Crítica - Os Mercenários 4 (Expend4bles, 2023)

Chamar isso de filme de ação é uma ofensa ao gênero.

🚨 Texto com spoilers 🚨

Os Mercenários, aquela franquia que não faz o mínimo sentido, é apenas um compilado de explosões, músculos, testosterona e frases de efeito, mas para quem é fã do gênero é um prato cheio, ainda mais por reunir ícones do gênero, como Sylvester Stallone (basicamente o dono da série), Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis, que são os GOATs da ação, mas além deles nos anteriores ainda tem o Jason Statham como um dos protagonistas, o Dolph Lundgren, Terry Crews, Jet Li, Mickey Rourke, Randy Coutore, Chuck Norris (a lenda), Jean-Claude Van Damme, Scott Adkins, Wesley Snipes, Antonio Banderas, Kelsey Grammer, Mel Gibson e até o Harrison Ford. Nisso, depois de três longas com elencos recheadíssimos de estrelas, a franquia retorna com menos gente, mas com um alto orçamento de U$100 milhões. Do elenco original, estão de volta apenas Stallone, Statham, Coutore e Lundgren, que contam com a adição de Megan Fox, 50 Cent (sim, ele mesmo), Andy Garcia e Iko Uwais. No entanto, o que acabamos encontrando é um prato cheio de bosta, é um troço inacreditavelmente ruim, é mal feito, montado com o editor batendo a cabeça no teclado, tela verde mais falsa que eu vi no cinema em todos os tempos e me deu vontade de pegar um lápis e enfiar no buraco do meu pênis, seria menos doloroso do que assistir isso.

Um aviso que nesse segundo parágrafo que eu sempre apresento a sinopse do filme pode conter spoilers, mas tudo isso que direi acontece em questão de meia-hora no longa. Após uma missão na Líbia que culmina na morte de Barney Ross (Sylvester Stallone), Lee (Jason Statham) agora se vê na posição de líder do grupo. Porém, quando os Mercenários são enviados em uma missão por Marsh (Andy Garcia) para impedir uma possível Terceira Guerra Mundial, a equipe tem de se virar e descobrir um X-9 infiltrado, nisso, vemos o time, formado por Gina (Megan Fox), Easy Day (Curtis "50 Cent" Jackson), Gunner (Dolph Lundgren), Toll Road (Randy Coutore), Galan (Jacob Scipio), Lash (Levy Tran) e Decha (Tony Jaa) precisando se virar enquanto tem de enfrentar o vilão Suarto Rahmat (Iko Uwais), que é apenas um segundo-no-comando para uma ameaça maior. Quem dirige é Scott Waugh, e esse cara conseguiu um feito impressionante, já que ele também fez "Projeto Extração" (2023) que lançou na Netflix alguns meses atrás, que, até assistir este filme, era o pior do ano, então o cara teve a conquista de fazer, na minha opinião, os dois piores longas de ação de 2023 até o momento, o que é inédito, tem de ser muito ruim e incompetente para conseguir tamanha conquista, porque consegue ser pior que o outro, é de ficar assustado com tamanha ruindade.

No Festival de Toronto, o Stallone estava falando sobre seu documentário e acabou falando que na época dele os atores tinham mais trabalho nos filmes de ação, que não precisavam de uma tela verde para trazer as histórias de grandes personagens. Porém, acaba sendo uma contradição, pois o que mais tem aqui é o maldito chroma key, e devo dizer, é o pior trabalho de chroma que eu já vi na minha vida, tem edições melhores no TikTok, no Reels do Instagram, se bobear até naquele site de vidros, porque que troço horroroso, não há polimento, não tem preocupação nenhuma em tentar deixar no mínimo visualmente coerente, é feio, parece que foi feito no Paint 3D e ainda contém uma paleta de cores péssima que não encaixa, é azul, amarelo, marrom e preto no mesmo plano, cada um com um tom totalmente diferente. As cenas de ação, que deveriam ser o principal chamariz da obra, acabam sendo o seu grande problema, porque virou Tramontina, são cem cortes por segundo, parece o clipe de "Timber" do Pitbull, é um corte abrupto por segundo, o que acaba tirando a naturalidade das cenas, deixando tudo extremamente artificial e agoniante de assistir, especialmente no mesmo ano que tivemos excelentes obras do gênero, como "John Wick 4: Baba Yaga", "Resgate 2" e "Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte Um", acaba sendo não só triste, como humilhante.

Sobre a história, é óbvio que não ia ter nada de grandioso, é sobre brucutu dando tiro, contudo, tem uma trama previsível e mal feita, porque eles tentam ser imprevisíveis mas resulta em algo que é complicado de assistir. Eles tentam fazer algo meio "whodunnit", de tentar descobrir quem é o X-9, só que assim que você bate o olho nos personagens principais, é justamente quem você mais desconfia que é: o engravatado do governo. É isso, não tem mistério algum, não tem suspense, é de fácil adivinhação e culmina em uma aberração cinematográfica, que já é ruim visualmente e a história piora. Também há uma morte no longa, mas, sabendo do ego do ator, era óbvio que ele iria fazer uma volta "surpreendente" num Deus Ex Machina absurdamente exagerado. Para complementar a ruindade, ainda tem uma cena explicando como o cara escapou da morte e retornou, é incrível, no sentido pejorativo, não dá para crer que alguém viu isso e disse: "Tá bom, pode lançar". São CEM MILHÕES DE ORÇAMENTO, para onde foi tudo isso?  Lavagem de dinheiro? Ou enfiaram no orifício anal do Scott Waugh? Ou deram pro Jason Statham cortar o cabelo?

Outro ponto deprimente acaba sendo o elenco, o que os caras fazem com os atores é inacreditável. O Stallone é. resumido a falas que lembram sua velhice e cara de velho com botox com aquela preguiça que ele demonstra há algum tempo, coitado dele, uma lenda do gênero precisando passar por isso. O Jason Statham é inacreditável, que performance horrorosa, zero carisma e zero imponência de protagonista para carregar uma franquia famosa,  ele tem bons papéis, como o Shaw no Velozes e Furiosos que eu gosto, mas eu acho que ele tá no estilo errado de filme, se ele fizer um drama de Oscar é capaz dele se sair melhor do que nesses filminho de tiro, porque ele é carismático, mas infelizmente faz tempo que não funciona mais, ele só continua sendo brabo porque é careca. A Megan Fox então é pior, porque ela tem apenas um sex appeal batido e pelos figurinos fica nítido sua escalação por ser gostosa. Piora quando forçam um casal entre ela e o Statham, que facilmente tem a pior química do ano, até o filme sobre relacionamento abusivo que eu fiz crítica semana passada tinha um casal mais agradável (para ver o nível). E tem dois que conseguem ir pior, o 50 Cent é subjugado a um alívio cômico sem graça, onde vivem fazendo piada com ele da vida real, falando sobre tiro na cara e até tocando "P. I. M. P" de forma completamente abrupta. E o Dolph Lundgren parece que tá atuando com uma mira de sniper na testa, o que fazem com o personagem dele é um desrespeito ao que ele construiu no cinema de ação,  transformaram ele num otário sentimentalista e existencialista, tentando tratar como algo engraçado, mas não tem graça, não tem um pingo de esforço em ser engraçado, é só triste.

Em "Os Mercenários 4" encontramos um dos piores filmes de ação do ano, da década, do século e talvez da história do cinema. É inacreditável, eu nem sei quantas vezes essa palavra foi dita nesse texto, mas não tem outra expressão para resumir. São U$100 milhões gastos para sair isso, é o mesmo que gastou os já citados John Wick 4 e Resgate 2, agora faz uma comparação desses dois que tem mais de duas horas com esse de uma hora e meia, é abismal, celestial. É um desrespeito ao Stallone, ao Jason Statham, ao Dolph Lundgren, ao 50 Cent, ao Andy García, ao Iko Uwais (o protagonista do filme com as melhores cenas de porrada do século) e com a Megan Fox, gastaram tanto no elenco que esqueceram de direção e roteiro minimamente decente para gerar pelo menos um pouco de valor de entretenimento, mermão não tem nada que se salve, é tudo horroroso, atuação, direção, roteiro, trilha sonora, efeitos especiais, fotografia, figurino, cenografia, TUDO. Perca de tempo completa, é vergonhoso.

Nota - 0,0/10

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