, a ponto de vazarem vídeos com todos os momentos chave da trama quatro dias antes da estreia, então foi um vacilo tremendo. Vacilo assim como foi a primeira parte dessa temporada, porque foi um saco. Basicamente, pegaram tudo que foi construído na temporada anterior e jogaram no lixo, trazendo de volta as intrigas que já haviam passado entre Daniel e Johnny, além de Samantha e Tory, e outros empecilhos criados desnecessariamente, como rachas nos relacionamentos de Falcão e Demetri, além dos três primeiros episódios dessa temporada não servirem para absolutamente nada, serem pura enrolação que nada acontece. O primeiro só serve para descobrirmos que o dojo irá realmente se chamar Miyagi-Do no torneio, o segundo é para mostrar o Kreese conquistando seus alunos na Coreia, e o terceiro só para introduzir a trama do passado do Sr. Miyagi e dizer quantos alunos poderiam ir ao torneio, e apresentando o Cobra Kai da Coreia, que foi a melhor parte do episódio. O início da trama, de fato, vem no quarto episódio. Esses três primeiros episódios poderiam ser usados para outros arcos de luta, talvez colocar os personagens para lutar uma seletiva com outros dojos para representar os EUA no torneio, mas ok, pois o que vem na sequência compensa.
O quarto episódio eu não curto muito porque há muita cagação de regra, há literalmente a cagada do Kenny, que foi um artifício muito infantil para tirar ele do torneio, e ainda há a inexplicável e intakável vitória do Demetri sobre o Falcão, que acaba que é um fim triste para o que era um dos melhores personagens da série, ele termina sendo relegado de um dos protagonistas para um coadjuvante qualquer no nível de Kenny e Devon, e para mim isso foi um dos maiores erros, talvez o maior erro da temporada (talvez não, foi o maior sim, não consigo pensar em outro tão prejudicial para a série como um todo, pelo menos fizeram uma pequena redenção dele em alguns confrontos em Barcelona). Mas, a partir do episódio cinco, as coisas voltam aos trilhos que deveriam, já que temos dali para frente o que essa série tem de melhor a oferecer: arco do torneio. Toda essa jornada e desenvolvimento desses personagens durante os episódios até culminarem em seu final lá na terceira parte é sensacional. Acho que ainda no meio ainda tem uma coisa ou outra que dá uma sensação mais para baixo, tem algumas coisas que eu não curti, creio eu que falta impacto em algumas coisas e certos personagens deveriam ter aparecido mais, especialmente o que eu já falei tanto do Falcão, mas não só ele, acho que a Devon poderia ter tido mais participação nessa reta final, o Kenny, personagens que foram importantes até nas partes 1 e 2 e terminaram com pouco na parte 3, apesar de que eu imagino o porquê desses dois, especificamente, terem terminado assim (cof cof spin-off cof cof).
O arco de torneio para mim é a melhor coisa da série, foi o melhor momento da primeira temporada, o grande objetivo e ápice da quarta, e tudo que envolve a competição nos tatames se torna a melhor coisa das temporadas em que acontece. Melhor do que isso, dentro do seriado, só há uma coisa: as lutas, especialmente as grandes batalhas que acontecem entre os personagens. Tivemos na segunda temporada a memorável e insana briga da escola, teve a batalha da mansão na terceira e a grandiosa luta pela queda do Silver na quinta temporada, mas, aqui mesclaram tudo e fizeram uma grande batalha dentro do torneio, e isso foi sensacional. Acho que a run da segunda parte é a melhor sequência de episódios seguidos que a série entregou, em consistência narrativa e questão de ser épico, tivemos grandes momentos e muitos memoráveis. Essa jornada de Barcelona, primeiro que só se passar em Barcelona já é uma insanidade, agora pegar tudo isso e fazer do jeito que eles fazem, explorando mais os personagens, resolvendo todos os arcos e todas as pequenas intrigas para entregar esse pessoal pronto para a parte três e tocar a história por ela mesma, termina que gera ótimos resultados. Todas aquelas coisas ruins que aconteceram na parte 1 se redimiram, a relação entre Daniel e Johnny se fortaleceu com seu equilíbrio e o entendimento de que o diferente é uma qualidade. A intriga entre Falcão e Demetri sendo perdoada, Devon se responsabilizando pelo Kenny, Miguel e Robby saindo de mais uma intriga (essa aqui pelo menos é justificável voltar) para estabelecerem sua relação de melhores amigos e de irmãos. Tudo que esses personagens passaram foi compensado por aqui.
E a parte 2 teve seus momentos épicos, como o retorno de Terry Silver (Thomas Ian Griffith), voltando do mesmo jeito que ele apareceu pela primeira vez lá no terceiro filme, na banheira, aqui temos seu retorno após sua queda na temporada anterior, e a cena, suas motivações e suas ações, especialmente quando você descobre o background no episódio 11, não tem como não ficar maravilhado com o grande vilão que essa série trabalhou, o melhor vilão do seriado e da franquia. As modalidades desse torneio também foram muito bem mostradas, muito bem escolhidas, é muito massa ver os personagens passando por coisas diferentes e tendo que se provar a nível internacional. A prova da plataforma, culminando no Miguel lutando contra dois sozinho e ganhando, aquela cena é espetacular, é um dos grandes momentos de um dos protagonistas na série. Tem o 6x6, várias lutas bem legais, incluindo o Kenny colocando o nosso dojo brasileiro Redentores para mamar (mas também, os brasileiros tavam literalmente lutando capoeira no bagulho, mereceram perder). Mas, nessa aí, o grande destaque é Miyagi-Do contra Cobra Kai coreano, que é o grande momento do Robby na série, a luta que ele tem ao final pelo ponto decisivo contra o Kwon é excelente, uma das melhores coreografias de luta de torneio na série, considero até que seja a melhor, a conclusão dessa luta é sensacional e foi um dos grandes momentos do personagem. E a batalha dos dojos no final, aquela loucura descontrolada, dezenas de lutadores lutando ao mesmo tempo, uma coreografia sensacional e grandes confrontos rolando, com literalmente todos os personagens principais tendo seu grande momento para brilhar ali (até o Demetri), foi um deleite de se ver. No entanto, a batalha não acaba bem, e Cobra Kai pela primeira vez teve culhão para matar um personagem em cena, de forma brutal, mas já falo mais disso aí.
A parte 3 eu já considero uma run mais fraca, mas por conta que há uma pausa meio apressada no episódio 11, que acaba abaixo dos quatro capítulos seguintes e dá uma baixada na magia que rolou em Barcelona, o que é até correto, já que um adolescente morreu por lá, mas creio que essa vibe acaba que dá uma baixada no que vemos. No entanto, depois começamos a ter a conclusão final dos grandes personagens da série, especialmente o Johnny, afinal, a história é dele, sempre foi dele, e nada mais justo que usar esses episódios finais para trabalhar o arco dele e encerrar sua jornada de uma forma insana, digna e do jeito que merecia acabar. Sem contar a continuação do arco do torneio, que termina onde tudo começou: no All-Valley. É muito arrepiante ver as lutas finais rolando onde a largada foi dada há 41 anos atrás, agora vendo os alunos de Johnny e Daniel dando um fim a tudo isso, e o próprio Johnny. Eu gostei muito da retomada do Cobra Kai da primeira temporada, fazendo dele o que Johnny teria feito se o Kreese nunca tivesse aparecido, criando um estilo novo e exclusivo. Ver ele, Miguel e Tory no kimono clássico do Cobra Kai, conquistando o que é deles, com o que é deles por direito, é arrepiante, é o encerramento perfeito para o ciclo. Fico triste pelo Robby, acabou que terminou sem ele ganhar nada, porém, o final dele ainda foi digno, conseguiram contornar sem que parecesse injusto com ele, já falo mais disso também. Agora, a luta final do Johnny é o que é a série, é um ciclo, que nem sempre precisa ser perfeito. Johnny, voltando ao mesmo lugar onde fracassou, agora elevando sua vida a outro patamar: casado, com sua relação reatada com Robby, seu papel paterno para Miguel, com uma filha recém-nascida, sua amizade e parceria com Daniel, transformando seu rival no seu melhor amigo e todos os frutos de sua queda em sua glória, é poético, é bonito de se ver.
Geralmente, começo falando sobre os protagonistas, mas aqui vai ser o contrário, pois quero ir me livrando de pouco em pouco dos secundários. Começando pelos dois atuais campeões mundiais, as grandes ameaças aos nossos protagonistas no torneio, Axel (Patrick Luwis) e Zara (Rayna Valladingham), que cumpriram sua função na temporada: serem irritantes, invencíveis e ameaçadores. Axel é um tanque de guerra, um artista marcial monstruoso, feito em laboratório, invencível, parecia impossível derrotá-lo. Ele cria uma relação de ilusão com a Samantha, que conversa com ele na boa e ele fica apaixonado por nada, o que me fez ter pena dele, já que ele ficou gamado na menina por ela ser minimamente gentil com ele, mostrando que ele não está acostumado com isso, e estabelece uma boa rivalidade com Miguel, que se alastra melhor pela parte três, ao não só ter a paixonite pela namorada dele, como ainda ter quebrado o joelho do Robby. E Zara, bom, ela é a influencer, a lutadora mais bonita e famosa do mundo e que acaba sendo a grande rival da Tory na temporada. Bom, não me surpreendeu quando ao final Samantha decide não lutar para dar a vaga para Tory direto na final, já que pela construção dessa dualidade entre ela e a campeã, além do histórico de ataques de ansiedade que a Sam teve durante as outras temporadas, acabou que culminou em algo talvez não ideal, mas que foi extremamente coerente com que a série apresentou. E a Zara ela tem toda essa vibe de menina má, adolescente prepotente e que não só é habilidosa e talentosa, mas que ainda consegue entrar na mente de suas adversárias.
Eles foram liderados pelo Sensei Wolf, interpretado por Lewis Tan, o famoso Cole Young do terrível "Mortal Kombat" (2021). Primeiro que é legal ver um cara que realmente manja das artes marciais na série interpretando um sensei e campeão mundial (a atriz da Zara e o ator do Kwon também , ambos são faixas pretas quarto Dan em Taekwondo), e o Lewis Tan entrega um bom antagonista, já que ele sabe bem o que é estar para baixo, estar falido, ele sabe o que é sobreviver, mas ele sabe o que tem de ser feito para o sucesso de seus alunos, apesar de usar a abusar de métodos piores que o do próprio Kreese. Ele cria uma boa dualidade com Johnny, justamente por ser uma versão dele mais jovem, atlética e com mais sucesso, ele foi praticamente o Johnny que deu certo, mas que também acabou falhando em algum ponto do percurso. Outro bom vilão é John Kreese, que finalmente teve seu arco encerrado. Kreese aqui tem todos os seus objetivos sendo os mesmos: querer mostrar seu método sendo o certo para o mundo e acabar de vez por todas provando que o Cobra Kai nunca morre. O problema é que, aqui finalmente temos ele tendo noção de suas ações, colocando a filosofia de "sem compaixão" na mente de um jovem problemático e raivoso, culminando em sua morte. Ver esse arco do Kreese tendo finalmente um aprendizado, que seus ideais nem sempre foram corretos e se redimindo com Johnny, num dos momentos mais emocionantes do show, é impactante. Já falei anteriormente do Silver, mas o desfecho que dão a esses dois personagens, terminando seu arco os matando do mesmo jeito que viveram a vida: lutando, era o ideal e é o desfecho mais perfeito que esses dois poderiam ter.
Mas, do Cobra Kai coreano, ainda é preciso falar sobre a sensei Kim Da-eun, que é uma personagem que cresceu bastante nessa temporada. Na última eu achei ela bem avulsa, serviu para o arco da Tory, mas era muito inodora, e aqui existe um crescimento, você passa a sentir algo por ela, passando de pena pela forma que ela era tratada pelo avô, por um "ok, ela é legal" e terminando com uma apreciação pela maneira como ela encerra seu arco. Mas, o grande trunfo foi terem juntado ela com o Chozen, criando um bom casal, com uma química bem definida e inesperada, mas que deu certo no final. Outro personagem coreano que foi maravilhoso foi o nosso querido Kwon, que foi um ótimo antagonista. Ele cumpriu bem o papel de pedra no sapato dos protagonistas, sempre aparecendo para se achar, se colocar numa posição superior, irritar e entrar na cabeça do Miyagi-Do, especialmente do Robby. Assim como a temporada desenhou a rivalidade de Tory e Zara, foi assim com Robby e Kwon, os dois foram rivais e construíram bem essa rivalidade, criando momentos apoteóticos com esses dois em vários momentos. A morte dele foi um ato de coragem por parte do pessoal criativo da série, já que matar um personagem em tela nunca havia acontecido, apenas dois personagens antes dele haviam batido as botas e ambos por doenças (o amigo do Johnny e a mãe da Tory) e o momento dele morto, sendo atingido por ele mesmo no coração por acidente, da mesma forma que ele respondeu ao Kreese como se derrotava um inimigo com mais coração, é bizarramente poético.
Já partindo para personagens mais principais, gostaria de passar rápido pelo Chozen, que foi bem nessa temporada, não tão bem quanto na quinta, mas que gerou ótimos momentos, boas cenas e ele tem muito carisma. A Amanda (Courtney Henggeler), que consegue cumprir bem o papel de ser um apoio emocional e uma voz da razão para o Daniel. A Devon tem uma jornada um tanto quanto conturbada, ela começa sendo uma quase filha de Johnny, passa por ela trapaceando, apanhando no torneio e se redimindo ao final com seu pedido de desculpas ao Kenny, e o arco dela se encerra por ali, apenas mostrando que ela está treinando e virou faixa preta de Johnny e Daniel. Assim como Kenny, que teve um bom arco nas duas primeiras partes, teve sua redenção indo para o Miyagi-Do, teve sua humilhação, a negação e terminou sendo fundamental para a continuidade do Miyagi-Do no torneio, tendo o encerramento de seu arco ao derrotar os brasileiros no mundial, mostrando que ele não precisa se provar para mais ninguém, e que assim como Devon, ao final mostra que ele virou faixa preta e que tem mais coisas a entregar no futuro. Outro que eu gostaria de falar é o Sr. Miyagi, que aparece reconstruído digitalmente duas vezes na temporada e isso seria algo ruim se não ajudasse a trama a andar, acaba que tem realmente impacto no arco do Daniel, e a forma como é utilizado não é ruim, já que apenas vemos ele duas vezes em sequências de sonho, sendo que na maior parte é um dublê de corpo, então não soa desrespeitoso, tem aval da família do ator. Porém, o CGI dele é uma das coisas mais horríveis que eu já vi na vida. Quando tá parado, ok, passa, mas quando ele fala, sendo que o rosto dele só aparece estático, é muito ruim.
O Demetri era um personagem que eu sempre gostei, apesar de ser um nerdão, ele era engraçado, as falas dele eram num timing muito bem encaixado, mas nessa temporada ele é indefensável. Ele começa insuportável falando de MIT, fica falando dessa bosta dessa faculdade a cada oportunidade que teve e ainda culpando o Falcão por não querer seguir o mesmo caminho que ele. De quebra, ainda traiu a confiança do melhor amigo trapaceando na luta pelas vagas do torneio, atrapalhou o dojo durante todo o Sekai Taikai, traiu a namorada (sendo que olha a lata desse arrombado), derrubou um colega de equipe na plataforma, acusou o Kenny de ser X9 e não fez um mísero ponto no torneio, ainda ficava desmotivando a equipe, que vacilo que fizeram com ele aqui, colocaram um personagem que era um bom coadjuvante para ter destaque demais e acabou que destruiu o fã clube de 10 pessoas dele. O Falcão acho que já falei bastante sobre, muito triste o que fizeram com ele, esse rebaixamento dele, como transformaram um campeão do torneio e um dos personagens que mais evoluiu em alguém secundário nessa temporada foi muito decepcionante. No entanto, há a esperança de rumores que relatam um possível spin-off dele na faculdade, então talvez ali haja algo a ser apresentado e eles estavam apenas segurando, vamos esperar.
A Samantha tem um desfecho muito satisfatório por tudo que foi apresentado dela na série. Ela apresentou questões de ansiedade desde a terceira temporada, não conseguindo lidar bem com traumas, com a pressão de ser filha do Daniel, e terminou desistindo de lutar, pois já não era mais o que ela era e o que ela representava, o que é justo com a Tory, que não tinha nada, diferente dela. Além de terminar bem num relacionamento com o Miguel e indo para Okinawa, buscar a liberdade que ela tanto quis e trilhar o próprio caminho, foi um belo encerramento para a personagem, extremamente coerente. E a Tory foi outra muito coerente para tudo que foi apresentado na série, ela que passou por vários problemas, enfrentou vários dilemas, teve que lidar com assédio, com traição, com abandono, com a morte de sua mãe, encerrou sua trajetória de forma maravilhosa, não só sendo campeã mundial de karatê, como ainda tendo a oportunidade de seguir a vida no esporte, trilhando uma carreira no que ela é realmente boa. Ela não tinha chance de entrar em faculdade ou emprego devido a ficha criminal e acabou que a série deu a melhor solução e a mais justa para ela, a transformando na nova rainha do karatê.
Robby, o personagem que mais evoluiu durante a série, acabou tendo um final inglório, sem sua grande vitória, sem seu troféu, mas, a maneira que foi feito, foi muito digna de tudo que ele passou. Ele teve grandes momentos na temporada, derrotou o Miguel de forma justa na luta pela capitania, destroçou o Kwon duas vezes em Barcelona e foi um bom líder no torneio apesar das adversidades. Ele me deu muita raiva também ao ficar desfocando o tempo inteiro durante as lutas, mas teve uma ótima redenção e gerou um baita entretenimento. Ele lutou de igual para igual com Axel na semifinal, que infelizmente gerou sua lesão no joelho, causada propositalmente pelo adversário, e o custou o título. Porém, encerraram bem dando a ele a mesma oportunidade da Tory, criando esse casal estrela do karatê e dando a ele a oportunidade de seguir a carreira naquilo que ele gosta e que é a única coisa que ele tem, com o bônus de continuar com sua amada. Eles poderiam dar a sensação agridoce do final do Robby, mas contornaram isso muito bem ao mostrar um diálogo dele com Johnny após a lesão, denotando o quão ele evoluiu e como o resultado não importa, na vida ele já conseguiu suas grandes vitórias. Ele foi protagonista de uma das cenas que mais me impactou, que foi a cena do vestiário, onde ele eleva a moral do Miyagi-Do na parte 2 e prova o quão líder ele é, além dessa cena estabelecer toda aquela galera se assumindo como uma família, o que é muito reconfortante ver todos juntos e unidos depois de seis temporadas, é uma recompensa ao fã da série.
Bora falar sobre Miguel, El Serpiente, campeão mundial de karatê pelo Cobra Kai. Primeiro que foi muito Rocky ele ir para final buscar vingança pelo Robby, ainda mais indo contra um maluco que parece um monstro feito de aço e inexpressivo, assim como Drago. O arco dele tem muito a ver com a faculdade, com ele querer crescer na vida e ter sua jornada no karatê, não encerrada, mas pausada para ele conseguir realizar seus objetivos fora das artes marciais. Acaba que ele é o melhor lutador da temporada, conquistando vários pontos para o Miyagi-Do em Barcelona, ganhando um 2x1 na moleza contra o dojo irlandês na plataforma, fazendo um dos pontos contra o Cobra Kai coreano e extracampo sendo fundamental para ajudar o pessoal a se motivar, especialmente o Robby a se ver na função de líder. Ver ele voltando ao Cobra Kai com Johnny, indo vingar seu melhor amigo e ganhando o título por seu sensei é muito arrepiante, é um momento de ciclo completo encerrado de maneira perfeita, terminando com ele campeão mundial na última temporada onde ele foi campeão regional na primeira, com o mesmo kimono, representando a mesma coisa de jeito diferente. Toda essa evolução, de queda, de recuperação, de aceitação, de crescimento, se consolida no final com seu título, merecido por tudo que ele fez em toda a série. Além do que, por mais que o Robby merecesse o troféu, quem deveria derrotar o Axel era Miguel, o cara deu encima da namorada dele e ainda o tratou como um inimigo o torneio inteiro, tinha que ser desse jeito.
Agora, partindo para o motivo de todos termos começado a acompanhar a franquia, precisamos falar de Johnny e Daniel. Começando pelo Daniel, nosso protagonista original, que termina a série num ponto muito diferente de onde iniciou. Ele era chato, cabeça-dura e um papel de antagonismo muito claro, ele sempre teve muita dificuldade de aceitar as coisas desde os filmes. Nessa temporada, ele volta a ser assim, praticamente um desserviço ao personagem, por todo desenvolvimento e arco que ele vinha passando ao longo das temporadas, ainda vem toda uma trama chata dele descobrindo o passado do Sr. Miyagi que não mudaria em nada a série se não tivesse, literalmente em nada, só serviu para encher o saco e trazer mais uma das peripécias do Terry Silver. Mas, na terceira parte, há uma redenção e conseguimos ver o arco dele se encerrando do jeito que era para ser, aprendendo que o jeito dele não é o único correto, que existe o verdadeiro equilíbrio que ele sempre foi ensinado a aprender no Miyagi-Do. A amizade dele com o Johnny é sensacional, a interação dos dois novamente precisa ser ressaltada, pois eles conseguem trazer como tudo foi superado e como eles sairam de rivais para parceiros, é muito massa passar por toda essa jornada e ver como terminou essa dualidade entre eles.
E o Johnny, para encerrar esse texto, que personagem que a série construiu. Ele é o personagem mais constante da série, pois ele sempre foi do jeito que começou, esse jeito mais abobado, que vive no passado, que não entende a modernidade, mas que foi evoluindo bastante durante a série, deixando seus preconceitos de lado, descobrindo a diferença entre compaixão e honra, percebendo a necessidade do equilíbrio e terminando num ponto totalmente diferente do qual iniciou, pois de cara no primeiro episódio, intitulado "Degenerado", vemos que ele era sozinho, um vagabundo, sem rumo, sem relação com seu filho, sem esposa, num emprego ruim e que só gostava de encher a cara. No último episódio, chamado "Ex-Degenerado" ele termina casado com uma mulher que ele ama, tendo sua relação mais forte que nunca com seu filho, tendo outro filho que ele acolheu no caminho e mais uma filha recém-nascida, que é sua chance de redenção. Seu rival, seu motivo de trauma, tornou-se seu melhor amigo e seu sensei, e ainda por cima, ele terminou fazendo aquilo que ele mais gosta: ensinando, sendo dono de seu próprio dojo. Que baita jornada, que baita ator que é William Zabka, que é disparado o melhor da série e nessa parte três ele foi supremo, só cenas espetaculares, que encerraram com primor a jornada de Johnny Lawrence.
Ao invés de fazer o resumo que sempre faço da minha opinião, este texto encerrarei com uma declaração. "Cobra Kai" é uma das minhas séries favoritas. É brega? Sim. Clichê? Nem tanto. Novelesco? Muito. Mas confesso que é uma das séries que mais me empolgou, pois a simplicidade disso aqui, seus personagens, seu universo e sua vibe são o que a tornam especial. Quem acompanha a página sabe que eu sou fã incondicional, eu cresci com esse universo na infância, fui agraciado com a série na adolescência e agora na vida de jovem adulto. Ver o encerramento disso, depois de seis temporadas, sete anos, com os personagens que eu aprendi amar tendo uma conclusão que eles merecem e que faz sentido com tudo que a franquia apresentou é especial. Não me sinto me despedindo de personagens fictícios, acompanhei eles por tanto tempo que sinto me despedindo dos meus amigos, é uma das minhas séries conforto finalmente tendo seu final, sua história encerrada, é como se um ciclo da minha vida se encerrasse junto. Sentirei falta de esperar até as cinco da manhã por uma nova temporada, de vibrar e me arrepiar pelo o que esses personagens faziam em tela, de me sentir parte daquela galera, de me envolver tanto nessa história. Pode ter chegado ao seu fim, mas o sentimento é imortal, até porque, afinal, como sabemos, Cobra Kai nunca morre.
Nota - 8,5/10
Nota por episódio:
Parte 1:
6x1: "Peacetime in the Valley" - 5,5/10
6x2: "The Prize" - 5,0/10
6x3: "Sleeper" - 6,5/10
6x4: "Underdogs" - 6,0/10
6x5: "Best of the Best" - 8,5/10
Parte 2:
6x6: "Benviguts a Barcelona" - 8,0/10
6x7: "Dog in the Fight" - 9,0/10
6x8: "Snakes on a Plane" - 9,0/10
6x9: "Blood In Blood Out" - 9,5/10
6x10: "Eunjangdo" - 10/10
Parte 3:
6x11: "Into the Fire" - 7,5/10
6x12: "Rattled" - 8,5/10
6x13: "Skeletons" - 10/10
6x14: "Strike Last" - 10/10
6x15: "Ex Degenerate" - 10/10